Segunda, 11 Abril 2016
Decorreu a semana
passada o primeiro Conselho de Estado do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo decidiu convidar para esta primeira reunião o presidente do Banco
Central Europeu - Mário Draghi. Admito que poderão haver várias leituras
possíveis sobre este convite. Permitam-me que lhes partilhe a minha.
Marcelo fez uma campanha inteligente. Sabendo que seria o único candidato
da direita, era ao centro-esquerda que teria de ir seduzir votos. Com certeza
que lhe custou dizer continuamente que confiava na solução governativa
resultante de um acordo histórico à esquerda, mas foi esta estratégia que o fez
conquistar simpatia num campo político que não é o seu. Esta estratégia teve
ainda outro objectivo – o de mostrar claramente que não confia na liderança de
Pedro Passos Coelho num partido, que não nos esqueçamos, é o seu.
Ainda que diga que
confia na solução governativa, Marcelo ao convidar Mário Draghi, para o seu
primeiro Conselho de Estado, quis demonstrar quem considera o seu
Conselheiro-Mor – A Política de Austeridade. No primeiro Conselho de Estado mais
plural de que há memória, Marcelo quis mostrar que, apesar do parlamento pela
primeira vez ter indicado conselheiros claramente de esquerda, é de outros
conselhos que se quer rodear.
Mário Draghi, por sua
vez, decidiu vir, depois de anos sentado a receber os governantes portugueses a
ir ao “beija-mão”, para mostrar que está ao lado do Presidente na receita que
querem aplicar.
Fez muito mal Marcelo em convidar Draghi, mas percebe-se porque o fez. Fez
mal porque convidou um dos membros da Troika, aquela que nos impôs em conjunto
com um governo ultraliberal, austeridade e mais austeridade, traduzida em perda
do valor do trabalho, perda de direitos e destruição do Estado Social. Convidou
um senhor que não foi eleito para o cargo que exerce, uma nódoa para a cultura
democrática que a Europa devia ter. Convidou um senhor que dirige a instituição
que não quer permitir que os Bancos Portugueses depois de verem injectados
milhões de euros do dinheiro dos contribuintes fiquem na posse do Estado, mas
que dá luz verde a qualquer negócio de meia dúzia de tostões que leve a que
estes bancos, depois de “limpos”, sejam entregues a privados, criando uma
concentração bancária privada perigosíssima. Convidou um senhor que já se sabia
que não teria a menor vergonha na cara e que veio a um Conselho de Estado
elogiar um Governo que aplicou uma receita que não funcionou e que saiu pela
força da Democracia, elogiando as suas grandes reformas. Sabemos bem que
reformas foram essas e o que provocaram.
Marcelo convidará quem
quiser para o aconselhar. Está no seu direito. Claro que poderemos sempre
dizer: “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és e o que queres”. Espero que no
próximo Conselho de Estado possa convidar – para tomar o pulso do país que
Draghi, Coelho, Portas & Afins nos deixaram – um precário, um desempregado,
um pensionista, um trabalhador da função pública ou do sector privado, ...,
enfim, ... um de nós...
Até para a semana!
Bruno Martins
2 comentários:
Vou gritar e bem alto sr. Bruno Martins: A P O I A D O!!
A Austeridade é Tóxica.
Marcelo continua igual:
Não mudou, nada de novo.
Mistura-se com o Povo
E não se tem dado mal.
Para Marcelo Portugal,
É o seu País e dos seus.
Com a ajuda de Deus
Já chegou a Presidente!…
Não vai “convidar” a gente:
Pequenos nadas, pigmeus.
Mário Dragui, um gigante:
Chegou e muito à vontade,
Propôs mais austeridade
E regressou triunfante.
O Zé Povinho, pagante,
É que anda já aflito…
O remédio prescrito
Já cá foi experimentado.
Deixou tudo intoxicado:
Isto é o bom e o bonito!...
De: Versos Diversos
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