Sexta, 18 Dezembro 2015
Muitos dos problemas que actualmente se
encontram no topo das preocupações dos europeus (paz, segurança, migrantes)
derivam de não terem sido resolvidos na sua origem e em tempo.
Numa análise, ainda que superficial, percebemos que o mundo está a mudar e
a europa tem contribuído e permitido, nalguns casos por omissão, para essas
transformações.
O crescimento dos partidos europeus dos
extremos, à esquerda e à direita, emerge precisamente destas alterações, e são
resultantes de votos de reclamação, de protesto, de desagrado.
Nos países que tiveram sob programas de
ajustamento esse crescimento verifica-se à esquerda.
Nos países que se deparam com grandes
fluxos de migrantes esse crescimento verifica-se mais à direita.
Na França quando assistimos ao
crescimento da votação na Frente Nacional, a qual obteve 6,5 milhões de votos
nas últimas eleições regionais, votou-se na xenofobia, no encerramento de
fronteiras e contra a europa.
Os atentados terroristas que aconteceram
em Paris terão contribuído para este resultado, porquanto criaram na sociedade
francesa (e europeia) um sentimento de medo que beneficia os partidos que têm
ideais xenófobos.
Como espaço de paz e segurança a europa
tem hoje desafios que terá que ultrapassar. Trata-se de assegurar dois valores
fundamentais do projecto europeu e essenciais para garantir a estabilidade
política dos vários países que integram a UE.
Como espaço atractivo que é, a europa
“chama” migrantes. Em 2015 terão entrado na União europeia, de uma forma
totalmente desorganizada, mais de 1 milhão de migrantes, em especial os
refugiados da guerra da Síria.
O ano de 2015 veio mostrar ao mundo a
dimensão deste problema. Cerca de 40 milhões de pessoas no mundo estão
deslocados ou são refugiados, sendo vitimas dos inúmeros conflitos armados, de
catástrofes ou de pobreza extrema, não deixando outra escolha às populações
senão o abandono das suas terras e dos seus bens.
E é por tudo isto, pela dimensão que
hoje assumem alguns problemas na UE, e pela falta de respostas eficazes, que
hoje temos na Europa partidos dos extremos em crescendo.
Partidos que são anti-união europeia,
não concordam com a sua existência ou com as suas regras de funcionamento ou
com os modelos que foram definidos mas, paradoxalmente, encontram-se
representados nos vários órgãos da União Europeia em razão da sua eleição.
Beneficiam de facto do estatuto europeu,
mas são anti-UE. O espaço em que intervêm é o dos órgãos democráticos da UE.
Mas que contradição.
Até para a semana
Rui Mendes
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