Há
20 anos a A6 chegou
a Montemor
Foi necessário esperar trinta e seis
anos, para que esta nova infra-estrutura rodoviária chegasse a Portugal. A
primeira auto-estrada portuguesa foi o troço construído entre Lisboa e o
Estádio Nacional, inaugurada em 29 de Maio de 1944. Mandada construir pelo
então Ministro das Obras Públicas e Comunicações Eng.º Duarte Pacheco, com os
seus 8 quilómetros
de extensão, com o pavimento totalmente em cimento e brita, entre Lisboa e o
Estádio Nacional. Inicialmente foi denominada como Estrada Nacional N.º 7 (EN
7), tendo recebido a actual denominação quando as auto-estradas passaram a ter
uma numeração diferenciada. Só em 1991 seria inaugurado o troço Estádio
Nacional – Cascais, na distância de 17,1 quilómetros
que concluiria a auto-estrada Lisboa – Cascais.
A segunda auto-estrada portuguesa
viria a ser inaugurada só em 28 de Maio de 1961, que ligaria Lisboa a Vila
Franca de Xira na distância de 23 quilómetros . Este troço seria o início da
futura A1 que ligaria Lisboa ao Porto e que só viria a ficar concluída em 1991.
O troço Lisboa – Vila Franca de Xira
custou 303 mil contos e a portagem para ligeiros era de cinco escudos.
Para percorrer os 303 quilómetros que
separam Lisboa do Porto, foi necessário construir 10 troços, e aguardar três
décadas.
A febre das auto-estradas,
iniciou-se com a chegada de Cavaco Silva ao poder em 1985, que coincidiu com o
início da entrada em Portugal dos fundos milionários da União Europeia.
Em 1984 havia em Portugal cerca de 160 quilómetros de
auto-estradas.. Em cinco anos (1985-1990), a rede de auto-estradas praticamente
duplicou, chegando aos 316
quilómetros em 1990. Mais cinco anos passaram e este
número mais do que duplicou, passando para 687 quilómetros em
1995, ano em
Mas a rede continua a crescer. Com a
construção suspensa, estão, neste momento, pelo menos 229 quilómetros de
auto-estradas: Padronelo – Vila Real (25,4 km .), Alvaiaze – Condeixa (87 km .), Túnel do Marão (5,6 km .), Sines – Santiago
do Cacém (11 km )
e Ferreira do Alentejo – Beja (100
km .).
Tribunal multa dois ministros
Motivado pela paragem das obras na
A26, a auto estrada que liga Sines a Beja, e na sequência de uma providência
cautelar apresentada pela Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo contra as
Estradas de Portugal (EP), Ministério da Economia e Ministério da Agricultura
(que tutelava o Ambiente), numa decisão inédita, o Tribunal Administrativo e
Fiscal de Beja, condenou em 2013 os Ministros Álvaro Santos Pereira e Assunção
Cristas a uma multa diária de 43,65 euros pela paragem das obras na A26. O
montante diário será (?) pago pelos responsáveis até que a saúde e a
integridade física de quem circula na zona fossem acauteladas. Os ministérios
da Economia e da Agricultura recorreram da decisão.
Um dos factores que levou Portugal à
tragédia económica, e à perda de soberania, foi sem dúvida o seu investimento
desmesurado em rodovia.
Auto – Estrada A 6
Ao inaugurar
em 31 de Agosto de 1995 os novos 44 quilómetros do lanço Marateca/Montemor-o-Novo
da A 6, aberto ao trânsito às 12,40 horas, o Ministro das Obras Públicas,
Ferreira do Amaral, diz ter, com esta obra, “acabado com a desesperança sem
remédio que se vivia no Alentejo, no que tocava à falta de boas vias de
comunicação com o resto do País”.
Em contrapartida, Ferreira do Amaral
não considerou elevado o valor das portagens, de mais de 12$00 por quilómetro –
quando nalgumas auto-estradas, como a CREL, o preço ronda os 10$00/km – mesmo
encontrando-se esta implantada numa região como o Alentejo, com escassos
recursos económicos.
