quinta-feira, 12 de junho de 2014

3 SONETOS DA AUSENDA

 

                                       

                                Deixa-me falar


Tu, deixa-me falar contigo amor
Ao menos uma só vez, nesta vida
Ouve o meu coração neste clamor 
Atrasa um pouco mais essa partida.

Não quero aqui ficar em desamor
Assim, desamparada alma doída
Sempre por ti zelei, pondo primor
Em tudo o que te dava desprendida.

Quero o porquê saber deste despeito
Se não tens uma pedra no teu peito
Quem ao teu coração tanto mal fez?

Pois o meu sinto já quase desfeito
Sabendo que não há ninguém perfeito 
Escuta-me, meu amor, mais uma  vez.

Ausenda Ribeiro

                                                          COMO O POETA AMA

 Ama ao romper da aurora, cintilante
Ao pressentir, na brisa o seu lamento
Ao calor sensual, do corpo amante
Ao contato dum beijo mui sedento.

Ama ao sentir a rosa inebriante
Ao suave enlaçar dum sacramento
Ao olhar um sorriso hilariante
Ao poder contemplar o firmamento.

Ama o desabrochar da bela flor
Ama ao remomerar um velho amor
Ama o que provier da Natureza.

Ama o doce afagar a quem tem dor
Ama o satisfazer o seu leitor
Ama o valor e nunca a vil riqueza.

Ausenda Ribeiro

MOMENTO MÁGICO
Espalhada pelo ar sinto a magia
Vinda do teu olhar profundo afável
Logo teu corpo ardente refulgia
Preso ao meu num abraço inevitável.

E esvai-se, por milagre a nostalgia
Num beijo dum encanto inesgotável
Em nossos corpos só impulso agia
Tal a sofreguidão irrefutável.

Foi um momento mágico de encanto
Sentimentos ao rubro e entretanto
Dois corações amaram-se a compasso.

Protegidos por forte e denso manto
Em êxtase escutámos terno canto
E fomos p'la magia presos num laço.

Ausenda Ribeiro


1 comentário:

Anónimo disse...

Coisa boa, qual Florbela Espanca.