quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O NOSSO COLABORADOR E AMIGO AUGUSTO MESQUITA FOI O GRANDE IMPULSIONADOR DO RECENTEMENTE INAUGURADO MUSEU DO G.U.S

Porque de todo o interesse para todos os que não puderam estar presentes, e porque o apelo à entrega dos troféus desaparecidos se reveste de uma maior divulgação, aqui lhe deixamos o texto completo do discurso proferido por este ilustre montemorense, quando da recente cerimónia.

                   Quem foi Tomé Adelino Vidigal que hoje homenageamos?
  Foi um ilustre montemorense, tipógrafo de profissão, jornalista, e correspondente entre outros, dos diários lisboetas “O Século”, o “Diário de Notícias”, o “Diário Popular”, o “Diário de Lisboa” e a “República”.
 Fundou o semanário “O Montemorense”, que apareceu ao público pela primeira vez em 14 de Janeiro de 1932.
Durante os seus 15 anos de existência este semanário foi feito na Tipografia União (homenagem ao seu clube do coração), composto manualmente com caracteres de chumbo, e impresso a pedal numa velha máquina. O meu querido amigo Leopoldo Gomes sócio número 1 do União, é o único herói ainda vivo, que colaborou na composição e impressão de “O Montemorense”.
 Este jornal teve alguns problemas com a censura e a burocracia da época, que levou Tomé Adelino Vidigal a sentar-se no banco dos réus, episódio caricato, que publiquei na “Folha de Montemor” em Novembro de 2009. “O Montemorense” atravessou uma época difícil. Apanhou a Guerra Mundial, a qual provocou uma falta de bens essenciais à vida, os quais foram racionados. A aquisição do próprio papel para a feitura do semanário deu muitas dores de cabeça aos responsáveis pelo jornal. Com o material gráfico arruinado e desactualizado, “O Montemorense” chegou ao fim, no dia 31 de Dezembro de 1947. O seu desaparecimento, originou inevitavelmente, o não registo de vários acontecimentos, que ao serem relatados, viriam enriquecer, a vasta história de Montemor-o-Novo.
Por tudo isto, a Câmara Municipal, resolveu homenagear Tomé Adelino Vidigal, atribuindo o seu nome a uma rua da cidade. Foi uma justa homenagem!
Conheci, e contactei variadíssimas vezes com Tomé Adelino Vidigal. Quase sempre, as nossas conversas relacionavam-se com a actividade do Grupo União Sport. Parte da sua história foi-me relatada por este grande unionista.
Dois meses e pouco depois da fundação do Clube, mais concretamente no dia 7 de Fevereiro de 1915, o Grupo União Sport realizou no campo improvisado do Rossio, o seu primeiro jogo, contra o Académico de Évora, do qual saiu vencedor por 4 a 1. Desta equipa, fazia parte o polivalente Tomé Adelino Vidigal, que tanto jogava a guarda-redes como a defesa. Também representou o União na modalidade de atletismo, nas valências do lançamento do peso e do disco.
Na época de 1929/30, o GUS conquistou o primeiro título distrital e como se pode ver na foto existente, no Museu, Tomé Vidigal faz parte do onze unionista.
Arrumadas as chuteiras, por várias vezes, fez parte dos Corpos Gerentes do GUS.
Tomé Adelino Vidigal participava assiduamente nas Assembleias Gerais e Sessões Solenes do GUS. Quis o destino, que falecesse de ataque cardíaco, na Sessão Solene comemorativa do 64.º aniversário do seu União, que se realizou na sua sede, no dia 17 de Novembro de 1978.
Um ano depois, a Assembleia Geral deliberou por unanimidade, homenagear este grande unionista, descerrando na sede a sua foto.
Passados trinta e cinco anos, já com o estatuto de centenário, o GUS inaugura o seu “Museu”, e em boa hora, a Assembleia Geral deliberou novamente por unanimidade, atribuir o seu nome ao Museu.


