sexta-feira, 20 de maio de 2016

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE PELA DIANA/FM TEM ASSINATURA DE RUI MENDES


Sexta, 20 Maio 2016
A Comissão Europeia pronunciou-se esta semana sobre a situação orçamental portuguesa e os efeitos do défice orçamental de 2015.
Cremos que a Comissão Europeia não irá aplicar qualquer penalização a Portugal pelo incumprimento de défice em 2015, pese embora ter adiado a decisão para Julho.
E não o deverá fazer porque:
Será o reconhecimento do esforço de redução do défice que caiu, em quatro anos, de 11,2% para 3,2% (2015);
Será o reconhecimento pela forma como Portugal cumpriu o programa de ajustamento;
Será a forma de não recair sobre a própria Comissão algum custo político da decisão, porquanto a Comissão Europeia veio, sucessiva e regularmente, avaliar todo o programa de ajustamento, sempre atribuindo avaliações positivas, pelo que quando não cumpridas as metas a Comissão terá, também, a sua quota-parte de responsabilidade;
Será a forma de não penalizar mais as contas portuguesas e abrindo definitivamente o caminho para Portugal deixar de integrar o grupo dos países que ainda se encontram com défices acima dos 3%.
Também porque a actual Comissão veio agora, de alguma forma, permitir uma folga ao definir como meta do défice orçamental em 2016 um défice de 2,3% do PIB, ou seja, mais 0,1%, já que a meta inicial era de 2,2%, pese embora a Comissão Europeia pretenda também uma redução mais rápida do défice e da divida.
Não obstante, para cumprir este objectivo a despesa pública terá que reduzir, pelo que se afigurará a necessidade de medidas adicionais.
A política orçamental europeia está assente num conjunto de princípios que pretendem os equilíbrios orçamentais dos países, tendo sido também definida por Portugal, enquanto membro de pleno direito da UE.
Ora, ela não pretende a penalização de um qualquer país membro. Pelo contrário, tem por objectivo que as diferentes economias se aproximem e que cresçam de uma forma sustentada e equilibrada.
Dito isto, não podemos querer tirar partido apenas das vantagens de integrar a União Europeia e, quando nos é colocado o cumprimento de uma meta mais ambiciosa, remeter para a Comissão Europeia a culpa de ter de cumprir a medida.
Em grande parte é isso que acontece com alguns dos discursos políticos que vamos ouvindo, e não deixamos de sentir neles um acentuado sentimento antieuropeu.
Julho será assim um mês em que acontecerá nova avaliação por parte da Comissão às contas públicas portuguesas e, nessa altura, já estará uma parte da execução orçamental do ano cumprida, pelo que, à medida que nos vamos aproximando do termo do ano a realidade superará alguma da ilusão que ainda vai existindo.
Até para a semana
Rui Mendes


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