Quinta, 16 Outubro 2014 11:00
Apresentada a proposta de Orçamento de
Estado para 2015, acabaram-se as teses e teorias, as expectativas e as contas
de fingir, acrescidas de uma dose de cinismo que os analistas sempre colocam
quando se põem a prever quem vai ganhar ou perder com o novo orçamento, como se
não soubessem que ganham sempre os mesmos e sempre à custa dos mesmos.
A proposta de orçamento deve ser tão clara que não houve forma
de grande manipulação (a pequena é sempre possível) por parte dos órgãos de
comunicação social.
Temos notícia de que o relatório que acompanha a proposta de
orçamento é uma verdadeira peça de acusação contra um órgão de soberania, o
Tribunal Constitucional.
Temos notícia de que o ensino básico e secundário e a justiça
sofrerão ainda cortes mais profundos.
Temos notícia que a tão badalada redução das taxas de IRS, com o
CDS a fingir propor coisa diferente, afinal é atirada para 2016 e condicionada
a factores que ninguém controla como o combate à fraude e evasão fiscal.
Dizer aos que não podem fugir que lhes é devolvido o dinheiro do
saque se os que podem fugir decidirem deixar de o fazer, só não é um embuste
porque a coisa é tão mal confecionada que toda a gente percebe que não vai
acontecer.
Sabemos que a cláusula de salvaguarda relativamente ao IMI
termina no final de 2014 e temos notícia que não existe nenhuma nova medida
incluída no orçamento, pelo que iremos assistir ao disparar da factura do IMI
para maioria das famílias que adquiriram casa própria.
Ouvimos a ministra das finanças na televisão e ficamos com a
certeza (se dúvidas houvesse) que este governo vai prosseguir até ao último dia
do seu mandato a mesma política de empobrecimento do país, de acentuar das
desigualdades, de ataque às funções sociais do estado retirando-lhe ainda mais
meios e financiamento.
Confirmam-se todas as razões que têm levado a exigência da queda
do governo e que alguma oposição, por mero cálculo, deixou de reclamar, na
esperança que o poder lhe venha cair ao colo por força do seu apodrecimento.
Uma cereja em cima do bolo é termos o primeiro-ministro a
recusar a ideia de fanatismo orçamental porque teve a ousadia de propor o
deslize do santo défice em duas décimas.
A outa cereja é defender que o orçamento é uma derrota para o
CDS, quando se trata de facto do contrário.
O CDS andou a defender a ideia de moderação fiscal, coisa que
não acontece no orçamento para 2015, sabendo que jamais isso iria acontecer.
Assim faz o papel do parceiro sensível e bonzinho, pretende
garantir a simpatia de uma faixa do eleitorado que sempre tenta seduzir em cada
eleição e não põe em causa a verdadeira intenção que é prosseguir com o
parceiro de coligação a política que destruição do país.
É uma outra versão da rábula do “irrevogável”.
Até para a semana
Eduardo Luciano
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