terça-feira, 22 de abril de 2014

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                     A linha que nos separa

Terça, 22 Abril 2014 09:15
Existe uma tentativa concertada e populista que pretende passar a ideia de que todos os políticos são iguais, e que os eleitos e eleitas que nos representam na Assembleia da República defendem todos os mesmos interesses.
Pretendem passar esta ideia para que a maioria dos portugueses desinvistam na democracia e deixem, passivamente, governar aqueles que têm intenções que não passam pela salvaguarda dos interesses do povo, mas de elites económicas e de grupos de poder mais ou menos lícitos.
Mas há uma linha muito clara e definida que separa políticos honestos, competentes e que procuram defender os interesses dos portugueses, dos restantes.
Quem está atento à vida política e parlamentar consegue facilmente ver de que lado estão uns e de que lado estão os outros.
Um exemplo muito claro foi dado a semana passada. PCP e Bloco de Esquerda apresentaram projectos lei para tornar obrigatório o regime de exclusividade para os deputados da Assembleia da República.
Uma iniciativa que, numa democracia com eleitos que se regessem por princípios éticos e morais, seria unânime. No entanto, assim não foi.
Como podemos confiar num sistema político que permite que as deputadas e os deputados eleitos para representar os interesses dos cidadãos eleitores, possam, no exercício de funções profissionais, agir em nome de interesses económicos particulares, muitas vezes contra o interesse dos próprios representados?
Como confiar num sistema político que baseando-se num princípio de democracia representativa, permite que as deputadas e os deputados eleitos possam acumular as suas funções de eleito com muitas outras funções profissionais, prejudicando em tempo e em dedicação os seus eleitores?
De facto, e como a argumentação do projecto-lei do Bloco de Esquerda explicita “A existência de deputadas e deputados com ligações a interesses privados que podem beneficiar (direta ou indiretamente) de alterações legislativas, políticas fiscais, enquadramentos jurídicos favoráveis, etc., é um dos fatores que faz questionar a independência e a motivação dos eleitos. É, por isso, necessário formalizar novas regras que favoreçam não só o princípio da independência, como também o princípio da transparência.”
Obviamente que o regime de exclusividade não acabaria com a corrupção e com os favorecimentos ilícitos, mas seria um passo importante, e um sinal que a Assembleia da República daria para o enobrecimento da política e dos políticos.
Seria mais um passo para a tolerância zero à promiscuidade das ligações entre políticos aos grupos económicos.
PSD, CDS e PS votaram contra. E esta posição diz tudo…!
Há, de facto, uma linha que nos separa…
Até para a semana.

Bruno Martins

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