Muitas têm sido as estórias que já aqui contamos do Domingos
(O Cachamela), figura impar que ficou na história do Alandroal não só pelos
seus dotes musicais, como pela fama que granjeou com taberneiro e
principalmente pelas inofensivas “partidas” que gostava de pregar.
Esta foi-nos relatada pelo Valente.
Nas noites quentes de Verão e após o fecho da taberna,
gostava o Domingos de se ir estender no poial da Fonte, onde ferrava grandes
“sornas”.
Numa dessas noites, dois fulanos de Borba, devido a uma avaria no seu automóvel, lá para
o lado das Bispas, não tiveram outro
remédio senão o de abandonar o veículo avariado e deslocarem-se para o
Alandroal em busca de um táxi que os levasse de volta para a sua terra. Quando
chegaram à Praça apenas encontraram o Domingos, ferrado a dormir no já referido
poial da Fonte. Com o intuito de saberem onde poderiam encontrar um carro de
praça, acordaram-no. Na altura e por falta de lugar na sua residência um
vizinho guardava a sua motorizada na taberna do Domingos onde não faltava
espaço.
“Gastar dinheiro num
táxi? Nem pensar nisso. Então os meus amigos não sabem andar de motorizada? Eu
tenho uma que pouco uso, e, não me custa nada emprestar-lha. Quando calhar
devolvem-ma. Vamos lá à taberna.”
Chegados ao local o Cachamela:
“Olhe, aqui está.
Ponha-a lá a trabalhar. Onde são os travões? Meta lá as mudanças. Agora vamos
dar uma volta pela Vila para eu ver se sabe conduzir bem”.
Feito o “exame”, e depois de ter percorrido as ruas da Vila
quase todas, e já no local de partida:
“Desculpe lá, mas o
meu amigo não está devidamente aprovado para que possa conduzir a motorizada.
Vamos lá até à Praça que eu já lhe digo onde mora o chauffeur de táxis”.
E foi assim que às tantas da manhã o Cachamela andou, como
pendura, passeando de motorizada, e os nossos amigos se quiseram ir dormir a
casa tiveram que desembolsar o dinheiro do táxi.
Era assim o Domingos!
Chico Manuel
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