Sexta, 08
Janeiro 2016
Refugiado foi a palavra mais votada na
iniciativa da Porto Editora.
Por alguma razão este terá sido o termo
mais “marcante” de 2015.
A crise dos refugiados foi tema que nos acompanhou durante todo o ano de
2015 e a Europa não tem sabido resolver este problema dentro do tempo em que o
deve fazer.
E, pelo que vamos assistindo, este
problema manter-se-á, ou agravar-se-á, em 2016.
Primeiro, porque não estão criadas
estruturas que possam dar uma eficaz resposta aquando da chegada destas pessoas
à Europa, ainda que na sua grande maioria, e em claro desespero, atravessem
fronteiras de forma ilegal;
Segundo, porque muitos dos refugiados
ainda estão a aguardar o seu destino final, muitos em condições precárias;
Terceiro, porque o número de refugiados
não deverá diminuir, pese embora a Turquia possa funcionar como país tampão dos
refugiados sírios;
Quarto, porque cada vez mais se marcam
fronteiras (internas) dentro de um espaço europeu que se pretende seguro e sem
fronteiras;
Quinto, porque os conflitos que originam
refugiados não estão resolvidos, pelo que continuaremos a assistir a estes
fluxos de pessoas.
O espaço Shengen criado
em 1985, inicialmente por 5 países, hoje constituído por 26, membros e não
membros da União Europeia, é uma das grandes conquistas europeias - a criação
de uma Europa sem fronteiras internas, um espaço seguro e de livre circulação.
Mas hoje, devido ao grande fluxo de
refugiados, alguns dos países que integram o espaço Shengen estão
a tomar medidas extremas, criando muros, caso da Hungria, fechando fronteiras e
repondo os controlos internos, como acontece na Dinamarca e na Suécia.
A Europa que os europeus querem
construir não será assim, será um espaço solidário, responsável e seguro.
Uma Europa com consciência social terá
que saber dar uma solução responsável ao problema dos refugiados, e não será
criando outros problemas e fechando fronteiras, que o problema diminuirá ou se
resolverá per si. Pelo contrário. Criará dramas humanos de
proporções ainda maiores.
Ainda assim vamos assistindo a alguns
progressos.
O Daesh, um forte responsável pelo fluxo
de refugiados, terá já perdido parte do território que controlava no Iraque e
na Síria, sendo que o enfraquecimento deste grupo extremista só poderá trazer
benefícios.
Mas não nos esqueçamos que os refugiados
provem de várias zonas de guerra, que não se resumem à Síria e ao Iraque. O
Sudão, a Somália, o Afeganistão, a Eritreia, e tantos outros, também contribuem
para a enorme dimensão deste problema.
Verdadeiramente este problema terá em
cada um de nós uma parte da sua resolução. Não poderemos alimentar preconceitos
perante estas pessoas.
A migração que fazem é uma verdadeira
luta pela sobrevivência.
Eles vem na procura de paz e na
esperança de conseguir construir uma nova vida.
Despeço-me até dia 29, data em que será
transmitida a próxima crónica
Rui Mendes
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