A evolução do Rossio e
a denúncia de um horroroso crime
Rossio (na grafia
antiga Rocio) começou por ser um substantivo comum, que designava um terreno
plano, de alguma extensão, que era roçado ou fruído em comum pelo povo.
Primitivamente, depois de o terreno ser desbastado e reparado, os rossios
serviam para se semearem cereais, para hortas ou para pastagem de gados da
comunidade. Assim, tornaram-se pontos de encontro e de reunião dos moradores, e
centros de trocas comerciais. As feiras no Rossio iniciaram-se no século XIV e
mantiveram-se até ao século XX.
O
Rossio foi-se desmembrando, e dessas desanexações,
O CONVENTO
DAS BEATAS DE NOSSA SENHORA DA LUZ foi inaugurado em 10 de Julho de
1585. Em Agosto de 1882 acolheu o Hospital Civil de Santo André. No seu
quintalão, foi construído em 1941 o Lar dos Pequeninos.
O CONVENTO
DE S. DOMINGOS, ou de SANTO ANTÓNIO, da
Ordem Dominicana, foi inaugurado em 1619. Em 1972 o convento foi adquirido pelo
Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo para sua sede social. surgiram as seguintes
valências:
A HORTA DE
D. AFONSO tem casario antigo,
do milésimo seiscentista. A casa solarenga principiou a ser restaurada com
intenção monumental, em 1940, sob risco do arquitecto Amílcar Pinto, mas ficou
incompleta, e o edifício abandonado. Os herdeiros de Joaquim Falcão Marques dos
Santos doaram o imóvel à Santa Casa da Misericórdia. Desde 2006 que a
instituição possui um projecto social para o local, o qual aguarda
financiamento.
A HORTA DO
CHAFARIZ DO POCINHO inicialmente
designada por ferragial do Vale de Corvos, sobranceira ao chafariz que lhe deu
o nome, foi da família Pratas, no reinado de D. João V (1706-1750), que a
transformaram em local de vilegiatura e recreio. O portal de entrada é
majestoso e pitoresco, nos seus volumes e desenho de feição populista, meio
rural meio erudito.
O CHAFARIZ
DO POCINHO foi mandado
construir pela Câmara Municipal no séc. XIX.
A fonte pública, encostada ao murete antigo da Horta de D. Afonso, decorada por
sete torrinhas piramidais, encontra-se em plano muito inferior ao nível da
antiga estrada real, e é protegida por altos suportes de alvenaria.
Tem
taça para cavalaria, e nos lados, bancos para repouso dos caminhantes. O
frontão, triangular, ostenta, no eixo, o brasão da cidade, de forma ovulada e
de mármore branco. Sotoposta existe lápida cronografada: CÂMARA MUNICIPAL / 1867.
Depois
de vários anos abandonado e transformado em lixeira, o velho chafariz foi
restaurado. Mas, inexplicavelmente, este fontanário, classificado como valor
edificado pelo PDM, sofreu um horroroso crime – as sete torrinhas piramidais,
foram destruídas no decorrer da obra de construção do muro de vedação do Parque
Escolar. Quem permite estes crimes, não tem moral, para exigir aos outros, o
cumprimento da Lei.
PRAÇA
DE TOUROS – Em 1881
a Câmara cedeu ao aficionado montemorense António Pedro
Sameiro, uma parcela de terreno no Rossio, com 60 metros de diâmetro, a
fim de nele ser construído uma Praça de Touros. Esta foi inaugurada em 6 de
Agosto de 1882.
CASA DA
BALANÇA – Três anos depois, foi construída a Casa da Balança, destinada a
pesar bovinos, ovinos e suínos.
CINE TEATRO CURVO SEMEDO – Por
escritura realizada em 22 de Outubro de 1925, foi cedido à Comissão Edificadora
do Teatro Curvo Semedo, 4.680
m2 de terreno. As obras iniciaram-se de imediato, sendo
suspensas em 1927 apenas com as paredes levantadas. Este esqueleto, que
envergonhava a antiga vila, manteve-se inalterável durante três décadas. Em 1956, a Câmara Municipal
presidida pelo Dr. José Nunes Vacas tomou conta da obra de Santa Engrácia, e
recomeçou o sonho de muitos montemorenses. O Cine Teatro Curvo Semedo,
considerado um dos melhores a sul do Tejo, foi inaugurado em 17 de Janeiro de
1960.
ESTÁDIO 1.º
DE MAIO – No dia 6 de
Fevereiro de 1926 o Grupo União Sport adquiriu à Câmara Municipal uma faixa de
terreno no Rossio para instalação do seu Campo de Jogos. O terreno vendido mede
pelo norte cento e treze metros e dez centímetros, pelo sul setenta e três
metros e noventa centímetros, pelo nascente cento e quarenta e nove metros, e
pelo poente cento e vinte e nove metros e cinquenta centímetros. O parque
desportivo foi inaugurado em 1 de Maio de 1927. A foto tirada no dia
da inauguração pode ser observada na página 67 do meu livro “Contributo para a
história do Grupo União Sport”.
MATADOURO
MUNICIPAL – A 1 de Setembro de 1935 foi inaugurado
o Matadouro Municipal. Em 1986, por decisão da Junta Nacional dos Produtos
Pecuários, o matadouro foi encerrado e os funcionários transferidos para o
Matadouro de Setúbal.
Pelo
menos, desde o seu encerramento, que a frontaria do edifício não é pintada! A
triste imagem que apresenta fere a estética da cidade.
LINHA
MAGINOT – No final do mês de Julho de 1941 foi inaugurada a obra de
embelezamento do Rossio, composta por um muro artístico, encimado por
floreiras, com bancos e respectivos candeeiros de iluminação pública, mais
tarde designada como “Linha Maginot”.
QUIOSQUE – Nesse
mesmo ano de 1941, foi inaugurado um quiosque em madeira, colocado nas
traseiras do muro artístico, mais concretamente, junto ao antigo cruzamento da
actual Rua Dr. João Luís Ricardo. Este quiosque foi removido após o falecimento
do seu proprietário.
SOPA DOS
POBRES – Em 1953 por
iniciativa e a expensas pessoais da ilustre benemérita D. Maria Eduarda Praça
Cunhal, foi construída e equipada com os mais modernos utensílios exigidos para
o efeito, a Casa da Sopa dos Pobres. No final dos anos 60 a instituição suspendeu a
sua actividade.
As
devolutas instalações foram cedidas ao Hospital Infantil de S. João de Deus
para instalação do Museu Tauromáquico, cuja inauguração ocorreu durante a Feira
de Setembro de 1973.
Após
a Revolução de Abril de 1974, o Museu Tauromáquico foi transferido para o
Convento de S. Domingos, e as instalações foram ocupadas pela Comissão de
Moradores da área, para sua sede social.
Com
a cessação da actividade da Comissão de Moradores, as instalações foram
recuperadas pela Santa Casa da Misericórdia para construção do actual Lar de
Idosos.
ESCOLA
PREPARATÓRIA DE S. JOÃO DE DEUS – Nas traseiras dos blocos habitacionais
da Rua D. Sancho I, iniciaram-se em Agosto de 1971 as obras de instalação dos
edifícios desmontáveis e pré-fabricados, onde em Outubro desse mesmo ano,
começou a funcionar provisoriamente a Escola Preparatória de S. João de Deus. O
estatuto provisório prolongou-se por 20 anos, pois só em 27 de Fevereiro de
1993, se procedeu à inauguração da nova Escola C+S.
A
faixa de terreno que abrigou a escola pertence actualmente ao Instituto S. João
de Deus, por permuta com o terreno cedido ao município, para construção do novo
Centro de Saúde.
ESCOLA
SECUNDÁRIA – No espaço onde
funcionou o primeiro campo de jogos do GUS, e que albergava as feiras de Maio,
Julho e Setembro, foi construída a Escola Secundária. A inauguração do novo
espaço ocorreu em Abril de 1977.
Este
estabelecimento de ensino foi recentemente ampliado, ou melhor dizendo,
derrubado quase na totalidade, e feito de novo. É uma obra que envaidece a
cidade.
ESCOLA C+S – Por despacho de 28 de Outubro de 1991 foi
adjudicada a construção da Escola Preparatória e Secundária de Montemor-o-Novo.
A autarquia protestou junto do Ministério da Educação, que insistiu em manter
inalterável um projecto impróprio para as condições climatéricas da cidade,
assim como o reduzido número de salas de aula. A inauguração da nova escola
ocorreu no dia 27 de Fevereiro de 1993.
Os
reparos da Câmara Municipal quando à insuficiência de salas de aula,
confirmaram-se, pois em 2000 o Ministério procedeu à ampliação da C+S. Foram
construídas mais 10 salas de aula.
CONSTRUÇÃO DE ARRUAMENTOS – Em 1994 procedeu-se ao
alcatroamento do arruamento térreo do Rossio, desde a antiga Casa da Balança
até ao final da Rua do Matadouro, e foram construídos amplos passeios/calçada.
Foram também instaladas redes enterradas no solo, de água e electricidade.
PAVILHÃO
DESPORTIVO – A 22 de Junho de
2002 foi inaugurado o Pavilhão Desportivo. Foi palco da final da Taça de
Portugal em andebol feminino, entre as equipas do Madeira SAD e da Juventude do
Lis. O resultado foi favorável às madeirenses por 33-23. O pavilhão está
preparado para a realização de transmissões televisivas, e dispõe de 1.000
lugares.
PISCINAS
COBERTAS – O complexo
inaugurado em 17 de Agosto de 2006, é constituído por duas piscinas, uma de
competição e outra de aprendizagem. Dispõe também de bancadas para o público
assistir a provas desportivas de natação e de pólo aquático. O espaço dispõe
ainda de um bar/restaurante.
O
novo complexo está equipado com as mais modernas tecnologias existentes, em
todos os aspectos, como por exemplo, a filtragem da água, que é feita a Laser,
evitando-se assim o uso de produtos químicos.
REQUALIFICAÇÃO
DO ROSSIO – No dia 20 de Junho
de 2013 foi inaugurada a obra do Rossio, executada pela empresa Oliveiras SA. O
excelente projecto, foi da responsabilidade da Arquitecta Paisagista Helena
Paixão. Com esta obra, a Vila Notável ficou mais formosa.
CENTRO
ESCOLAR – A última construção
do Rossio é o Centro Escolar, que se encontra em fase de acabamentos.
Lamento
não incluir neste rol, a projectada estação ferroviária prevista para o Rossio.
Daqui, partiria um ramal para Mora, e a continuação da linha vinda da freguesia
de Vendas Novas, ia ligar Montemor-o-Novo a Évora. Curiosamente, e por artes
mágicas, a linha contorna a nossa vila e chega à capital do distrito em 1863.
Existiram “outros interesses”, que moveram influências, de modo a evitar a
passagem da via-férrea pela vila. E, foi necessário esperar quase meio século,
pela construção do ramal ferroviário… Ontem, como hoje, infelizmente,
interesses pessoais suplantam os interesses colectivos.
Augusto Mesquita – Junho 2014
Transcrito com a devida autorização do Autor do mensário
Folha de Montemor Junho 2014
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