BARRY LYNDON, de
Stanley Kubrick (1975)
Ler no "AbrilAbril" um
belíssimo artigo sobre este filme, a que pouco poderei acrescentar.
Só duas ou três coisas que gostaria
em todo caso de referir a propósito desta obra que, a quando da estreia, a
crítica mais conservadora desprezou. Agora já lhes falta a coragem para isso...
1-Os grandes actores, dos principais
aos secundários, incluindo quem tenha vindo de filmes do famoso grupo de
rebeldes contra o "establishment", os Angry Men, e o enorme prazer
que nos dá assistir à sua representação.
2-A admirável cena do derradeiro
duelo, em que à grandeza do gesto de Barry, perdoando a vida ao adversário,
responde o aristocrata com o ódio frio dessa gente, com o seu ódio de classe
que infelizmente conhecemos tão bem. E o que tem sido quase sempre o papel da
Igreja (ou das igrejas) na luta de classes, sempre do lado dos poderosos,
movimentando-se na sombra e influenciando, não é esquecido...
3-No final Barry é banido de
Inglaterra e, dizem-lhe, que "vá viver para o estrangeiro!". E o
estrangeiro para eles é a Irlanda que depois, a ferro e fogo, tentaram evitar
(e em parte conseguiram) que se pudesse libertar e se tornasse independente...
4-Finalmente, quando a bela, mas
quase destruída, lady Lyndon assina o documento da pensão a Barry, concedida a
troco do afastamento deste, a data no documento é 1789, ano em que, do outro
lado do canal, se daria a Tomada da Bastilha e a Revolução Francesa avançaria
com a burguesia, com o apoio popular, a derrotar a aristocracia, e a monarquia
a ser derrotada. O que ainda não aconteceu na Inglaterra e países que domina
(Escócia e Gales) mas aconteceu na República da Irlanda!
5-Tudo o que este grande mestre da
Sétima Arte fez não é por acaso e este filme é nesse aspecto admirável,
constituindo uma extraordinária Obra-Prima!
Egas Branco
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