quinta-feira, 10 de novembro de 2016

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - Agora com textos de Egas Branco

           BARRY LYNDON, de Stanley Kubrick (1975)

Ler no "AbrilAbril" um belíssimo artigo sobre este filme, a que pouco poderei acrescentar. 
 Só duas ou três coisas que gostaria em todo caso de referir a propósito desta obra que, a quando da estreia, a crítica mais conservadora desprezou. Agora já lhes falta a coragem para isso...
1-Os grandes actores, dos principais aos secundários, incluindo quem tenha vindo de filmes do famoso grupo de rebeldes contra o "establishment", os Angry Men, e o enorme prazer que nos dá assistir à sua representação. 
2-A admirável cena do derradeiro duelo, em que à grandeza do gesto de Barry, perdoando a vida ao adversário, responde o aristocrata com o ódio frio dessa gente, com o seu ódio de classe que infelizmente conhecemos tão bem. E o que tem sido quase sempre o papel da Igreja (ou das igrejas) na luta de classes, sempre do lado dos poderosos, movimentando-se na sombra e influenciando, não é esquecido...
 3-No final Barry é banido de Inglaterra e, dizem-lhe, que "vá viver para o estrangeiro!". E o estrangeiro para eles é a Irlanda que depois, a ferro e fogo, tentaram evitar (e em parte conseguiram) que se pudesse libertar e se tornasse independente...
 4-Finalmente, quando a bela, mas quase destruída, lady Lyndon assina o documento da pensão a Barry, concedida a troco do afastamento deste, a data no documento é 1789, ano em que, do outro lado do canal, se daria a Tomada da Bastilha e a Revolução Francesa avançaria com a burguesia, com o apoio popular, a derrotar a aristocracia, e a monarquia a ser derrotada. O que ainda não aconteceu na Inglaterra e países que domina (Escócia e Gales) mas aconteceu na República da Irlanda!
5-Tudo o que este grande mestre da Sétima Arte fez não é por acaso e este filme é nesse aspecto admirável, constituindo uma extraordinária Obra-Prima!

 Egas Branco



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