Sabia que o minuto de silêncio foi inventado em Portugal?
De todas as “invenções” portuguesas, a mais universal e mais difundida é,
sem dúvida, o minuto de silêncio. O minuto de silêncio com o qual se
presta homenagem a um morto ilustre ou a mortos em catástrofes.
Tudo começou em 1912 com a morte do Barão do Rio Branco, ministro dos
negócios Estrangeiros do Brasil e pessoa muito querida em Portugal.
Político competente, o barão foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante
os governos presidenciais de 1901 até a data de sua morte em 10 de fevereiro de
1912. A sua morte teve tal repercussão no Brasil que o governo fez um
decreto adiando o carnaval, para que esse período de festas não coincidisse com
o luto nacional.
“Em Portugal havia um verdadeiro culto pelo Barão do Rio Branco, o
estadista ilustre que o Brasil perdeu, e o seu nome era entre nós tão querido e
tão espalhado que raro dos portugueses de uma certa cultura o desconhecia..
A morte do Barão do Rio Branco causou um forte impacto em Portugal. O
parlamento português na sua reunião do dia 13 de fevereiro, sob a presidência
de Aresta Branco, em homenagem ao morto ilustre, suspendeu a sessão por meia
hora – como era tradicional. Já na reunião do Senado no dia seguinte, sob a
presidência de Anselmo Braamcamp e secretariada por Bernardino Roque e Paes de
Almeida, inovou e revolucionou. “O presidente, aludindo ao falecimento do Sr.
Barão do Rio Branco, recordou que os altos serviços por aquele estadista
prestados ao seu país e a circunstância de ser ele ministro quando o Brasil
reconheceu a república portuguesa”, escrevia o Diário de Notícias sobre
a sessão.
Continuando com a evocação do DN: “Honrou também o Barão do Rio
Branco as tradições lusitanas da origem da sua família e por tudo isso propôs
que durante dez minutos, e como homenagem à sua memória, os senhores senadores,
se conservassem silenciosos nos seus lugares. Assim se fez…”. Cumpriu-se,
assim, o primeiro momento de silêncio que se tem notícia, numa sucessão que se
vem prolongando até os nossos dias.
Depois deste dia, todas as vezes que morria alguém passível de homenagem, o
parlamento português repetia o gesto. Com o tempo, de dez minutos passou a
cinco, depois a um, como atualmente. Em seguida, as casas legislativas
europeias copiaram o modelo português e daí para o resto do mundo, ganhando
visibilidade sobretudo nos estádios desportivos.
Sem comentários:
Enviar um comentário