segunda-feira, 16 de março de 2015

PONTAS SOLTAS - Nova rubrica a cargo do A.N.B.

   . Falemos, brevemente, nesta nova e curta rubrica do Al tejo, feita à base de 5 pontos, de algumas “Pontas soltas” do sistema internacional e dos seus grandes actores internacionais que andam, pontualmente, a tornar-se perigosos e imprevisíveis e criadores potenciais de novos (e ainda maiores) conflitos.
Por ora, novamente à espreita de gerar, ”virtualmente”, uma grande guerra sem fins claros à vista desarmada. Como aconteceu com todas as guerras registadas na História. E como é o caso, a oriente, de todas «as guerras santas» em curso.
Vamos lá reparar que a Ucrânia é “um mau exemplo” do que acabamos de enunciar e pode vir a acontecer. Sabemos como esta guerra começou mas ninguém pode prever quando e como vai acabar.
2.     Vejam lá as seguintes questões: enquanto a Crimeia se tornou russa num esfregar de olhos, o enorme território oriental “independentista” da Ucrânia vai também tornar-se à força russo?
A Rússia quer continuar a ser parte europeia? Ou pretende construir uma nova entidade geopolítica euro-asiática, em regime de autarcia politica, para fazer frente ao projecto da União Europeia e avançar com um novo tipo de poder e afirmação politica à escala mundial? Terá poder económico e lideranças para isso? Qual é o papel fiável de Putin nesta altura?
3.     Vejamos o que nos diz o percurso da História.
Sim, é verdade, embora possa não o parecer, à primeira vista, que a Europa é dos 5 continentes, o mais belicoso deles todos. E onde houve mais guerras civis, mudanças de regime e assassinatos políticos. Portugal, é disso também um exemplo ao longo dos dois séculos anteriores.
Reparem nas quantidades de revoluções que aqui foram marcando presença. Atentem no facto de que tivemos pelo menos três  revoluções, quatro mudanças de regime e a morte da monarquia e de um rei e do seu sucessor a tiros de carabina.
Já quanto à Europa vamos lembrar, a talhe de foice, que foi protagonista de uma Guerra dos 30 anos, com 30 milhões de mortos (uma guerra em larga escala essencialmente religiosa), da I Grande Guerra mundial, 4 anos e 20 milhões de mortos, para depois já nos nossos tempos, entre 1939-45, assistirmos à II Guerra Mundial que causou mais de 50 milhões de vidas destruídas. Se isto é pouco e não foi sempre em crescendo vou ali e já volto…
Sobressaíram neste quadro, à escala europeia, personagens históricas desvairadas como o imperador Napoleão, o Hitler louco ou  internamente o  muito violento Estaline.
Aqui, pela Península Ibérica, destacou-se uma guerra civil espanhola que durou apenas três anos mas serviu para o general Franco aniquilar uma republica democrática e, por junto, liquidar a eito centenas de milhares de espanhóis, andaluzes, bascos, catalães, republicanos, etc, etc.

4.     As consequências e o que sobrou destes “teatros de guerra” sucessivos para além das poderosas tendências de afirmação da industrialização, do movimento operário, dos socialismos e da imprensa livre foi o rápido colapso de vários impérios europeus.
Dos quais, aliás, haveriam de emergir as democracias liberais que hoje temos descontados os casos extremos dos dois fascismos europeus: o italiano e sobretudo o alemão de curta duração mas de grandes malefícios.
Isto enquanto o mundo se dividia em duas partes envolvidas numa guerra fria dominada por duas superpotências. Uma exterior à Europa, os USA, e a outra, a URSS, sempre mais asiática do que europeia.
Assim foi pelo que não é de estranhar que a Europa actual, a 28, tenha e esteja a viver a alternativa e o projecto da União Europeia que, entretanto, está em vias de ser novamente desvirtuado pelo claríssimo ascendente alemão e até pelos custos da burocracia imperial europeia.
Demasiado cara e demasiado distante dos cidadãos europeus isto para não dizer aqui, no Al tejo, outras coisas desagradáveis…
É esta a Europa que vivemos no presente, pouco solidária e pouco democrática com os países ricos cada vez mais ricos e os fracos cada vez mais fracos.
Olhem para os casos da Alemanha, da Rússia, da Grécia e de Portugal. Reparem no poder económico e nos respectivos exércitos que cada um destes países pode (re) apresentar.

5.     Qual será então, por esta vez, a saída para estes «cenários de guerra» mais ou menos permanentes entre os Europeus? Não o sabemos. Podemos talvez prever unicamente que para problemas globais só deviam e poderão existir soluções globais, democráticas e transnacionais.
Ou seja, na nossa opinião, não pode haver democracias de primeira, de segunda ou de terceira categoria. No estado em que estamos, ou avançamos juntos ou o Mundo vai acabar envolvido em repetidos conflitos e mais uma vez destroçado socialmente.
As guerras nunca são uma oportunidade para a paz, são apenas a continuação de “um mal totalitário” que a comunidade internacional devia superar pondo em prática um papel, uma função, uma visão e um destino diferente para a humanidade.
Neste contexto e vista como sendo parte de um todo indivisível, a Ucrânia, é europeia. Não acreditem, portanto, que a paz venha a ser possível sem ser aceite na sua globalidade e praticada, em simultâneo, por todas as partes deste Mundo. O que, de resto, ainda nunca aconteceu.
Será que é desta vez?...
Melhores saudações
               António Neves Berbem
      ( 16/3/2015)
  


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