Segunda, 05 Outubro 2015
Hoje é dia 5 de
Outubro. Haverá melhor dia para falar da república e da democracia? Haverá
melhor dia para reflectir sobre qual o mandato popular que foi conferido após
as eleições legislativas? Não vejo melhor dia para falar.
Não é essa a postura do nosso Presidente
da República. Haverá melhor forma de descrever Cavaco como o homem que ficará
para a história como um Presidente da República que se recusa a falar no dia em
que se festeja a instauração dessa mesma República. Tudo isto por cobardia e
calculismo partidário.
Ontem fomos a
eleições. Permitam-me que faça um breve comentário. A direita ganhou as
eleições, o que é um péssimo sinal para o país. Os responsáveis por políticas
de destruição da economia, do emprego e do estado social voltam a ter mais
votos do que qualquer outro partido sozinho. É um péssimo sinal, mas deve fazer
a esquerda pensar. A esquerda deve olhar para as condições de vida dos
portugueses e portuguesas e responder de forma urgente e clara. Não é tempo de
tacticismos e contas partidárias que ao povo dizem pouco.
Estou orgulhoso do
resultado obtido pelo Bloco de Esquerda. Fizemos uma grande campanha, não
porque somos bonitos ou simpáticos (como o presidente da câmara de lisboa nos
apelidou, e que infeliz foi…), mas porque fomos claros, como nunca fomos, na
nossa linha programática. A um programa claro para responder à emergência
nacional adicionaram-se centenas de activistas (e que tão pouco ligamos a
cartões partidários…) que souberam vir para a rua e explicar esse mesmo
programa às pessoas.
Estou, também,
orgulhoso porque olho para a nova bancada parlamentar do Bloco de Esquerda e
vejo activistas de várias causas (precariedade, deficiência, agricultura,
cultura, saúde, emprego, etc, etc, etc,). No Bloco foram eleitos e eleitas gente
de verdade, gente que está na rua desde sempre, que denuncia e que
constrói em conjunto. Que protesta e que se afirma com soluções e propostas.
Esta é a nossa força!
E por último, estou
extremamente orgulhoso da intervenção da Catarina Martins ontem à noite. Soube
responder aos resultados com responsabilidade e consciência colectiva. Desafiou
desde logo a esquerda para ser isso mesmo: ESQUERDA com letras grandes. A
verdade é que se o PS se quiser assumir, a esquerda tem a maioria no parlamento.
Deveria chegar de austeridade. Deveria chegar de miséria. Mas parece que os
calculismos vão continuar. Costa respondeu ao desafio com um discurso amorfo,
vazio, apelando a um sentido de responsabilidade que se traduzirá na desgraça
do povo. Falou que não quer construir uma maioria negativa. Registo que para
Costa uma maioria negativa é aquela que defende salários, pensões e o Estado
Social.
O Bloco diz presente,
ergue a cabeça perante o seu povo, e sabe da responsabilidade que os votos lhe
conferem. Sabemos que não há crescimento económico com austeridade, que não há
viabilidade para um país sem emprego, que não há futuro nesta configuração de
instituições e tratados europeus. Costa fará o que quiser, mas fica o desafio a
tantas e tantos que ontem votaram PS, mas que hoje já perceberam, e
parafraseando Fernando Medina, que não basta ser “simpático e bonito”.
Merecemos mais! Vamos
à luta! Estamos disponíveis! Façamos pontes! As maiorias constroem-se no
colectivo, dentro e fora da Assembleia da República!
Até para a semana
Bruno Martins
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