Sexta, 10 Junho 2016
Na semana passada
falámos sobre as previsões da OCDE para o défice de Portugal, para o
crescimento do PIB, para o desemprego e para a dívida pública.
Esta semana foi o Banco de Portugal, que veio rever a sua previsão, em
baixa, para o crescimento da economia portuguesa em 2016, prevendo um
crescimento de 1,3%, ou seja, menos duas décimas do que a sua última previsão
efectuada no passado mês de Março.
Esta previsão do Banco
de Portugal já incorpora os dados do primeiro trimestre de 2016, pelo que já
está consubstanciada em dados reais.
Quanto às previsões do
Governo, essas mantém o seu tradicional optimismo, ou seja, uma previsão de
crescimento de 1,8%, distanciando-se cada vez mais de todas as demais
previsões.
Algo que já nos vamos
habituando quando comparamos dados do Governo com os da Comissão Europeia,
OCDE, FMI ou do Banco de Portugal.
Todos estão a ver o
que o Governo persiste em não querer ver.
Para quem acompanha
estas matérias talvez não seja de estranhar estas revisões, considerando que o
que vamos verificando é uma enorme quebra nas exportações, uma forte quebra no
investimento, sendo que apenas o consumo mostra sinais de crescimento, pelo que
a quebra na taxa expectável do crescimento é o resultado de um conjunto de
outros factores que deixaram de contribuir para manter a taxa de crescimento em
níveis desejáveis.
Um país que não
consegue apresentar taxas de crescimento que permitam aumentar o emprego,
também não consegue reduzir o desemprego, pese embora no actual quadro político
o desemprego deixou de ser uma preocupação. É que ninguém fala dele.
Incomoda este silêncio.
Até um certo ponto é
de salutar uma atitude optimista.
Mas saber reagir, em
tempo, ao desfavorável, é mais do que uma qualidade, mostra prudência e visão.
É que na maioria das
vezes quando não se reage a tempo os danos são imprevisíveis. E disso os portugueses
bem sabem.
Há que saber
interpretar o comportamento da economia. A nossa dependência da economia é
enorme. E temos que ter noção dos limites, até onde poderemos comprometer o
país, até onde poderemos assumir encargos.
O panorama não é de
todo animador. E no horizonte começa a imperar algum pessimismo, e as quebras
na confiança são dos indicadores mais difíceis de inverter.
Parece que só o
Governo vai acreditando nas suas previsões. E, ainda assim, vamos ver até
quando.
O pior cego é aquele
que não quer ver.
Até para a semana
Rui Mendes
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