quinta-feira, 29 de setembro de 2016

CONSIDERAÇÕES DO A.N.B. SOBRE A HISTÓRIA DE BARTHOLOMEU BERNARDINO PELO A.C.

                       Bartolomeus  e  Bernardinos
1)
Tal como o narrador tem, à sua disposição, toda a criatividade do mundo para contar uma estória, assim o leitor deve usar a sua liberdade para a interpretar como melhor conseguir percebê-la.
A grande marca da literatura da maior à menor (independentemente dos seus géneros) é a capacidade, o engenho e a arte, de pôr a realidade ao serviço da ficção e a ficção prestando um constante auxílio à realidade.
Percebe-se que é o que AC experimenta fazer através de uma narrativa que tem “pormenores e detalhes deliciosos”. Assim como tem o poder atractivo bastante para que, qualquer leitor, goste de ir vendo e recapitulando formas diversas (e trágicas) da vida postas em escrito.
Diria, neste passo, ainda mais: não vou adjectivar a escrita do AC porque ela se impõe por si mesma. Por isso, gostámos bastante. Embora também dispensássemos a alusão inicial que se baseia em “factos verídicos”. Verdadeiros ou não, o que interessa é «o modo aberto» como a seguir podem ser lidos e interpretados. E vão sendo postos ao nosso dispor.
  2)
Virando-me para a narrativa, a personagem que mais me atraiu foi a Alda. É um traste feminino de primeira apanha. Assedia e sofre assédios, enquanto faz boas compras na mercearia. O Macedo gentil, esse acabou em louco; quando o roubo e o crime acontecem, logo insinua um valente par de cornos “ao bexigoso do marido”, o guarda- nocturno.
Se repararem, algo sorridente, a Alda, prevê quase tudo e sabe-a toda. Mulher que gosta de marcar o seu território percebem-se bem os seus caprichos, necessidades e insatisfações.  
E como se isso não bastasse sempre que faz as compras, vai de caminho direitinha à Consolação (quando a Igreja ainda não estava em ruínas…) em acto breve de contricção à Virgem; e de suprema consolação perante Deus.
 Se isto não é uma perversidade “de alto coturno” e menção pura à feminina perversidade para quem agora revê a Alda, já não sei onde pode estar a arte (como acima dizia) de bem construir “uma personagem decisiva” neste tamanho enredo.
Precisamente por ser aquela personagem em que, por vezes, menos se repara e a matriz de uma engendrada «paz surda» que acabou numa morte trágica. Acompanhada de fundas facadas e sangue camiliano a mais.
Dito assim, vou só acrescentar que o Autor ao exercer a sua liberdade de escrita não tem que apresentar “uma qualquer verdade e versão única”.
É esse o sortilégio da vida e de todos os crimes que continuam até hoje por desvendar. Assim como também é o sortilégio de quem consegue dar formas literárias ao que a realidade uma vezes mostra e outras vai encobrindo.
 O ideal, penso eu, seria o Autor tornar um destes dias a reconfigurar o enredo social e revisitar as personagens do crime e desta estória, de modo a poder descobrir-se o mistério, ou a avivar as partes deste mistério “alandroalense” que ainda continuam em suspenso. E assim continuarão. Ou é melhor que assim seja? 
    Saudações/ Abraço ao Autor
      Antonio Neves Berbem


3 comentários:

Anónimo disse...



OBS.


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Querem lá ver que quem esfaqueou o Bartholomeu B. o jovem pastor (que

passava à hora errada no local certo...) foi a Alda numa de

encomendar às chamas do Inferno, o Bartholomeu B.,o ladrão - marido?

Está ou não aceite, hoje, e segundo o rezam todas os cronistas (antigos

e modernos) que as orgias do pecado vivem e moram sempre paredes meias

com os arrebiques da virtude?

Expliquei-me?


Melhores saudações


ANBerbem

Anónimo disse...

O Bartholomeu era um antigo Guarda Fiscal e foi morto por um contrabandista devido a problemas com o contrabando, pois o Guarda Fiscal queria ficar com a carga do contrabandista transportava.

Anónimo disse...

Logo, o Bartholomeu Bernardino era um ladrão, e da pior espécie... fez bem o contrabandista ao lhe tratar da saúde.