Sexta, 25 Março 2016
Estamos em plena
semana da Páscoa. Comemoramos a época da ressurreição, da renovação e da paz.
Foi precisamente com este espirito que o
Papa Francisco veio esta semana, mais uma vez, chamar a atenção para o problema
dos refugiados. Para o drama que vivem os migrantes e para a falta de
responsabilização dos vários líderes europeus para uma solução de consenso e
viável, que consiga resolver este problema.
Aquilo que se vai
passando em tantos países da nossa europa envergonha-nos enquanto europeus.
Não podemos falar de
uma europa solidária e nada fazer no sentido da resolução deste problema. Todos
os governantes europeus são corresponsáveis com o que se vive na europa.
A Europa dos Estados
continua sem se entender nos assuntos mais difíceis. A Comissão Europeia quis
resolver o problema da maneira mais fácil. Ou seja, pagando para que outros
assumam, pelo menos, uma parte do problema. No caso, o contemplado foi a
Turquia que receberá 6 mil milhões de euros para que receba os migrantes
ilegais que cheguem à Grécia e que não venham a ser considerados asilados,
sendo assim reenviados para a Turquia.
É certo que a União
Europeia também aceita receber diretamente da Turquia refugiados.
O que se pretende com
este acordo é que a Turquia funcione como país tampão, especialmente, para os
migrantes sírios e iraquianos. Veremos como a Turquia conseguirá resolver este
problema, e de que forma e em que condições acolherá estes migrantes, já que para
a larga maioria voltar aos países de origem está completamente fora de questão.
A Grécia é um país
chave na rota dos Balcãs e este acordo poderá assim reduzir o número de
migrantes que optam por seguir esta rota, reduzir os naufrágios e as mortes no
Mar Egeu.
Até porque esta rota
já havia sido, de alguma forma, quebrada com o fecho de algumas das fronteiras
de países que integram a rota.
Contudo, esta é apenas
uma das muitas rotas utilizadas pelos migrantes.
Continuando a
existirem as razões que levam à existência destes fluxos migratórios eles
continuarão com toda a certeza, passando a serem utilizadas outras rotas, e se
a pressão deixar de acontecer na Grécia, ela passará para outros Estados,
nomeadamente para aquele que está geograficamente mais exposto, a Itália.
Disso estejamos todos
certos.
Diremos que com este
acordo apenas “desvia” o problema.
O projeto europeu já
teve melhores dias, quando na Europa existiram líderes de uma dimensão
superior, e que em contexto difícil, apostaram em construir um território de
paz e de prosperidade, entre eles estão personalidades como o inglês Winston
Churchill, os alemães Konrad Adenauer e Helmut Kohl, o luxemburguês Robert
Schuman, o francês Jean Monnet ou o italiano Alcide De Gasperi. Os líderes que
lhes sucederam devem saber preservar o espírito com que foi construído o
projeto europeu, criando um espaço mais livre, com maior justiça social e
economicamente mais resistente.
Ouvir o Papa Francisco
é ouvir a voz da razão, porque é uma voz cristã sempre em defesa dos mais
desprotegidos, ela tem a simplicidade e o dom de nos mostrar o caminho que
devemos seguir.
Uma feliz Páscoa e até
para a semana
Rui Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário