i) Estados de
Espírito
Li e ouvi há dias que o ex-primeiro
ministro Pedro Passos Coelho estaria “em estado de obstipação”. Como não sabia
bem o que o termo queria significar, fui ao dicionário da P. Editora e
verifiquei que “obstipado” é aquele que (mais palavra menos palavra): “anda com
prisão de ventre e a curvar-se para a frente”.
Pois bem, é isso mesmo que está a ver-se:
P.P.Coelho é um tipo de político que anda a digerir muito mal e, de forma
errática, o desaire que sofreu em Novembro curvando-se obstipadamente para onde
a cagança for necessária.
Se repararem bem, anda a mudar de
estratégia eleitoral semana sim, semana não. Ganhando perdeu-se no confronto
democrático com António Costa.
Dizem que é muito teimoso e um
neoliberal encarniçado. Acrescentarei, em contrapartida, que tem um discurso
politico enviesado, acavacado que, por vezes, só mesmo ele é que perceberá.
Como se tudo isto não bastasse,
P.P.Coelho vai deixando em aberto a hipótese de voltar ao poder e ao governo
sem novas eleições antes do final desta legislatura. O topete!
De permeio, lá vai dizendo que não tem a
mania de ser “um- sempre- em pé” de qualquer maneira.
Portanto, temos aqui o exemplo de um
politico português que em vez de aproveitar o tempo na Oposição para ler uns
livros e para estudar e aprender que os portugueses não são assim tão
distraídos e ingénuos quanto julga, (re)iniciou uma corrida errática na (re) conquista do poder.
Digamos, em síntese, que P.P.Coelho anda
a dar o passo maior que a perna e já devia ter percebido que, em política, a
pressa é má conselheira. Pergunto mesmo, se julga que terá o país e o PSD com
ele? Ou se vai apenas continuar obstinado/obstipado?...
ii) Estado das Coisas
Não
tenhamos duvidas que «a situação dos refugiados» vai ser um dos maiores problemas europeus e do mundo
nesta fase do século XXI. Os sírios e as suas crianças são gente como nós.
Para
não estar, no Al tejo, com mais retórica, trata-se de intervir na resolução de
valores humanos e sofrimento a que ninguém, nenhuma organização, nem nenhum
estado pode ficar indiferente.
Diria
mais, mais dia menos dia, vai começar uma outra vaga de refugiados vindos da
«África subsaariana» que vão aceitar que, Portugal, entre nas suas vidas como
porto de abrigo e de destino.
Neste
sentido, fez bem António Costa (ao lado de Ângela Merkl) em antecipar para
Portugal a possibilidade e a prioridade de acolhermos 10.000 refugiados. Parece
muito. Na nossa opinião, este número ainda peca por ser escasso.
Explicando-nos.
Feitas
umas contas rápidas, poder-se-á verificar que tendo Portugal mais de 300
Concelhos, a cada concelho poderá vir a caber a recepção de 35 refugiados, mais
ou menos 7/8 famílias um número que temos, aliás, ainda por insuficiente.
Por
isso, afirmamos que Portugal podia fazer uma proposta na ordem dos 15.000 refugiados
o que elevaria o número de famílias para a dezena. Um acréscimo quase sem
relevância.
A
questão que colocamos é esta: será que, a titulo de exemplo que seja, um
Concelho despovoado como o Alandroal (como está a grande maioria dos nossos
Concelhos) não está em condições de receber
10 … em vez de apenas 7 famílias. Já repararam nas mais valias desta
diversidade cultural introduzida no país para além de apregoados medos
xenófobos?
Nas
relações internacionais, ter activos numa área humana como esta podia dar-nos
margem para reclamar activos noutra áreas e noutros campos das relações
comunitárias, europeias e multiculturais do mundo actual.
Alguém
pode deixar de estar atento à experiência de que mais do que impedir, o que se
torna necessário é regular os fluxos de refugiados, sabendo-se, como a História
o prova, que os grandes fluxos migratórios são invencíveis.
Como o
foram os primeiros fluxos dos bárbaros do norte (que eram assim chamados apenas
por não falarem Latim) e mandaram rapidamente o Imperio Romano para o caraças.
iii) Estado da Terra
Talvez não fosse má ideia ir
reparando que o PSD anda a dizer que tem como objectivo “ ser a principal potência autárquica do país conquistando o maior numero de presidências de Câmaras”.
Pois bem, como
alandroalense, estaria atento a esta circunstância. Assim como não deixaria de
estar atento às voltas que a politica local (e os novos actores) pode(m) vir a
apresentar. Além disso, convém também ter em conta que esta
“maioria absoluta” que vem governando o Concelho, está longe de ter o
desempenho que seria de esperar. Isto para não falar do fraco envolvimento da
vereação.
Por outras palavras, alguém acha que a democracia
participativa local teve por aqui algum aprofundamento nestes últimos dois
anos? Alguém ainda acha que “o baião” é a próxima solução cultural para o
Alandroal?
Pergunto, por fim, se já meditámos, no programa deste
Governo, onde está determinado (só por estar?) que as Autarquias vão no sentido
das Assembleias Municipais terem poderes reforçados de fiscalização politica e
de serem capazes de identificar o que tem mais sentido que seja (bem) gerido a
nível local?
A autonomia
local, dispensa ou não, o velho hábito da “cultura de capelinhas” e “dos feudos partidários enquistados” em níveis de decisão locais que pretendem apenas
manter-se e reproduzir-se no poder?
Como é?
António Neves Berbem
( 3/
Março/2016)
4 comentários:
A autonomia local, dispensa ou não, o velho hábito da “cultura de capelinhas” e “dos feudos partidários enquistados” em níveis de decisão locais que pretendem apenas manter-se e reproduzir-se no poder?
Como é?
Com todo o respeito, deve o amigo andar à procura do Santo Graal.
Claro está que a autonomia local não dispensa o velho hábito da cultura de capelinhas.
"Como é ?"
É ASSIM MESMO, TANTO BLÁ BLÁ PSEUDO INTELECTUAL PARA QUÊ CARO BERBEM?????
"CARO BERBEM"...
É proibido fazer críticas depreciativas.
Colabore se faz favor.
OBS.
Caro Comentador das 13.15
Colaborar é o que ando a fazer há uns anos.Agora o que é preciso também
ver é se o devemos fazer com um "olhar critico, acrítico ou (até) pós
critico.
Diga aqui, entre os nossos botões, e para o Al tejo, qual é a melhor
opção.
Eu procurarei em todo o caso aceitá-la embora possa não a seguir.
Com os Melhores cumprimentos
Antonio Neves Berbem
"Diga aqui, entre os nossos botões, e para o Al tejo, qual é a melhor
opção."
Então lá vai:
Com o comentário de 04 Março, 2016 13:15 quis apenas mostrar a minha ironia como repúdio pela forma como sempre os mesmos comentadores se têm manifestado contra tudo o que aqui vem escrevendo no Al Tejo.
Sendo assim, a opção que recomendo é que não perca tempo com ruins defuntos.
Para terminar, um dito popular: "na sua terra ninguém é profeta".
E sabe porquê? Não preciso dizer, sabe-o também como eu.
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