Fui para a
academia
Fui para a academia
Aprender bem a tocar
E eu ainda não sabia
Que tinha o dom de
cantar
I
Esta minha vocação
Ate já nasceu comigo
Embora como lhes digo
A maior disposição
Era bailes de salão
Era grande a alegria
Fosse de noite ou de
dia
Quando me viam chegar
Mas eu para estudar
Fui para a academia
Eu dei os primeiros
passos
Lá nos bailes da
aldeia
Tinha sempre a casa
cheia
Moças com saias e
laços
Envolvidas em abraços
Como eu estava a
começar
A boa arte de teclar
Peguei então na
sacola
Pensei em ir para
escola
Aprender bem a tocar
III
Mas eu uns toques já
dava
E às garotas eu
falava
Embora sempre
discreto
Sempre fui muito
correcto
E nunca me esticava
Andava a Cremilde e a
Bia
A Matilde e a Maria
Com o seu ar de
soslaio
Para o tocador
catraio
E eu ainda não sabia
E com grande
admiração
Alguns me viam tocar
E as garotas sempre a
olhar
Tinha um belo
acordeão
E já cantava o refrão
Quando ia abrilhantar
Um baile nalgum lugar
Cantava com alegria
Mas ainda não
conhecia
Que tinha o dom de
cantar.
Vítor Pisco
11/12/2014
No Alentejo a bolota
É bonita de se ver
Sai como peixe da
lota
Para dar e para
vender
I
Da azinheira colhido
Já dá para iguarias
Transforma em
alegrias
Os rostos mais
abatido
E mesmo até os caído
Até já dá para
compota
Ou provar com uma
garota
Debaixo de um
chaparro
Comendo a meias do
tarro
No Alentejo a bolota.
II
E eu quando era rapaz
Ouvia na minha aldeia
Tinham sempre a casa
cheia
Em cestas com ananás
Vi-o também em cabaz
Até dava para cozer
Numa panela a ferver
Lá na saudosa lareira
O fruto da azinheira
É bonito de se ver.
III
Cheguei a ver nas
tabernas
Acompanharem à grande
Está prima da glande
Mesmo à luz de
lanternas
E o copo entre pernas
Esta iguaria marota
Cheguei a ir a ela de
mota
pois aqui no Alentejo
há bolota de sobejo
sai como peixe na lota.
IV
E depois de triturado
Para rações e
farinhas
Dá-se no meio de
vinhas
Para dar de comer ao
gado
Sempre muito
apreciado
Mas até para se
colher
Também tem que se
aprender
Este fruto doce e
duro
Que dá depois de
maduro
Para dar e para vender.
Vítor Pisco
18/12/2014
AVISTO... O MEU
ALENTEJO!
Avisto
a grandeza da planície
No
meu Alentejo!
A
simplicidade... que aos olhos encanta,
A
serenidade da gente, a voz que se levanta,
A
aspereza das mãos...
o
silêncio que tudo movimenta!
Avisto
os rios e os lagos,
Os
olivais e sobreiros,
Os
montes e tanto gado,
Pastando
o dia inteiro.
Avisto
e ouço o chilrear do passarinho,
A
queda das águas descendo,
Vem o
sonho devagarinho.
Avisto
nos galhos das árvores, o sussurrar,
O
dormitar...., o amar,
Traços
no céu esvoaçando.
Avisto
o solo alagado,
O
fumegar do bafo,
O
bafo do campo gelado,
a
chuva a desabar tão forte,
o
telintar... esse toque...,
O
tição... a brasa quente,
O
amornar que se sente!
Avisto
o verão ardente... calado,
O
sono tão incontrolado,
O
solo dourado,queimado.
Avisto
a cor da primavera,
O
renascer da quimera,
A luz
que brilha na terra.
Avisto
o Outono tão belo,
Verde,
laranja,amarelo,
espelhos
de água a refletir,
pinturas
… a emergir,
Avisto
alabaças e acelgas,
Os
poejos perfumados,
Óregãos
e beldroegas,
Os espargos
e saramagos.
Saindo
na terra gretada,
Os
cogumelos discretos,
Por
caminhos rudes... dispersos.
Tantos
cheios e sabores
povoando
a extensa paisagem,
Nas
iluminadas e lindas cores
Provocadoras
de imagem.
Avisto
o galo a cantar
Por
cima do galinheiro,
A ovelha a berrar,
E o
autoritário carneiro.
Avisto
o restolhar dos seres,
pelo
campo a rastejar,
Entre
medos e prazeres,
Nas
belas noites de luar
Avisto
o nascer do sol,
Esse
reluzir incandescente
Que
replica a poente
E
pasma o sentir, da gente
Alentejo
com sotaque
Que
despertas humoristas
Tanta
gente a invejar-te
Pela
calma que lhe suscitas
17-12-2014
Maria Antonieta Matos
Desenho do meu amigo Costa Araújo
Desenho do meu amigo Costa Araújo
2 comentários:
A foto não é de bolotas mas de alandeas.
Mas isso tem alguma importancia? Ser bolota ou lande? Alandeas é que não são concerteza.
Ele há cada um!
Enviar um comentário