Sexta, 01 Maio
Estou bem recordado do
que referi neste espaço sobre a greve de 4 dias dos trabalhadores da TAP, por
altura do período natalício do ano passado.
Parecia que depois de tanta desaprovação
pública que a coisa teria ficado por ali. Mas não. Desta feita a dimensão da
paragem ainda é superior. Serão 10 dias. Se a adesão for significativa será
tempo mais que suficiente para “matar” a empresa.
Ainda assim quero
acreditar que serão em número superior os que querem salvar a empresa deste
desastre e que estarão disponíveis para cumprirem o seu dever, reduzindo os
prejuízos da greve. Não mais do que isso, porque os prejuízos a sério esses já
estarão a ser contabilizados pelos lesados.
O país, esse já perdeu,
ou seja, já todos perdemos. Os efeitos da greve, em especial, no sector do
turismo e em todos aqueles que lhe são laterais são afetados com perdas
significativas. Mas os restantes sectores também o serão, porque quando um
sector é atingido desta forma, fará um efeito de arrastamento noutros setores.
Nunca nos esqueçamos
que a economia funciona como uma teia.
Quanto à empresa TAP a
coisa desta vez parece séria demais.
Primeiro porque
estamos numa fase importante do processo de privatização, estando a decorrer o
prazo de entrega das propostas vinculativas dos candidatos à aquisição da TAP.
Ora, os candidatos à aquisição, neste contexto, terão a necessária prudência na
apresentação das propostas, ficando o Estado naturalmente lesado. Vamos ver
quanto valerá a empresa nestas condições. Aliás já suou que um dos eventuais
candidatos teria apresentado a sua desistência. Não será de admirar.
Segundo pelo universo
de trabalhadores da empresa, mais de 13 mil. Veremos quais os lesados, porque
nesta fase em que a empresa deveria mostrar o seu valor, faz precisamente o
contrário, cria-se um clima acesa contestação social e nem se pensa nos seus
efeitos. Seja o que for. É a política da terra queimada.
Hoje já percebemos
porque sempre que ali se iniciou um processo de privatização, por alguma razão,
o processo abortou.
Os tempos hoje são
outros, quer queiramos quer não, e quem não conseguir acompanhar o tempo,
deixará esse espaço para outros. É precisamente isso que está a acontecer na
TAP.
A TAP poderá ter
níveis elevados de serviço, poderá estar no pódio europeu das companhias aéreas
europeias mais seguras, poderá ser modelo a seguir em muitos outros aspetos,
mas também terá que ser uma empresa economicamente viável, sustentável, e a sua
força de trabalho, os seus trabalhadores, deverão ter a responsabilidade maior
de perceber o seu peso para a estabilidade e crescimento da empresa e não o
contributo para a sua ruina.
Acima de tudo o que
vem transparecendo é o desejo de serem mantidos e criados privilégios, os quais
se existissem iriam desvalorizar ainda mais a empresa, porquanto eles seriam
condicionadores de, mais tarde, poderem ser aplicados os necessários critérios
gestionários que a empresa necessita.
Sobre a questão do
diálogo também importará aqui dizer o seguinte: o diálogo laborar é importante,
faz parte de um sistema democrático, e é bom que ele exista. Contudo, ele não
pode existir de 4 em 4 meses como forma de se ir acumulando sucessivos ganhos
para uma das partes. Ele tem que existir de forma a “compensar” na medida do
possível, e todos já percebemos o que está na base desta greve.
Fiquemos pois todos
cientes dos efeitos desta greve, dos previsíveis 3000 voos que não se realizarão
e das cerca de 300 mil pessoas que serão afetadas (a maioria já sofreu esse
efeito) e dos prejuízos financeiros (umas dezenas de milhões de euros, coisa
pouca) e não se culpem os que publicamente vieram condenar e demonstrar os
efeitos desta greve. A existirem graves danos na TAP lembrem-se de quem tem
contribuído para eles.
Até para a semana
Rui Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário