|
Quarta, 18 Março 2015
Em ano eleitoral,
particularmente, nas democracias do sul da europa, os excessos de ideias, de
linguagem e de propostas irrealistas, são muitas vezes o diapasão dos políticos
e dos partidos. É assim mesmo. Errado ou acertado, a realidade é o que é e não
o que nós gostaríamos que fosse, por muitas e boas razões que nos possam assistir.
No entanto, não me parece curial, nem
benéfico para o bem da comunidade politicamente organizada, que se parta para
uma análise dos factos que se sucedem em catadupa, no presente ano político,
sem o recurso à objectividade devida.
Dito isto, talvez se
devam colocar as perguntas seguintes: O país foi ou não resgatado
financeiramente, há quatros anos atrás. A intervenção externa deveu-se ou não à
ingovernabilidade, tanto da dívida pública, como, também, do descontrolo do
défice das contas públicas. A evolução da produção da riqueza na última década
foi ou não quase insignificante.
Por outro lado,
durante o período em que decorreu o resgate externo, a credibilidade do país
foi ou não aumentando junto dos credores internacionais. É ou não verdade que os
juros da dívida pública, aos poucos e poucos têm vindo a decrescer de forma
notória e acentuadamente, para taxas inauditas, devido ao seu baixo valor. É ou
não verdade que o desemprego tem vindo a decrescer e o emprego a aumentar.
Na verdade, é com
muita dificuldade intelectual que vejo os críticos da actual governação, a
recorrerem a apreciações de carácter e de idoneidade, para enfatizarem o seu
descontentamento. Por isso, não posso deixar de pensar e de perguntar aos
críticos do costume, imparciais e cheios de virtudes, quer privadas, quer
públicas, onde estavam e o que faziam quando em governações anteriores, o
endividamento público, em muitas ocasiões, era realizado para a concretização
de investimentos desnecessários e improdutivos, que, directamente, vieram a dar
causa ao colapso financeiro do país.
Pelo que, em minha
opinião, face à realidade dos factos e não às construções mais ou menos
ficcionadas da realidade, não antevejo que apareçam propostas políticas
diferentes das defendidas pelo atual primeiro-ministro, que possam conduzir o
nosso país à credibilidade externa, ao investimento e à criação de emprego, com
o desiderato da defesa da dignidade da pessoa humana. Confio, portanto, na
clarividência da maioria do povo português.
José Policarpo
Sem comentários:
Enviar um comentário