sexta-feira, 5 de junho de 2015

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                                                        Regime de pensões

Sexta, 05 Junho 2015
O Relatório do Envelhecimento publicado em 2015 pela Comissão Europeia mostra bem a razão por que preocupa a tantos as alterações ao regime de pensões.
Trata-se de uma matéria bastante sensível.
As projecções demográficas para Portugal para 2060 provam a existência do problema, que advém, em particular, de duas causas: do envelhecimento e da redução da população. Seremos 8.2 milhões de indivíduos, a esperança de vida nos homens aumenta 8 anos e nas mulheres 5. Eles viverão, em média, até aos 85 anos e elas até aos 89. Passar a barreira dos 100 anos será, de alguma forma, comum.
Ou, dito com um outro sentido. Seremos menos a trabalhar, seremos mais a estar dependentes do regime de pensões.
Num sistema que está desenhado para que os que estão no activo suportem, com as suas contribuições, os que se encontram aposentados (aqueles que já contribuíram para o sistema e que têm a natural expectativa de auferir a pensão que lhes foi prometida) não deixa de ser um sério problema.
O regime de pensões português assenta no princípio da obrigatoriedade, pelo que ele é extensível a todos os trabalhadores.
O sistema tem que ter como condição ser sustentável, mas também tem que permitir ter a suficiente durabilidade e estabilidade, não devendo ser nele introduzidas constantes alterações, porquanto elas vêm criar injustiças relativas, pois os sistemas, em especial o da segurança social e o da caixa geral de aposentações, no espaço de uma década sofreram várias alterações nas fórmulas de cálculo das pensões, na idade para o direito à aposentação ou no número de anos necessários para adquirir o direito à pensão.
O sistema sendo deficitário obrigará a que os impostos suportem a parte deficitária daquele regime. Mas o sentido do pagamento de um imposto não será o de suportar o défice do sistema de pensões.
Assim, será de todo defensável que um sistema desta natureza tenha que ter a garantia da entrada de contribuições de uma forma certa e regular, e que as alterações que o sistema venha a sofrer mantenham aquelas formas de contribuição, para que as receitas não fiquem dependentes de fatores não totalmente controláveis e para que não se criem desequilíbrios, do lado da receita, pondo em causa a sustentabilidade do sistema.
O sistema de pensões não poderá ficar sujeito a experimentalismos.
O sistema possui uma importância social de tal grandeza que é fator de equilíbrio na sociedade.
Abordar estas questões, de uma forma séria e responsável, é um dever de cidadania. É que este será, estou certo disso, um dos problemas que mais preocupa os portugueses e para o qual deverá haver respostas que os tranquilizem e que permita que o sistema seja credível, sustentável e garanta a salvaguarda de direitos.
Falar sobre este problema não é mais do que encarar uma realidade existente, e não será por não de dizer nada sobre ele que este problema deixará de existir.
Até para a semana
Rui Mendes


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