O ministro, referiu que “esta
auto-estrada vai permitir, em 1998, ligar Lisboa a Madrid, via Elvas e
fronteira do Caia/Badajoz, e servir o tráfego internacional de médio e longo
curso, enquanto o trânsito local pode continuar a circular sem pagar nas vias
alternativas (caso da EN 4)”.
Assim o preço das portagens para
veículos ligeiros desde Marateca até Montemor-o-Novo fica em 550$00. Mas, se o
automobilista entrar logo no nó de Coina da auto-estrada do Sul, o custo até
Montemor-o-Novo eleva-se para os 940$00. As restantes entradas são 850$00 (em
Coina 2), 760$00 (Palmela), e 690$00 (Setúbal). A ligação entre Vendas
Novas/Montemor-o-Novo (24
quilómetros ), custa 290$00.
O Presidente da Brisa, Vasconcelos
Guimarães, também não considerou caras as portagens, frisando mesmo que, a
nível nacional, temos “as portagens mais baratas da Europa”.
O separador central da A 6, já de
acordo com as normas internacionais, não dispõe de barreiras protectoras, a não
ser junto aos viadutos e nas passagens de emergência, que existem de 3 em 3 Km . Este separador tem 9 metros de largura e 1,5 metro de altura,
permitindo um futuro alargamento para mais vias, o que só se deverá justificar,
segundo a Brisa, em 2020.
Auto-bronca
Com a iluminação por concluir, e a
pavimentação inacabada junto de algumas instalações, o primeiro troço da A 6,
entre Marateca e Montemor-o-Novo, não atraiu nas primeiras horas de
funcionamento muitos automobilistas. Na última praça de portagem, que dá
ligação a Espanha e Évora pela EN 4, o sistema de iluminação não estava
concluído, assim como, a pavimentação ao redor das instalações da Brisa.
Este primeiro lanço da A 6, que se
divide nos sublanços Marateca/Vendas Novas e Vendas Novas/Montemor-o-Novo,
importou em 15 milhões de contos e foi construído em 19 meses.
A Agroman Empresa Construtora, SA, construiu
os 24 km
que separam Vendas Novas de Montemor-o-Novo, tendo consumido os seguintes
materiais:
·
3 500 000 m3 de terra;
·
350 000 toneladas de betuminoso;
Às 13 e 30 horas, uma hora depois da
abertura da nova via, no interior de Montemor-o-Novo, a fila compacta de carros
que atravessava a cidade dava conta de que muitos automobilistas ainda
desconheciam a abertura da nova via, ou “não vale a pena ir por lá, porque a
viagem fica mais cara e a vida anda má”.
O
sub-lanço Montemor-o-Novo/Évora, foi inaugurado no dia 5 de Abril de 1998.
Em
Setembro de 1999 a
A6 chegou finalmente à cidade fronteiriça de Elvas.
Em 2013 foi investido
cerca de um milhão de euros na beneficiação do pavimento do sublanço
Montemor-o-Novo (nascente) / Évora (poente).
Certamente,
que o aproximar das eleições legislativas, levou o Governo a recomeçar as obras
das auto-estradas Alvaiázere – Condeixa, Sines – Santiago do Cacém, e Ferreira
do Alentejo – Beja. Mas uma pergunta fica no ar:
Porque
acredito que o Estado é uma pessoa de bem, quanto vai custar ao erário público,
as indemnizações exigidas pelos empreiteiros, referentes a prejuízos
resultantes da paralisação das obras que lhes tinham sido adjudicadas?
Augusto Mesquita
In “Folha de Montemor” Agosto 2015. Transcrição autorizada pelo Autor
1 comentário:
"quanto vai custar ao erário público, as indemnizações exigidas pelos empreiteiros, referentes a prejuízos resultantes da paralisação das obras que lhes tinham sido adjudicadas?"
Eu sou o Ministro das Obras Públicas.
Gostaria de satisfazer a sua curiosidade mas acontece que não faço a mínima ideia de quanto será o montante das indemnizações que o Estado terá de pagar por ter parado essas obras.
Porém não se preocupe com isso, o que posso garantir-lhe é que o governo de que faço parte não irá pagar nada disso. Isto é ponto assente.
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