Segunda, 04 Maio 2015
Na última reunião da
Assembleia Municipal debateu-se a Petição “Fim dos Circos com Animais em
Évora”, promovida por um conjunto de cidadãos e cidadãs do nosso município.
Estes munícipes encontram-se empenhados na causa dos circos sem animais, e que
em torno desta, desenvolvem uma série de iniciativas, não só de protesto, mas
também de carácter pedagógico.
Não tendo havido consenso sobre se havia
lugar ou não à votação do recomendado na petição – a proibição da instalação de
circos com animais no Concelho de Évora – ficou decido que a Assembleia
organizará, em Junho, uma audição pública sobre a matéria, e que esta irá a
deliberação na reunião ordinária de Junho. É de saudar que haja lugar a debate
sobre os direitos dos animais no nosso concelho, constituindo este um excelente
sinal que existem eleitas e eleitos preocupados com a evolução das políticas
relacionadas com os direitos de todos os animais.
Quero, publicamente,
felicitar as posições de vários eleitos do PS e de um eleito do PSD que afirmaram
estar convictamente ao lado desta causa e que votarão favoravelmente à
proibição de circos com animais em Évora. Mas também quero, publicamente,
repudiar a posição da CDU, que sobre a matéria instituiu a disciplina de voto
para impedir que os seus eleitos votassem de acordo com a sua consciência. Para
a CDU o voto seria contra, independentemente do que pensasse cada um e uma. O
desconforto foi notório na bancada. Péssima forma de encerrar Abril, o mês em
que todos devíamos celebrar a democracia e a liberdade.
Espero que a audição
esclareça todos os eleitos e que cada um e uma vote de acordo com as suas
convicções.
A verdade é que, nas
últimas décadas, em vários países do mundo e em Portugal, tem-se assistido à
tendência crescente dos espectáculos de circo abandonarem o uso de animais,
apostando-se cada vez mais no que se designa por “novo circo”.
Infelizmente, muitos
dos animais que nos habituámos a ver nos circos nunca chegaram a conhecer a
liberdade, tendo nascido já em cativeiro. Para conseguirem cumprir as tarefas
que os domadores lhes exigem em palco, passam pela técnica de condicionamento -
o método de Pavlov - à custa de muita dor e privação de alimentos. No palco,
basta ouvirem o som do chicote ou de determinada música para efetuarem a ação
pretendida, condicionados pelo terror do castigo em caso de falhanço. A estes
métodos de ensaio dos números de circo junta-se o quotidiano vivido em péssimas
condições, de uma vida inteira confinada a um pequeno espaço, em transportes
frequentes e sem condições, sem acesso a cuidados de saúde decentes nos casos
de ferimentos e doenças. Tudo resulta numa esperança de vida muito inferior à
dos animais que vivem em liberdade.
O “novo circo” fez a
opção artística de valorizar as artes que não utilizam animais e esta tem sido
uma fórmula de sucesso na atracção de várias gerações de público, sobretudo das
mais novas. A actividade ganhou um novo fôlego e capacidade de permanência num
contexto de oferta cultural cada vez mais diversificada e competitiva.
Um município que
valoriza a cultura e que subscreve a Declaração Universal dos Direitos dos
Animais, só pode apoiar o “novo circo” e impedir a barbárie do circo com
animais.
Até para a semana.
Bruno Martins
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