quinta-feira, 14 de julho de 2016

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                                          Manta de retalhos

Quinta, 14 Julho 2016
A última crónica antes das vossas merecidas férias não poderia deixar de ser outra coisa que não fosse uma manta de retalhos.
Tantos assuntos em tão pouco tempo, tantas emoções e tantas metáforas provocadas pelo mundo do desporto, só poderiam dar nisto. Uma crónica de frases soltas e opiniões variadas.
No jogo final do europeu de futebol muitos viram um embate entre “nós” e “eles”, um momento de acerto de contas com “eles” ou uma possibilidade de chutarmos para fora de campo o nosso sentimento de inferioridade.
Eu vi um jogo em que os participantes, representando dois países europeus, eram também originários de outros continentes, com cores e credos diversos. Olhei para aquele relvado como uma mostra do que deve ser a Europa de hoje.
Aquele jogo de futebol foi a demonstração mais cabal que Marine Le Pen e os outros fascistas e protofascistas que estão no poder ou a caminho dele por esse continente fora, não fazem sentido nenhum.
Muita indignação tem dado à luz, a propósito do emprego de Durão Barroso. Acho que a indignação vem no momento errado. Deveria ter sido manifestada quando o homem foi exercer o cargo de presidente da comissão europeia, sabendo-se que exerceria o cargo em nome das “Goldman Sachs” deste mundo.
Nessa altura, quem se indignou com essa nomeação, foi acusado de falta de patriotismo, como se ter um português, um belga, um francês ou um alemão a servir os mesmos interesses fizesse alguma diferença.
Se alguma coisa está no sítio certo é o facto de, finalmente, ser a Goldman Sachs a assumir o salário do seu funcionário.
A divulgação do inquérito sobre a participação britânica na guerra do Iraque veio demonstrar mais uma vez aquilo que muitos sempre souberam.
A necessidade da intervenção militar foi sustentada numa mentira maior, construída em cima de pequenas mentiras diárias que Bush, Blair e as centrais de informação foram alimentando.
Mais uma vez a figura de Durão Barroso aparece como companheiro de viagem dos mesmos interesses, ainda que o seu salário não fosse assumido pela Goldman Sachs.
Obrigar Barroso e Portas a explicarem-se na Assembleia da República é, certamente, um imperativo mas não fará ressuscitar nenhum dos seres humanos que morreram como consequência dessa decisão insana.
Por falar em fascismos a crescer por esse mundo fora, permitam-me que tire o chapéu ao ministro Manuel Heitor, por ter afirmado alto e bom som o seu entendimento sobre as designadas “praxes académicas”, classificando-as de “práticas fascizantes”.
Também eu entendo que não há praxes boas ou más. A ideia de que um ser humano se deve subalternizar a outro porque chegou depois a algum lado ou de que a integração na “vida académica” se faz por via dessa experiência de obediência ao “mais velho”, é de facto algo de inaceitável, independentemente da forma.
Dizia-me uma menina, a propósito das praxes, que na escola dela não havia violência. Os “caloiros” só não podiam olhar os colegas mais velhos nos olhos. Uma verdadeira pacifista, portanto.
Por aqui me fico, até Setembro quando se reiniciarem as crónicas da DIANAFM e voltar a maçar-vos com as minhas opiniões que tanto vos irritam.
Até lá

Eduardo Luciano

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