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Mensalmente Augusto Mesquita recorda-nos pessoas, monumentos, tradições usos e
costumes de outros tempos.
CHAVE DE HONRA DA CIDADE
foi inaugurada há 15 anos
Palmilhando as praças das cidades, vulgarmente
encontramos monumentos emoldurando seus espaços físicos, tanto artisticamente
como arquitectónicamente. Mas afinal o que é um monumento?
Um monumento é uma estrutura construída por motivos
simbólicos ou comemorativos, mais do que para uma utilização de ordem
funcional. Os monumentos são geralmente construídos com o duplo propósito de
comemorar um acontecimento importante, ou homenagear uma personagem ilustre, e,
simultaneamente, criar um objecto artístico que aprimorará o aspecto de uma
cidade. Seu valor pode ser por antiguidade, tamanho ou significado histórico.
Etnologicamente, a palavra monumento é de origem latina e
provêm do verbo “monere”, que significa tanto “fazer recordar” como também
“instruir”. Este significado remete-nos para a importância do monumento
enquanto memória do significado de um determinado conjunto de indivíduos, no
que toca à evolução histórica, pois como herança colectiva tem um duplo valor e
um significado especial, já que nos permite situar no nosso tempo,
estabelecendo uma relação de continuidade entre o nosso passado e o presente.
Perante esta herança Patrimonial, a comunidade tem a
responsabilidade de a preservar, utilizar e valorizar. Por isso é necessário
conhecê-la em profundidade para podermos intervir e usufruí-la da melhor
maneira, de modo a transmiti-la ainda mais qualificada e enriquecida às
gerações vindouras. Cada geração se confronta com o Património do passado
perante o qual tem responsabilidades de preservação, ao mesmo tempo que realiza
a sua própria produção contemporânea, que virá também a construir o Património
do Futuro.
Segundo o historiador de arte Alois Riegl, monumento é
toda a obra criada pela mão do homem e construída com a finalidade de conservar
sempre viva e presente na consciência das gerações futuras, a lembrança de
determinada acção ou de uma existência.
Criados com a finalidade de prestar homenagens a
importantes representantes da sociedade e ainda embelezarem a cidade os
monumentos promovem a identificação do público local.
Segundo consta, o primeiro monumento a ser construído em
Portugal, foi a Torre de Belém. A obra teve início em 1514 e terminou em 1519. A pouco e pouco, os
monumentos foram surgindo um pouco por todo o lado.
Em Montemor-o-Novo, o primeiro monumento a ser erigido
ocorreu em 9 de Abril de 1923 no antigo Largo das Portas do Sol em homenagem
aos Mortos da 1.ª Grande Guerra.
Seguiu-se o Monumento a S. João de Deus, inaugurado em 2
de Setembro de 1963, o Busto de Simão da Veiga Júnior, inaugurado em 2 de
Setembro de 1968, o Monumento a Calouste Gulbenkian, inaugurado a 8 de Setembro
de 1969, o Monumento a José Adelino dos Santos, inaugurado a 23 de Junho 1986,
o Monumento aos Resistentes Antifascistas do Alentejo, inaugurado em 1 de Junho
de 1996, a
Chave de Honra da Cidade, inaugurada a 31 de Dezembro de 2000, o Monumento ao
Bombeiro, inaugurado em 12 de Junho de 2005, e por último, a imagem de Nossa
Senhora de Fátima, inaugurada em 18 de Maio de 2013.
Inauguração da Chave de Honra da
Cidade
No dia 31 de Dezembro de 2000 (Domingo)
pelas 15,00 horas, na Rotunda do Lanita em plena Estrada
Nacional 253, com a presença de autarcas, responsáveis pelo
projecto e execução das esculturas, autoridades locais, representantes de
instituições montemorenses e de muito povo, foi inaugurada a Chave de Honra da
Cidade, nas rotundas do Lanita, Maia, e Ponte de Alcácer.
