«Cabeça de um Ladrão Famoso»/ Paul Klee
Mote
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
[António Aleixo]
Glosas
Essa coisa do parecer
Tem muito que se lhe diga,
Haver quem à primeira consiga
Acertar no que está a ver.
Pelo aspecto não podes saber
Se é pessoa de bem, ou não,
O que vai dentro dum coração
Só cada qual poderá revelar…
Diz o poeta, a desabafar:
«Sei que pareço um ladrão!»
Tem muito que se lhe diga,
Haver quem à primeira consiga
Acertar no que está a ver.
Pelo aspecto não podes saber
Se é pessoa de bem, ou não,
O que vai dentro dum coração
Só cada qual poderá revelar…
Diz o poeta, a desabafar:
«Sei que pareço um ladrão!»
Vistosos surgem emproados
Com o sentido à espreita,
Sem levantar a menor suspeita
São os mais conceituados.
Andam assim disfarçados
Os gatunos que desconheço,
Tudo roubam desde o começo
Mas ninguém por isso dá…
Tu não acreditas que os há,
«Mas há muitos que eu conheço!»
Com o sentido à espreita,
Sem levantar a menor suspeita
São os mais conceituados.
Andam assim disfarçados
Os gatunos que desconheço,
Tudo roubam desde o começo
Mas ninguém por isso dá…
Tu não acreditas que os há,
«Mas há muitos que eu conheço!»
Passam por grandes senhores
Dentro de suas indumentárias...
Iludem-nos com técnicas várias
Esses intocáveis estupores!
Muito sabidos como actores
Na arte de representação,
Bem estudada a encenação
Ninguém deles mais desconfia…
Disse Aleixo, que os conhecia:
«Que não parecendo o que são…»
Dentro de suas indumentárias...
Iludem-nos com técnicas várias
Esses intocáveis estupores!
Muito sabidos como actores
Na arte de representação,
Bem estudada a encenação
Ninguém deles mais desconfia…
Disse Aleixo, que os conhecia:
«Que não parecendo o que são…»
Julgar os outros pela
aparência
Não é de todo acertado…
Anda meio mundo enganado,
Isto não é nenhuma ciência!
Trajados com conveniência
Enganam por qualquer preço,
Os larápios trocam de adereço
E nunca se descobre a verdade…
Outros que roubam à vontade
«São aquilo que eu pareço!»
Matias José
Não é de todo acertado…
Anda meio mundo enganado,
Isto não é nenhuma ciência!
Trajados com conveniência
Enganam por qualquer preço,
Os larápios trocam de adereço
E nunca se descobre a verdade…
Outros que roubam à vontade
«São aquilo que eu pareço!»
Matias José
OLHAR FLORBELA
Florescem versos, estranhos
pensamentos
Aquecem as lágrimas beijando o rosto
Batimentos fortes, grandes tormentos
Dançam os sentidos repletos de desgosto
Batimentos fortes, grandes tormentos
Dançam os sentidos repletos de desgosto
Amor imperfeito e incompreendido
Sequioso amor na mente primorosa
Viver uma vida como se a tivesse vivido
Ideias controversas à época, penosas
Sequioso amor na mente primorosa
Viver uma vida como se a tivesse vivido
Ideias controversas à época, penosas
Olhos misteriosos perseguindo
o destino
Reclamando direitos de forma ousada
Testemunhos escritos em cada caminho
Agitando a razão, sempre determinada
Reclamando direitos de forma ousada
Testemunhos escritos em cada caminho
Agitando a razão, sempre determinada
Sensibilidades arrastando
enredos
Dando à felicidade outro descaminho
Escondendo em casulos os segredos
Que aos ouvidos lhe sopram baixinho
Dando à felicidade outro descaminho
Escondendo em casulos os segredos
Que aos ouvidos lhe sopram baixinho
19-03-2013 Maria Antonieta Matos
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