. Falemos, brevemente, nesta nova e curta rubrica do Al
tejo, feita à base de 5 pontos, de algumas “Pontas soltas” do sistema
internacional e dos seus grandes actores internacionais que andam,
pontualmente, a tornar-se perigosos e imprevisíveis e criadores potenciais de
novos (e ainda maiores) conflitos.
Por ora, novamente à espreita de gerar,
”virtualmente”, uma grande guerra sem fins claros à vista desarmada. Como
aconteceu com todas as guerras registadas na História. E como é o caso, a
oriente, de todas «as guerras santas» em curso.
Vamos lá reparar que a Ucrânia é “um mau exemplo” do
que acabamos de enunciar e pode vir a acontecer. Sabemos como esta guerra
começou mas ninguém pode prever quando e como vai acabar.
2. Vejam lá as seguintes questões: enquanto a Crimeia se
tornou russa num esfregar de olhos, o enorme território oriental
“independentista” da Ucrânia vai também tornar-se à força russo?
A Rússia quer continuar a ser parte europeia? Ou
pretende construir uma nova entidade geopolítica euro-asiática, em regime de
autarcia politica, para fazer frente ao projecto da União Europeia e avançar
com um novo tipo de poder e afirmação politica à escala mundial? Terá poder
económico e lideranças para isso? Qual é o papel fiável de Putin nesta altura?
3. Vejamos o que nos diz o percurso da História.
Sim, é verdade, embora possa não o parecer, à primeira
vista, que a Europa é dos 5 continentes, o mais belicoso deles todos. E onde
houve mais guerras civis, mudanças de regime e assassinatos políticos.
Portugal, é disso também um exemplo ao longo dos dois séculos anteriores.
Reparem nas quantidades de revoluções que aqui foram
marcando presença. Atentem no facto de que tivemos pelo menos três revoluções, quatro mudanças de regime e a
morte da monarquia e de um rei e do seu sucessor a tiros de carabina.
Já quanto à Europa vamos lembrar, a talhe de foice,
que foi protagonista de uma Guerra dos 30 anos, com 30 milhões de mortos (uma
guerra em larga escala essencialmente religiosa), da I Grande Guerra mundial, 4
anos e 20 milhões de mortos, para depois já nos nossos tempos, entre 1939-45,
assistirmos à II Guerra Mundial que causou mais de 50 milhões de vidas
destruídas. Se isto é pouco e não foi sempre em crescendo vou ali e já volto…
Sobressaíram neste quadro, à escala europeia,
personagens históricas desvairadas como o imperador Napoleão, o Hitler louco
ou internamente o muito violento Estaline.
Aqui, pela Península Ibérica, destacou-se uma guerra
civil espanhola que durou apenas três anos mas serviu para o general Franco
aniquilar uma republica democrática e, por junto, liquidar a eito centenas de
milhares de espanhóis, andaluzes, bascos, catalães, republicanos, etc, etc.
4. As consequências e o que sobrou destes “teatros de
guerra” sucessivos para além das poderosas tendências de afirmação da
industrialização, do movimento operário, dos socialismos e da imprensa livre
foi o rápido colapso de vários impérios europeus.
Dos quais, aliás, haveriam de emergir as democracias
liberais que hoje temos descontados os casos extremos dos dois fascismos
europeus: o italiano e sobretudo o alemão de curta duração mas de grandes
malefícios.
Isto enquanto o mundo se dividia em duas partes
envolvidas numa guerra fria dominada por duas superpotências. Uma exterior à
Europa, os USA, e a outra, a URSS, sempre mais asiática do que europeia.
Assim foi pelo que não é de estranhar que a Europa
actual, a 28, tenha e esteja a viver a alternativa e o projecto da União
Europeia que, entretanto, está em vias de ser novamente desvirtuado pelo
claríssimo ascendente alemão e até pelos custos da burocracia imperial
europeia.
Demasiado cara e demasiado distante dos cidadãos
europeus isto para não dizer aqui, no Al tejo, outras coisas desagradáveis…
É esta a Europa que vivemos no presente, pouco
solidária e pouco democrática com os países ricos cada vez mais ricos e os
fracos cada vez mais fracos.
Olhem para os casos da Alemanha, da Rússia, da Grécia
e de Portugal. Reparem no poder económico e nos respectivos exércitos que cada
um destes países pode (re) apresentar.
5. Qual será então, por esta vez, a saída para estes
«cenários de guerra» mais ou menos permanentes entre os Europeus? Não o
sabemos. Podemos talvez prever unicamente que para problemas globais só deviam
e poderão existir soluções globais, democráticas e transnacionais.
Ou seja, na nossa opinião, não pode haver democracias
de primeira, de segunda ou de terceira categoria. No estado em que estamos, ou
avançamos juntos ou o Mundo vai acabar envolvido em repetidos conflitos e mais
uma vez destroçado socialmente.
As guerras nunca são uma oportunidade para a paz, são
apenas a continuação de “um mal totalitário” que a comunidade internacional
devia superar pondo em prática um papel, uma função, uma visão e um destino
diferente para a humanidade.
Neste contexto e vista como sendo parte de um todo
indivisível, a Ucrânia, é europeia. Não acreditem, portanto, que a paz venha a
ser possível sem ser aceite na sua globalidade e praticada, em simultâneo, por
todas as partes deste Mundo. O que, de resto, ainda nunca aconteceu.
Será que é desta vez?...
Melhores saudações
António Neves Berbem
( 16/3/2015)
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