Outono
Caem sobre o chão as folhas mortas,
Desencadeiam
um matizado de pasmar,
Outono
de ventos, de águas tortas,
Tuas
árvores tristonhas a desnudar.
Dias
cinzentos, mar encrespado,
Silêncios
que cismam ao olhar,
Morre
o sol num disfarce acanhado,
Morrem
os dias num comovente chorar.
Do
ar soam toques de piano,
Um
dedilhar fantasiado a murmurar,
Pautando
notas a sonar ao oceano.
As
noites crescem e cansam o pensar,
Neste
silêncio intimo insano,
Desabrocham
cânticos a proclamar.
Maria
Antonieta Matos 30-09-2014
Desenhos do meu amigo Araújo
Desenhos do meu amigo Araújo
MARCAS DO TEMPO
Inalou
nos meus sentidos,
O
cheiro de terra molhada,
E
vi regatos refletidos,
Nas
pedrinhas da calçada.
Casas
de pedra marcadas,
Com as cores deprimidas,
Casas de branco, caiadas,
Pela chuva escurecidas.
Saudosas da velha gente,
Que os tempos viram passar,
Triste rua descontente.
Esperando os filhos para brincar,
Que se ocupam aferrolhados,
Deixando a vida passar.
Maria Antonieta Matos
In Poetizar Monsaraz Vol. II
Com as cores deprimidas,
Casas de branco, caiadas,
Pela chuva escurecidas.
Saudosas da velha gente,
Que os tempos viram passar,
Triste rua descontente.
Esperando os filhos para brincar,
Que se ocupam aferrolhados,
Deixando a vida passar.
Maria Antonieta Matos
In Poetizar Monsaraz Vol. II
Mote
Subi até à rendeira
Na minha motorizada
Avistava na ladeira
Pássaros em debandada
Avistava na ladeira
Pássaros em debandada
1ª
Saía de casa às vezes
Para brincar com colegas
No tempo das beldroegas
Via ninhos de perdizes
E de pastores aprendizes
Nas sapatas da barreira
Via melros na nogueira
Nos montes lá para a venda
Via pastores numa tenda
Subi até à rendeira
Saía de casa às vezes
Para brincar com colegas
No tempo das beldroegas
Via ninhos de perdizes
E de pastores aprendizes
Nas sapatas da barreira
Via melros na nogueira
Nos montes lá para a venda
Via pastores numa tenda
Subi até à rendeira
2ª
Nos campos do Alentejo
Via veredas de barro
Pastores com coxo e tarro
Azeitonas de sobejo
Na açorda de poejo
Vi sesões na alvorada
Parentes da abetarda
Quanto ia lá para Pias
Passava pelo Tobias
Na minha motorizada
Nos campos do Alentejo
Via veredas de barro
Pastores com coxo e tarro
Azeitonas de sobejo
Na açorda de poejo
Vi sesões na alvorada
Parentes da abetarda
Quanto ia lá para Pias
Passava pelo Tobias
Na minha motorizada
3ª
Por esses vales e montes
Via campos de lilases
Via correr codornizes
Que iam beber às fontes
E avistava horizontes
Via melros na ameixeira
Trigueirões na revilheira
Também via tentilhões
E com as crias toirões
Avistava na ladeira
Por esses vales e montes
Via campos de lilases
Via correr codornizes
Que iam beber às fontes
E avistava horizontes
Via melros na ameixeira
Trigueirões na revilheira
Também via tentilhões
E com as crias toirões
Avistava na ladeira
4ª
Vi bons figos nas figueiras
Faziam um bom conduto
Ao pastor rude e astuto
Bem secados em passeiras
No monte das laranjeiras
E para espreitar a passarada
Fazia-se uma arramada
Via sair dos milhais
Estorninhos e pardais
Pássaros em debandada
Vi bons figos nas figueiras
Faziam um bom conduto
Ao pastor rude e astuto
Bem secados em passeiras
No monte das laranjeiras
E para espreitar a passarada
Fazia-se uma arramada
Via sair dos milhais
Estorninhos e pardais
Pássaros em debandada
Vítor
Pisco
26/09/2014
26/09/2014
Mote
Eu olhei para a figueira
Mas aos figos não cheguei
Fui então à romazeira
E marmelos encontrei
I
Vi bons figos a luzir
mas estavam muito altos
nem com varas e aos saltos
os consegui fazer cair
pensei logo em desistir
nem em cima da cadeira
nem com pau de oliveira
pensei logo numa açorda
com uma sardinha gorda
eu olhei para a figueira.
II
Eu nem passas vi no chão
pensei logo noutro fruto
para servir de conduto
peguei logo num melão
mas figuinhos é que não
peguei num par de marmelos
e pensei logo em comê-los
até peras encontrei
mas aos figos não cheguei.
III
Vi maçãs e vi meloas
Pêssegos nos pessegueiros
galinhas nos galinheiros
romãs vermelhas e boas
vi marmelos e gamboas
vi nozes numa nogueira
um pombo numa roseira
Mas tinha a cesta vazia
porque figos não havia
fui então à romaneira.
IV
Pensei numa marmelada
fui então pelos atalhos
e então entre dois galhos
no meio duma pernada
Pus a cesta entalada
para as arvores espreitei
depois a rama puxei
perto dos canaviais
vi um galo e dois pardais
E marmelos encontrei.
Vítor Pisco
28/09/2014
Mas aos figos não cheguei
Fui então à romazeira
E marmelos encontrei
I
Vi bons figos a luzir
mas estavam muito altos
nem com varas e aos saltos
os consegui fazer cair
pensei logo em desistir
nem em cima da cadeira
nem com pau de oliveira
pensei logo numa açorda
com uma sardinha gorda
eu olhei para a figueira.
II
Eu nem passas vi no chão
pensei logo noutro fruto
para servir de conduto
peguei logo num melão
mas figuinhos é que não
peguei num par de marmelos
e pensei logo em comê-los
até peras encontrei
mas aos figos não cheguei.
III
Vi maçãs e vi meloas
Pêssegos nos pessegueiros
galinhas nos galinheiros
romãs vermelhas e boas
vi marmelos e gamboas
vi nozes numa nogueira
um pombo numa roseira
Mas tinha a cesta vazia
porque figos não havia
fui então à romaneira.
IV
Pensei numa marmelada
fui então pelos atalhos
e então entre dois galhos
no meio duma pernada
Pus a cesta entalada
para as arvores espreitei
depois a rama puxei
perto dos canaviais
vi um galo e dois pardais
E marmelos encontrei.
Vítor Pisco
28/09/2014
1 comentário:
GOSTEI !
O Sr. Vitor Pisco fez-me recordar
bons tempos da minha meninice.
Recordo bem a ladeira,
mas nasci no Alandroal;
Tive um tio na Rendeira,
que era Guarda Florestal.
Tenho saudades da Pias,
lá moravam tios e tias;
Um,de profissão barbeiro,
Outro, que era o carteiro.
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