Segunda, 10 Novembro 2014
09:33
António Costa apresentou as linhas
gerais da sua moção estratégica a apresentar no Congresso do PS. Sabemos que
esta moção política definirá as principais linhas de actuação caso chegue à
vitória nas legislativas.
Neste documento nenhuma referência à dívida, e muito
menos à sua reestruturação. Zero linhas de afronta às atuais instituições
europeias. Está lançado o programa, fica claro por onde poderá fazer pontes...
Falar aos microfones vale o que vale. Este documento representa aquilo que
realmente pensa... Rui Rio subscreverá, sem hesitar, e na íntegra, este
documento. A verdadeira esquerda só pode repudiá-lo.
Há quem ainda tenha dúvidas, mas para
mim tudo fica mais claro.
E por falar em Moções. A Convenção do
Bloco de Esquerda aproxima-se, e a Moção U, que tenho o orgulho em apoiar é
clara em dois aspectos: 1) considera ser necessário estender pontes e
convergências à esquerda para que em breve possa haver um governo
verdadeiramente socialista em Portugal; 2) deixa claro quais os 11 desafios
fundamentais para o governo ou oposição. São as bases mínimas para qualquer
entendimento. Estes desafios são:
- Romper
com a austeridade, repondo salários, pensões e subsídios.
- Referendo
para desvinculação do Tratado Orçamental.
- Reestruturação
das dívidas pública e externa.
- Aumento
do salário mínimo nacional.
- Reforma
fiscal, baixando impostos sobre trabalho e bens essenciais e taxando as
grandes fortunas.
- Recuperação
dos serviços públicos essenciais: saúde, educação, segurança social.
- Nacionalização
do sistema bancário e dos recursos privatizados ou concessionados.
- Revisão
do código do trabalho, com devolução dos direitos e da contratação
coletiva.
- Combate
à corrupção, pelo fim da promiscuidade entre política e negócios e pela
criminalização do enriquecimento ilícito.
- Democracia
paritária, com igualdade de oportunidades e combate à violência de género.
- Recusa
das guerras do império e saída da NATO.
Porque a esquerda não se proclama, mas
afirma-se pelas acções. Estes são os desafios que colocamos e por eles nos
bateremos no futuro.
Até para a semana!
Bruno Martins
1 comentário:
OBS.
Ora aqui está um conjunto de tópicos programáticos do mais irrealista que se pode ir livremente escrevendo e imaginando.
Se bem que, em termos puramente idealistas, até pudéssemos estar de acordo, este escrito ignora completamente que a dominante principal da politica é sempre a correlação de forças nacionais e internacionais. Ou para ser mais exacto,o jogo de poderes que se têm ou não se têm pelo que não vale a pena estarmos a inventá-los porque depois ninguém defende e acredita nisso.
Só para dar um exemplo, a proposta francamente irrealista de deixar a NATO, numa altura em que o mundo começa a estar em ponto de ebulição guerreira, deixava a segurança e a defesa do país, Portugal, por conta de quem?... De nós próprios,pequenos e sozinhos na cena internacional?..
A quem iríamos pedir ajuda? Novamente aos ingleses, aos franceses, aos americanos, aos russos tal como já nos vimos obrigados a fazer ao longo da nossa existência e precária História?
Vamos lá ter ponderação e pensar nas coisas com maior realismo e mais calma sob pena de, efectivamente, estarmos a pregar no deserto...
OU, como dizia, Simão Bolivar,(um herói de Esquerda moldado em parte no Iluminismo)arriscando andar, ingloriamente, apenas "a lavrar no mar".
Melhores saudações
ANB
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