domingo, 3 de maio de 2015

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA DIA 01 MAIO PELA RÁDIO DIANA/FM

                                         TAP - E vai mais uma greve

Sexta, 01 Maio
Estou bem recordado do que referi neste espaço sobre a greve de 4 dias dos trabalhadores da TAP, por altura do período natalício do ano passado.
Parecia que depois de tanta desaprovação pública que a coisa teria ficado por ali. Mas não. Desta feita a dimensão da paragem ainda é superior. Serão 10 dias. Se a adesão for significativa será tempo mais que suficiente para “matar” a empresa.
Ainda assim quero acreditar que serão em número superior os que querem salvar a empresa deste desastre e que estarão disponíveis para cumprirem o seu dever, reduzindo os prejuízos da greve. Não mais do que isso, porque os prejuízos a sério esses já estarão a ser contabilizados pelos lesados.
O país, esse já perdeu, ou seja, já todos perdemos. Os efeitos da greve, em especial, no sector do turismo e em todos aqueles que lhe são laterais são afetados com perdas significativas. Mas os restantes sectores também o serão, porque quando um sector é atingido desta forma, fará um efeito de arrastamento noutros setores.
Nunca nos esqueçamos que a economia funciona como uma teia.
Quanto à empresa TAP a coisa desta vez parece séria demais.
Primeiro porque estamos numa fase importante do processo de privatização, estando a decorrer o prazo de entrega das propostas vinculativas dos candidatos à aquisição da TAP. Ora, os candidatos à aquisição, neste contexto, terão a necessária prudência na apresentação das propostas, ficando o Estado naturalmente lesado. Vamos ver quanto valerá a empresa nestas condições. Aliás já suou que um dos eventuais candidatos teria apresentado a sua desistência. Não será de admirar.
Segundo pelo universo de trabalhadores da empresa, mais de 13 mil. Veremos quais os lesados, porque nesta fase em que a empresa deveria mostrar o seu valor, faz precisamente o contrário, cria-se um clima acesa contestação social e nem se pensa nos seus efeitos. Seja o que for. É a política da terra queimada.
Hoje já percebemos porque sempre que ali se iniciou um processo de privatização, por alguma razão, o processo abortou.
Os tempos hoje são outros, quer queiramos quer não, e quem não conseguir acompanhar o tempo, deixará esse espaço para outros. É precisamente isso que está a acontecer na TAP.
A TAP poderá ter níveis elevados de serviço, poderá estar no pódio europeu das companhias aéreas europeias mais seguras, poderá ser modelo a seguir em muitos outros aspetos, mas também terá que ser uma empresa economicamente viável, sustentável, e a sua força de trabalho, os seus trabalhadores, deverão ter a responsabilidade maior de perceber o seu peso para a estabilidade e crescimento da empresa e não o contributo para a sua ruina.
Acima de tudo o que vem transparecendo é o desejo de serem mantidos e criados privilégios, os quais se existissem iriam desvalorizar ainda mais a empresa, porquanto eles seriam condicionadores de, mais tarde, poderem ser aplicados os necessários critérios gestionários que a empresa necessita.
Sobre a questão do diálogo também importará aqui dizer o seguinte: o diálogo laborar é importante, faz parte de um sistema democrático, e é bom que ele exista. Contudo, ele não pode existir de 4 em 4 meses como forma de se ir acumulando sucessivos ganhos para uma das partes. Ele tem que existir de forma a “compensar” na medida do possível, e todos já percebemos o que está na base desta greve.
Fiquemos pois todos cientes dos efeitos desta greve, dos previsíveis 3000 voos que não se realizarão e das cerca de 300 mil pessoas que serão afetadas (a maioria já sofreu esse efeito) e dos prejuízos financeiros (umas dezenas de milhões de euros, coisa pouca) e não se culpem os que publicamente vieram condenar e demonstrar os efeitos desta greve. A existirem graves danos na TAP lembrem-se de quem tem contribuído para eles.
Até para a semana
Rui Mendes


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