quinta-feira, 12 de março de 2015

A HABITUAL CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


Quinta, 12 Março 2015 
O Presidente da República voltou a falar e já se sabe que quando fala dá mais uns pontapés na noção generalizada que temos das funções e do papel que a primeira figura do Estado deve ter.
Questionado sobre os alegados incumprimentos fiscais (em sentido lato) do primeiro-ministro afirmou que era uma questão de luta politico partidária e como tal não se pronunciava.
Ao “não se pronunciar” desta forma, acabou por se pronunciar com os mesmos argumentos do seu partido desvalorizando a questão e atirando para cima das oposições o ónus de estar a lançar na batalha política questões menores e ataques pessoais, quando deveria estar preocupada com as “grandes questões” nacionais.
Cavaco é, como se sabe desde o famoso tabu da sua primeira candidatura, um péssimo gestor do silêncio, mas consegue ser ainda um pior gestor das palavras.
Confrontado com uma chuva de justas críticas sobre a falta de isenção que lhe é exigida para o cumprimento das funções que ocupa há quase dez anos, voltou a falar para pedir aos partidos para se empenharem no combate à pobreza. Só não é o cúmulo da hipocrisia porque o homem é daqueles atletas que pode sempre bater mais um recorde.
O homem que esteve sempre ao lado do governo do seu partido na defesa do empobrecimento dos portugueses, que é um defensor do famigerado “ajustamento”, que mantém em funções um governo que perdeu a sua base social de apoio, quer agora que “os partidos” combatam a pobreza que ele e o seu governo defendem como necessária?
Começa a não haver palavras para qualificar o exercício da função presidencial pelo actual ocupante do Palácio de Belém.
Até os insuspeitos Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa assumem uma posição crítica perante o seu correlegionário.
Como o tempo lhe parece sobrar ainda se deu ao luxo de traçar o perfil do seu sucessor alinhando um conjunto de “qualidades” e “competências” que seriam, na sua opinião, essenciais, num exercício muito parecido com aquele que a madrasta da Branca de Neve fazia quando perguntava ao espelho se haveria alguém mais bela que ela.
Um modesto conselho, não gaste muitas palavras com essa questão, o perfil do próximo presidente traça-se em meia dúzia de palavras: tem de ser oposto do “perfil” do actual.
Até para a semana
Eduardo Luciano


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