                                                        O que é um museu
Um museu é um espaço onde se preserva a memória de um país, de uma cidade, ou de uma colectividade. É o lugar de histórias interessantes, que nos faz viajar no tempo. Neste caso concreto, o museu é também o lugar, que nos permite verificar as mudanças ocorridas na longa vida do Glorioso Grupo União Sport.
Desde a sua fundação em 17 de Novembro de 1914, até à actualidade, o nosso Clube foi coleccionando troféus, muitos troféus, e arquivando documentação diversa, comprovativa do seu notável percurso.
Pelo facto da sua sede ter estado instalada em oito locais diferentes, muito do seu património desfez-se no decorrer das mudanças, mas, não restam dúvidas, que também antigos dirigentes, por ignorância ou por maldade, encarregaram-se de destruir muitos pedaços da História do Grupo União Sport. Não existem actas antigas, não se sabe do primitivo ficheiro de sócios, de fotos que estiveram penduradas na Galeria de Honra, das inúmeras fitas que estavam colocadas no estandarte, em suma, o seu arquivo histórico foi destruído, e até, algumas taças conquistadas em provas oficiais, entre elas, as quatro Taças de Portugal de Tiro aos Pombos, desapareceram… Mas, o que resta, atesta a grandeza do União.
Aproveitando esta data história, da comemoração do centenário do Grupo União Sport, conhecido no mundo da bola por União de Montemor, metemos mãos à obra, e demos um empurrão, um grande empurrão, para transformar o depósito de troféus e de fotos, num museu. O primeiro passo está dado.
O museu, permite ao estimado visitante voltar ao passado, e ficar a conhecer um pouco mais da história do União: Sabia que o Estádio 1.º de Maio, inaugurado em 1 de Maio de 1927, possuía além do tradicional peão, bancadas, camarotes e balneários? Que além do rectângulo de jogo, possuía uma pista de atletismo e de ciclismo? Que possuía um Campo de Ténis a quem foi posto o nome de Alexandre Folgado Queiroz? Que o ciclista unionista António Silva, participou na V Volta a Portugal em Bicicleta, e no 16.º Porto – Lisboa? Que o União, além do ciclismo, possuía equipas de atletismo, de basquetebol, de voleibol, de tiro, e de pingue-pongue? Que a primeira etapa da VI Volta a Portugal em Bicicleta teve o seu términos na pista do GUS? Que por 3 vezes o União esteve quase a ingressar na 1.ª Divisão Nacional? Que em nome do progresso, a JAE expropriou ao GUS, uma parcela de terreno do seu Estádio, para construir a Avenida Gago Coutinho? Que essa desapropriação, originou a eliminação da pista, e do polidesportivo, onde se praticava o basquetebol e o voleibol? Que o Estádio 1.º de Maio, foi o primeiro campo no Alentejo a ser electrificado, para a realização de jogos oficiais? Que em 1974 o jogo Atlético – União, foi transmitido directamente pela RTP? Que graças à colaboração dos unionistas e dos amigos do Clube, foi inaugurada em 17 de Novembro de 1982 a sede social composta por 3 pisos, e entregue ao Clube livre de qualquer encargo? Que em 1985 o Estádio foi remodelado e relvado? Que em 1996 foram inaugurados os balneários de nível europeu? Que em 2003 foi inaugurada a bancada coberta? Que com transmissão directa na RTP, que mostrou a milhões de telespectadores o nosso complexo desportivo, realizou-se a final da Super Taça de Râguebi? Que o Estádio 1.º de Maio foi palco de 2 jogos internacionais com transmissão televisiva (resumos)? Que os grandes clubes do nosso futebol reforçaram os seus quadros com atletas unionistas? Estes, e outros acontecimentos, podem ser comprovados no Museu do União.
 Neste modesto local, vamos descobrir coisas novas, pois o museu é um lugar de descobertas!



Antes da visita, termino com a seguinte nota:
Há uns anos atrás, o Grupo União Sport viu-se despejado aos poucos, da quase totalidade do seu legado. O desaparecimento destes valiosos comprovativos, que durante anos preservou religiosamente, deixaram marcas, e de repente, a amnésia toma conta dele. Sabia apenas que tinha nascido no dia 17 de Novembro de 1914, a uma terça-feira, e os nomes dos seus progenitores Esqueceu-se do local onde nasceu, das casas onde morou, das remodelações feitas no seu estádio, da mudança para a habitação própria novinha em folha, e do resultado de muitos e muitos jogos realizados. Este extravio, leia-se “destruição do seu Arquivo Histórico”, transformou-o completamente numa pessoa debilitada.
 Depois de tanto penar, em 2004 surgiu uma mezinha caseira denominada “Contributo para a História do Grupo União Sport”, impressa na minha “Epson”, e encadernada na “Cercimor”, que atenuou o seu padecimento. Fazia luxo em contar aos mais novos, o seu já longo percurso de vida, através de descrições sintetizadas, que pasmaram a maioria dos seus adeptos.
Uma década depois, toma novos medicamentos, desta vez, prescritos por Manuel Joaquim Roque, denominado “Grupo União Sport – uma década rumo ao Centenário (2004 – 2014)”, e de novo por Augusto Mesquita, o texto do “Catálogo do Museu”. Estes curativos devolveram-lhe quase por completo a memória perdida, pelo que, presentemente, tem a resposta na ponta da língua, às mais diversas questões que lhe são colocadas sobre o seu precioso currículo
Mas, não há bela sem senão... o reaparecido União apercebeu-se que durante a sua doença, desapareceram alguns troféus e desabafou: como foi possível???
Em nome deste reavivado Grupo União Sport, transmito o seguinte apelo: se alguém souber do paradeiro do troféu referente ao Campeonato Distrital de 1929/30 (primeiro título conquistado), do título referente à época 1959/60, dos troféus referentes ao Campeonato Nacional da 2.ª Divisão “Zona D”, conquistados em 1949/50, 1950/51 e 1951/52, da Taça de Honra referente época 1944/45, da Taça de Évora conquistada em 1948/49, das quatro Taças de Portugal de Tiro aos Pombos, vencidas em 1936, 1941, 1943 e em1944, assim como da “Monumental Taça de Portugal” alcançada em 1943, que apenas pode ser apreciada em foto existente no Museu, o espoliado agradece que lhe comuniquem o paradeiro dos referidos troféus. VIVA O UNIÃO!
           
Augusto Mesquita
4 de Janeiro de 2015
Fotos: site GUS




           

           


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