sexta-feira, 15 de julho de 2016

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA F/M TEM ASSINATURA DE RUI MENDES

                                                     O sentido das sanções
Sexta, 15 Julho 2016
As razões porque Portugal não deveria ser alvo de sanções por parte da Comissão Europeia foi matéria sobre a qual já me pronunciei neste espaço, razão pela qual não irei repeti-las.
As sanções impostas a Portugal serão, acima de tudo, um sinal.
Sério, porquanto advertem Portugal e Espanha (e os restantes países também) que os compromissos e as metas estabelecidas deverão ser cumpridos.
E não deverão ter outras leituras, porque não têm um outro qualquer sentido.
Humilhante, degradante, e outras coisas mais, foi o estado em que o país estava em 2011 quando necessitou do resgate financeiro. Esse sim foi um período dramático para Portugal e para os portugueses. Com contextos internos e externos difíceis para a governação. Nada comparáveis aos contextos actuais da governação.
Estávamos vistos na Europa e no mundo como uns irresponsáveis, e a credibilidade que o país foi conquistando foi trabalho do anterior governo. Disso não tenhamos qualquer dúvida.
A decisão da Comissão Europeia de aplicar as sanções com base no Procedimento por Défice Excessivo (PDE) só acontecerá após Portugal e Espanha apresentarem a sua “defesa”. Espanha já o terá feito. Portugal ainda não.
Aliás, a posição portuguesa e espanhola foram em sentidos diferentes.
O governo espanhol veio, desde logo, manifestar a sua intenção em aplicar medidas que possam reforçar a consolidação orçamental, pese embora Espanha venha apresentando taxas de crescimento na ordem dos 3% o que lhe permite encarar a sua saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) com algum realismo.
O governo português veio, mais uma vez, referir que estamos no caminho certo e que não haverá necessidade de aplicar outras medidas. Bem sabemos que esta posição deriva apenas da necessidade de assegurar uma posição que não ponha em causa a coesão do apoio ao governo.
Mas o verdadeiramente importante é criarem-se condições que não ponham em causa a correcta execução orçamental e o integral cumprimento dos compromissos assumidos com a Comissão Europeia.
Porque se assim não for para o ano, muito provavelmente, as sanções não se ficarão por meros sinais, e aí dificilmente haverá argumentos que convençam a Comissão Europeia a não aplicar sanções efectivas, o que colocaria o país numa situação difícil.
O que vamos assistindo, semana após semana, são sinais de preocupação, de alertas, de revisão das previsões por parte dos vários organismos (FMI, OCDE, CE), Banco de Portugal, Conselho das Finanças Públicas, das agências de rating, etc, e esses sinais não podem deixar também de nos preocupar.
Como iremos entrar em período de férias despeço-me até Setembro
Rui Mendes

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