Na
rotunda mais afastada da cidade de Montemor-o-Novo (do Lanita), na Estrada
Nacional 253, Montemor-o-Novo / S. Cristovão encontra-se a primeira escultura
constituída por dois elementos circulares, representando os dois elementos da
“Chave da Cidade”. Soldados a estes dois elementos encontram-se duas barras em
ferro, simbolizando a porta da cidade.
Depois da
primeira rotunda, encontramos, a caminho de Montemor-o-Novo, e na mesma estrada
a nova rotunda (da Maia) com uma escultura constituída por um semicírculo,
soldado a um corpo de chave. Este elemento está apoiado numa barra de ferro em
ângulo recto, simbolizando a porta da Cidade. Nesta rotunda já se observam as
ameias, fazendo o corpo da chave recordar o castelo.
Com o
Castelo de Montemor-o-Novo no cimo da colina, encontra-se junto à Ponte de
Alcácer a terceira rotunda com o somatório das outras duas esculturas.
Temos a
“Chave que abre a Cidade ao Milénio”. Já não se observam as barras de ferro,
pois a porta está aberta de par em par. Cidade aberta ao futuro! Após a circulação
da rotunda, entra-se na cidade de Montemor-o-Novo. O viajante entrou no
“Futuro”!
Da
brochura distribuída no local da inauguração, e que relata o significado das
esculturas, seleccionei a mensagem dirigida pelo então Presidente do Município,
Carlos Pinto de Sá:
Milénio
novo, novo Século.
Passagem
simbólica. Mais simbólica que sentida no real quotidiano das nossas vidas.
Aqui
chegados, olhamos o futuro com um misto de preocupação e de esperança.
Preocupação
porque, numa era em que pela primeira vez a Humanidade dispõe de técnicas e
recursos para assegurar uma vida digna a todos, constatamos o crescimento da
desigualdade, a polarização imoral da riqueza numa pequena elite, a
marginalização de milhões de seres humanos.
Esperança
porque, apesar da violenta e castradora dominância ideológica de disseminação
de valores mesquinhos e supérfluos em defesa de uma sociedade predatória do
Homem, constatamos a redescoberta do inconformismo, da criatividade, da luta,
da busca da justiça social.
Em
Montemor, vivemos também esta encruzilhada.
Povo de trabalho,
batido pelo sol cru da dura vivência diária, soubemos apurar um fino sentido de
insubmissão, de dignidade, de procura de novas chaves para sociedades à medida
do Homem… não apenas de alguns mas de todos!
À
cidadania virtual do discurso dominante, há que opor a construção de uma real
cidadania não tolhida por uma condição social marginalizante.
Aí temos
o simbolismo desta marca do tempo, excepcionalmente interpretada com a força
das coisas simples, pelo escultor João Duarte.
Aqui
temos este convite à vivência da cidade que se abre, da cidade sem muros nem
ameias, da cidade que acredita não num qualquer futuro mas no paciente, penoso,
longo mas exaltante trabalho de erguer a terra da fraternidade.
Aqui
temos olhos no devir, Montemor-o-Novo e a nossa gente.
Ficha técnica do monumento
Designação - Monumento
Chave de Honra da Cidade de Montemor-o-Novo.
Inauguração -
31 de Dezembro de 2000.
Escultor - João Duarte.
Materiais -
Aço FE 360, tratado com tinta metálica.
Execução -
Metalúrgica Coelhos, Ldª, com sede em Riachos.
Equipa
técnica
- Escultor José Coelho,
António Augusto Coelho, José Manuel Brites
e Engenheiro João Bioucas.
Fundações do Monumento - José Luís Nazário
Iniciativa do Monumento - Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
NOTA – Como referi mais acima, temos a obrigação de
preservar e valorizar os nossos monumentos. E o que verificamos? O estado
actual das rotundas onde os mesmos estão colocados, envergonha Montemor-o-Novo.
Não sei a quem compete
a conservação das rotundas, se às Estradas de Portugal, se ao Município, mas
uma coisa é certa: esta situação não pode prolongar-se por mais tempo, senão,
as referidas rotundas, enquadram-se cada vez mais, com o estado de abandono do
nosso Castelo.
Augusto Mesquita
Dezembro/2015
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