terça-feira, 3 de março de 2015

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                                                       Marketing

Terça, 03 Março 2015
Ir ou não ir à feira parece ter-se tornado um assunto de discussão pública. Isto entre “achismos”, ovações e pateadas, como é useira e vezeira a voz na praça pública, levando a exaltações que nos ensurdecem para explicações ponderadas e de quem percebe da poda, de quem tem visão para lá do aqui e agora e do que está à volta do seu umbigo.
Apesar de viver nesta região privilegiada da agricultura, neste lugar onde os quase-druídas da singela ervinha fazem o melhor acepipe e se deixa deliciado e aguado o estreante, repetente ou veterano de maratonas gastronómicas, exemplo excelente da patrimonializada dieta mediterrânica, não tenho nem a lavoura nem a restauração como negócio, passando até o ócio só pelos vasinhos de aromáticas no parapeito e pelos petiscos de quando em vez. Mas uma exposição mundial sobre alimentação, parece-me uma ocasião feita de propósito para nós, portugueses, de quem os governantes dizem precisarmos, e concordo inteiramente, que se faça diplomacia económica para exportarmos o que de melhor temos.
Estranho muito a decisão da não ida a Milão, como aplaudi a ida do cacilheiro da Joana de Vasconcelos a Veneza que, embora tenha beneficiado muitíssimo mais uma só pessoa, a própria Joana Vasconcelos que provou merece-lo pelo êxito que foi, proporcionou no tombadilho do Trafaria Praia que incluía um palco, a promoção da cultura portuguesa através de eventos dirigidos ao tipo de público que visitava a Bienal de Veneza, e com um a programação diária que ia desde mesas-redondas com agentes da cena artística portuguesa, até aos concertos com músicos portugueses e convidados de correntes musicais variadas, desde o clássico fado à experimental eletrónica.
É certo que ir à feira ao estilo do “fazer presenças” do famoso do Big Brother em discoteca de província não me parece grande investimento. Também por isso, quando vamos às feiras, enquanto visitantes e possíveis clientes, esperamos encontrar um pouco mais do que a foto do cenário, o panfleto e alguém à espera que lhe façam perguntas. E mesmo que os brindes pareçam ser uma mercadoria apetecida, por quem os distribui e por quem os coleciona, e que haja cada vez mais aqueles que “pintam a manta” para serem diferentes do banal, certo é que omarketing é todo um universo onde a imaginação e a criatividade podem ser postas a funcionar e revelam bem quem o faz, bem ou mal feito.
O marketing, em sentido estrito, é o conjunto de técnicas e métodos destinados ao desenvolvimento das vendas, e nele trabalha-se, muito provavelmente entre muitas outras áreas, os preços, as questões da distribuição, a essencial e pluriforme comunicação e, já agora, também o próprio produto que se quer vender. Mas o marketing é também um processo social, no qual uns obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros. Em marketing, o valor pode-se definir como os benefícios gerados para o cliente em razão do seu sacrifício em adquirir um produto ou serviço. Oferecer ou agregar valor é um conceito diretamente relacionado com a satisfação do cliente, e diz-se que é este um dos principais objetivos do marketing já que quem trabalha em marketing esforça-se para determinar quais são, então, as necessidades e desejos dos consumidores. Ora, quando tão naturalmente e com o toque português vamos tendo tanto e tão bom para dar a comer a esse mundo, o que não deverá faltar em Milão a partir do mês de maio e durante seis meses, seria oportunidade de termos cada vez mais apreciadores, importadores e investidores. Ou estamos em maré de podermos dizer que o que temos nos basta para continuarmos assim, muito simples e pequeninos e dizer: «Está booooom!»?
Cláudia Sousa Pereira


Sem comentários: