DESPORTOS RADICAIS DO MEU TEMPO
Também os havia no meu tempo de rapaz novo.
Por exemplo o descer a “ladeira da Praça” num caixote de
sardinhas munido de 4 rodas de charrua manobradas por fios de arame, e
conseguir manobrar para dar a curva sem se estatelar no poial da Fonte (campeão
de tal modalidade: o Armandino).
Saltar da parede da Tapada do Zé Cuco para ficar dependurado
na ramada de um choupo que os havia no “Choupal” (má recordação para o Tói da
Dadinha que ao falhar o salto partiu o braço [e o “Ramona” a puxar para o
endireitar !].
Mas hoje quero recordar uma modalidade sazonal, misto de
“surf” e skaite”, que se praticava quando da limpeza das palmeiras da Praça e
no local (já desaparecido) designado Cova dos Ginetes.
A verdade é que tal local, assim como o Poço da Morte,
provocava-nos um certo fascínio misto de curiosidade e temor, motivado pelos
conselhos paternos, devido à perigosidade dos locais em questão, o que por
vezes contribuía, para os mais afoitos, uma visita a tais locais, sempre desafiados
pelo “não és capaz” provenientes dos mais velhos.
Recordo-me perfeitamente da primeira vez em que desafiado
pelo Joaquim de Fátima desci até ao fundo da Cova dos Ginetes. Desci com o
coração a tremer e subi com os bofes na boca.
Mas não é disto que vos quero falar:
E o título desta crónica disso dá conta.
Aqueles que ainda tiveram o privilégio de conhecer o local
em questão (dizem que foi dali que saíram as pedras para a construção do
Castelo, mas disso só o Tói é que nos pode elucidar)), devem estar recordados
que havia uma espécie de “estradinha” sinuosa e com vários socalcos pela qual
se descia até ao fundo da cova.
Pois bem, a rapaziada depressa encontrou uma outra utilidade
a dar à referida “vereda”.
Na altura, quando se fazia e desbaste das palmeiras da praça,
a “gaiatagem” fazia bicha (melhor fila), para levar consigo o melhor cacho das
maçanicas. Não pelas maçanicas, mas sim para utilizar como escorrega (cavalo,
automóvel, comboio) para ir ladeira abaixo, por vezes com grandes “cambalhotas”
até ao fundo da Cova dos Ginetes, manobrando o “brinquedo”, de maneira a ir
velozmente, sem quedas, e, principalmente evitar um “estatelanço” no vasto
silvado que se encontrava no fundo da cova.
E havia até quem fizesse negócio com o seu cacho, trocando
uma “voltinha” por meia dúzia de cromos da bola, uns vinténs para o jogo do
botão, ou umas guloseimas trazidas para o lanche, sacrificado por uma
escorregadela.
Ora digam-me lá se isto não se pode comparar com os actuais
skates, só que em vez de se escorregar com os pés se utilizava o rabo, ou pelas
pranchas de windsorf, com a diferença de em vez de ondas tínhamos pedregulhos e
terra dura q.b.
Boas “escorregadelas”
Chico Manuel
1 comentário:
Ainda hoje me provoca arrepios a atitude do Zé Filipe (Ramona).
Puxava, torcia, esticava o braço clamando em alta voz...ISTO NÃO É NADA PARTIDO...
O nosso querido Xavier surge urgente...olhou...e...de pronto ENGESSOU.
Viu sem RX.
Tenho dito, porque a hora vai adiantada.
Poderemos um dia voltar ao assunto.
Tói da Dadinha
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