sexta-feira, 2 de maio de 2014

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - FASE V

A partir de hoje e incluídas na FASE V, o blogue Al-Tejo, vai publicar cinco crónicas sobre actrizes suecas que se destacaram na cinematografia mundial. Serão elas, Greta Garbo, Ingrid Bergman, Anita Ekberg, Bibi Andersson e Liv Ullmann. Sempre à sexta-feira.
Chico Manuel


                                                      Greta Garbo


Também conhecida como “A Divina”, Greta Garbo, actriz nascida na Suécia, embora muitos anos mais tarde tenha pedido a nacionalidade norte-americana, trabalhou quase exclusivamente nos Estados Unidos. Surgiu como intérprete em cerca de quarenta filmes, sendo que metade deles ainda foram rodados no tempo do cinema mudo. Mulher misteriosa, de uma beleza que ainda hoje é cantada por muitos, e cujo talento foi reconhecido com a atribuição de um Oscar como prémio de carreira. Para o mistério que a envolveu durante a maior parte da sua vida, muito contribuiu o facto de ter abandonado a Sétima Arte em 1941, quando apenas tinha 36 anos. Raras foram as vezes em que foi vista e fotografada depois de ter dado a sua carreira artística como terminada. Enquanto durou a sua vida de estrela de primeiro plano no panorama internacional de cinema, não deu mais que uma dezena de entrevistas. À sua volta, à volta da forma como viveu a partir de 1941, surgiram os mais desencontrados e disparatados boatos. Muitos desses boatos chegaram a dá-la como morta e enterrada, mas a verdade é que apenas morreu em 1990, com a idade de 85 anos. Foi cremada nos Estados Unidos da América logo após a sua morte e as cinzas seriam posteriormente trasladadas para um cemitério sueco. Alguns dos epítetos que a imprensa lhe atribuiu, enquanto se manteve como grande estrela, são um bom exemplo da atenção que despertava: “Mulher de Gelo”, “Mulher que veio do Frio”, “Beleza Inacessível”. Por aqui se pode ver como ela era esquiva e dava pouca importância às grandes festas que por essa época se realizavam em Hollywood, e em que era praticamente obrigatória a presença das estrelas mais em voga. Há quem diga que nunca se sentiu bem na capital do cinema, que sempre se sentiu desenraizada. E mesmo quando a Academia lhe concedeu o Oscar, como prémio de carreira, não se deslocou a Hollywood para o receber. Mandou alguém por ela. Hoje iremos falar de dois dos seus filmes já da era do cinema sonoro. Curiosamente, em ambos, foi dirigida pelo mesmo realizador: George Cukor.

Título Original: “Camille” - 1936
Título Português: “Margarida Gauthier” – (A Dama das Camélias)
Produção: M. G. M.
Realizador: George Cukor
Argumento: Zoe Akins
Elenco: Greta Garbo, Robert Taylor, Lionel Barrymore, Elizabeth Allan....


O argumento deste filme foi baseado no romance homónimo de Alexandre Dumas Filho, e conta a história, muito bem colada ao original, duma cortesã parisiense do século dezanove, que se envolve amorosamente com um dos filhos de uma das mais influentes famílias daquela cidade. Amor impossível, como está bem de ver. Impossível a vários níveis. Primeiro, porque um membro de tal família, rica e nobre, nunca poderia ficar ligado a uma mulher bastante mais velha e com um passado repleto de amantes. Tais eram os costumes da época. E depois, porque ela sofria de tuberculose, acabando por morrer nos braços do seu jovem amado. Aqui está, muito bem transposto para a tela, com todos os “efes e erres”, o romance daquele escritor francês. Interpretações muito bem conseguidas de Greta Garbo e do então ainda jovem actor Robert Taylor. Embora não tivesse ganho a estatueta, Greta Garbo foi nomeada para os Oscares por este filme.

Título Original: “Two-Facet Woman” - 1941
Título Português: “A Mulher de Duas Caras”
Produção: M. G. M.
Realizador: George Cukor
Argumento: Salka Viertel
Elenco: Greta Garbo, Melvin Douglas, Constance Bennet, Roland Young....


Greta Garbo desempenha neste filme o papel de uma dançarina exótica. Dança rumbas e outros ritmos sul-americanos. É uma comédia. Era um papel que não estava talhado para ela. A aura que entretanto se tinha criado à volta do seu nome, não se compadecia com estas experiências. Muito embora alguns críticos tenham dito que foi uma das suas melhores interpretações, o filme foi um fracasso de bilheteira. Desgostosa com o insucesso, decidiu afastar-se temporariamente das telas. E esse afastamento temporário acabou por se tornar definitivo. Nunca mais voltou a filmar. Durante muitos anos ainda foi assediada para retomar a carreira. Davam-lhe todas as garantias que ela exigisse, mas foram em vão todas as tentativas que os grandes estúdios da época empreenderam para a convencer a voltar. E foi então que se criou o grande mito em volta desta mulher. Viveu os quarenta e cinco anos seguintes envolta em mistério. E, segundo consta, muito isolada.

Rufino Casablanca – Monte do Meio – 1995

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