Sexta, 16 Outubro 2015
Afinal parece que as esquerdas têm muito
que as aproxima e pouco que as separa. Será assim? Não, todos sabemos que não é
assim.
O cenário pós-eleitoral veio a determinar a nova composição do parlamento,
em que PSD e CDS elegem 107 deputados, o PS 86, o BE 19, a CDU 17 e o PAN 1, e
a demonstrar as possibilidades matemáticas dos diferentes apoios à esquerda e à
direita.
Obviamente que a solução mais estável,
programaticamente mais próxima e com base parlamentar mais alargada, será
aquela que foi a resultante do último ato eleitoral, ou seja, Governo da
Coligação com o apoio parlamentar do PS.
Se os portugueses quisessem mudar não
teriam dado a vitória à Coligação. Tê-la-iam dado ao PS. Mas não o fizeram.
O que os portugueses disseram no passado
dia 4 de Outubro é que queriam a Coligação a governar, dai terem-lhe atribuído
a vitória, mas não a queriam com maioria absoluta.
No quadro actual, qualquer outra solução
será um arranjo para satisfazer lobbies partidários ou vontades pessoais, mas
que não assegurará uma governação estável e programaticamente sólida. Será uma
solução em que o maior perdedor será o país.
Será um governo assente em três
programas distintos, em que se omitem partes fundamentais e ideológicas dos
programas, algumas que estão e sempre estiveram no ADN da CDU e BE, para se
tentar uma plataforma de esquerda e para que o PS, que não venceu as eleições,
se possa assumir como solução governativa, ainda que, e naturalmente, com as
debilidades de ter parceiros que em muitas matérias fundamentais (Europa, euro,
tratado orçamental, NATO, e tantas outras) têm uma posição oposta ao que
defende o próprio PS.
E uma solução contra natura que os
eleitores, a seu tempo, saberão avaliar, precisamente porque não foi a sua
escolha.
Quanto à questão da tão apregoada
legitimidade democrática até se poderia aceitar, se estas soluções, de um
governo PS apoiado pelo BE e CDU ou um governo PS/BE/CDU, tivesse sido assumida
em campanha eleitoral, que se tivesse dito que na hipótese destas três forças
conseguirem uma base parlamentar de, pelo menos, 116 deputados, que se
assumiriam como possibilidade de governo. Alguém ouviu algo do género? Não,
claro que não, porque se esta solução tivesse sido sufragada os resultados
eleitorais teriam sido outros e hoje nem estaríamos aqui a falar sobre ela.
Esperemos que o bom senso impere e que
não venhamos novamente a passar por constrangimentos derivados de interesses
divergentes dos interesses do país.
Esperemos que o crédito, interno e
externo, ganho nestes últimos anos, derivado de uma governação difícil e de
rigor, não venha a ser desbaratado.
Esperemos que a melhoria dos níveis de
confiança dos portugueses não se perca, porque a perda da confiança dos
portugueses gerará efeitos trágicos na economia.
Até para a semana
Rui Mendes
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