Terça, 28 Outubro 2014 09:39
Hashtag é uma expressão bastante comum entre os que usam as redes sociais,
na Internet. Consiste no uso de uma palavra-chave antecedida pelo
símbolo do cardinal, aquele que parece a grelha de jogarmos ao velhinho
jogo-do-galo. Tagssão as palavras-chave, ou seja as mais
relevantes, ou as que associamos a uma informação, tópico ou discussão que se
deseja realçar de forma explícita.
Os hashtags são utilizados para categorizar os
conteúdos publicados nas redes sociais, ou seja, criam uma interação dinâmica
do conteúdo com os que interagem na rede social, alertando-os para o que
poderá interessá-los no respetivo assunto publicado. Surgiram e
tornaram-se populares no Twitter, que categorizava os assuntos mais populares
do momento criando-se uma espécie de top a que se chamou trending
topics.
Os utentes desta rede utilizam os hashtags para
justamente classificar o que publicam, e que deve ter menos de 140
caracteres, em assuntos específicos. É uma espécie de "arquivo" ou
"pasta" para organizar os conteúdos no que é o imenso mundo da
comunicação pela Internet e são já, não apenas uma ferramenta para organizar
os conteúdos publicados, como se transformaram em "armas
publicitárias" entre as empresas e instituições que utilizam as redes
sociais como meio de comunicação e marketing. Devido ao seu uso difundido, o
conceito foi adicionado ao dicionário da língua inglesa Oxford, só em junho
deste ano e também passou a designar o próprio símbolo do cardinal, quando
utilizado desta maneira.
Trazer o hashtag a esta crónica veio a propósito da
etiquetagem que é comum fazer-se das pessoas e que tem, depois, reações no
sentido contrário igualmente extremistas. Eu explico. Costumamos enfiar as
pessoas em sacos e etiquetá-los assim: os funcionários públicos, os desempregados,
os banqueiros, os políticos, os jovens, os idosos, os médicos, os gordos, os
baixos, os de direita e os de esquerda, etc., etc. quando nos dá jeito.
Sobretudo, para dizer mal dos próprios ou contestar alguma coisa em seu
favor. Já no extremo oposto, surge muitas vezes a expressão “cada caso é um
caso” que, a bem dizer também me causa algum desconforto, já que percebendo
muito bem o que se entende por dar a cada caso uma atenção especial, o que
não é a mesma coisa, se cada caso fosse realmente um caso não havia, por
exemplo, ciência. E também, por isso, nas ciências humanas e sociais,
convencionalmente menos exatas, as generalizações devem acontecer na
sequência de estudos suficientemente abrangentes, com amostras bastante
alargadas, para que as exceções à regra sejam isso mesmo e se entenda que
quando se age em função de um grupo, há particularidades que podem ficar para
outro plano. Aliás, se como também é comum dizerem os que sentem alguma
afinidade entre si, apesar das diferenças, que “é muito mais o que nos une do
que os que nos separa”, então é porque reconhecemos que as fronteiras são
lugares fluidos e que, por vezes, há que dizer de forma clara e
esclarecedora, o que nos distingue e o que nos aproxima. Ou por outra, às
vezes não é preciso dizer nada, pois ao fim de algum tempo de contacto e
convivência tudo fica esclarecido. Preciso é dar tempo ao tempo, coisa que
parece mais do poema de um fado do que da vida de nós todos comuns mortais. É
deixá-los andar.
Cláudia Sousa Pereira
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