sexta-feira, 8 de maio de 2015

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM

                                                Eleições no Reino Unido

Sexta, 08 Maio 2015
O que temos vindo a assistir no decurso do processo eleitoral parlamentar do Reino Unido terá, muito provavelmente, proximidade com o que iremos assistir nas próximas eleições legislativas em Portugal.
No caso do Reino Unido a campanha focou-se especialmente em três temas: economia, saúde e imigração.
No caso português a campanha será necessariamente focada na economia e, especialmente, nas estratégias orçamentais que nos têm sido propostas, e nas questões sociais.
No Reino Unido o labour foi dado inicialmente como o partido vencedor e à medida que as eleições se foram aproximando os conservadores ultrapassaram nas sondagens os trabalhistas, acabando ontem por vencer as eleições. E venceram com uma vitória bem expressiva.
Naturalmente não deixa de ser importante o fato de vencer as eleições, seja por uma margem mais ou menos expressiva.
Mas o problema não estava apenas no conseguir vencer as eleições. A questão essencial seria a da governabilidade, ou melhor, de se conseguir criar condições para que o futuro governo viesse a ter a base parlamentar que lhe permitisse governar com a necessária estabilidade e de acordo com o programa que apresentou.
E os eleitores britânicos souberam, em tempo, perceber o problema que seria criado caso não viesse a ser conseguida uma base sólida parlamentar que assegurasse a governação durante a legislatura.
É certo que só durante o dia de hoje e nos próximos dias haverá esclarecimentos sobre a constituição do próximo governo, contudo será expectável que a coligação entre conservadores e liberais, a qual se iniciou em 2010, possa vir a ter continuidade.
Pelas projeções, conservadores e liberais, conseguem a maioria absoluta no parlamento.
O sistema eleitoral britânico está construído de forma a favorecer maiorias, beneficiando os partidos que conseguem maior votação, ou uma grande concentração de votos, e penalizando os outros.
O sistema eleitoral português é um sistema bem mais proporcional na relação que se estabelece entre a percentagem de votos atribuídos a um partido e o número de deputados eleitos. Será porventura um sistema que permite uma maior aproximação entre a vontade dos eleitores e o seu número de representantes parlamentares. Ao invés do britânico, no nosso sistema eleitoral, será mais difícil criar uma maioria absoluta, pelo menos por um só partido.
É neste contexto, de assegurar o maior número de votos e a sua máxima concentração em cada um dos círculos eleitorais, para que daí resulte a eleição de um número de deputados que permita assegurar o necessário apoio parlamentar à governação, que a atual maioria renovou a coligação. Não haveria outro caminho.
Os dados já estão lançados, no caso português a coligação já definiu qual o caminho a seguir para a continuação da recuperação financeira do país. Nesta matéria os resultados falam por si. Importará agora dedicar especial atenção a um conjunto de indicadores sociais que terão que melhorar.
O crescimento económico que se tem verificado nos últimos anos no Reino Unido terá sido um fator determinante na votação nos conservadores.
Veremos como o Reino Unido se irá agora posicionar face à Europa. Foi um dos temas da campanha, num país tradicionalmente eurocético.
É a Europa das diferenças. Um espaço com diferentes regimes, com diferentes moedas, com diferentes sistemas fiscais, com diferentes sistemas sociais, enfim … um espaço em que se vai tentando criar alguma uniformidade e eliminar as grandes assimetrias que nele subsistem.
E, não nos esqueçamos, que hoje comemora-se o Dia da Europa
Até para a semana
Rui Mendes


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