Quinta, 17 Abril 2014 08:48
O PCP apresentou ontem, pela quarta vez, um projecto de
resolução pela renegociação da dívida pública e pela quarta vez o resultado foi
o mesmo, tendo o PS, o PSD e o CDS votado contra a proposta que a bancada
comunista apresentou.
A única diferença entre este projecto de resolução e os anteriores, é
que este é apresentado após a divulgação de um manifesto subscrito por alguns
supostos senadores da República reclamando a reestruturação da dívida pública.
Lembro as declarações de alguns militantes do PS quando
durante mais de uma semana se discutiu o conteúdo do dito manifesto,
acreditando que a direcção do seu partido acompanharia as propostas nele
contidas.
Bastou a ida à Assembleia da República de uma proposta de
resolução para se desfazer a ideia de que o PS teria mudado de lado e
abandonado a troika interna passando-se para o lado da maioria dos portugueses.
Não foi assim, como se pode verificar pela votação mas em
particular pela violência das intervenções contra a proposta do PCP.
Dir-me-ão que a proposta do PCP é diferente da constante
do mediático manifesto. Concordo. A proposta da bancada comunista aponta para a
necessidade de renegociação da dívida nos juros, prazos e montantes e aponta
para um caminho de políticas de defesa e reforço da produção e do investimento,
que permita o crescimento da economia e um eficaz combate ao desemprego.
Mas ainda assim existe uma base de convergência, cada vez
mais alargada, de que a dívida pública é insustentável e que o caminho seguido
até agora levará ao empobrecimento generalizado da maioria dos portugueses, sem
a contrapartida de ver reduzida a dívida.
Parece que fora deste consenso alargado estão apenas os
partidos que assinaram o memorando com a troika externa e o senhor de Belém,
tão bem caracterizado por Alexandra Lucas Coelho na cerimónia em que recebeu o
grande prémio de romance da APE.
A posição assumida hoje pelo PS na Assembleia da República
faz-nos pensar que o significado da palavra mudança, que ornamenta agora os
cartazes de pré campanha eleitoral, tem tanta correspondência com a realidade
como a utilização da palavra irrevogável pelo ministro de estado do CDS.
A mudança que nos propõem parece ser o famoso salto da
frigideira para o lume, depois de termos saltado do lume para a frigideira
quando passámos do PS para o PSD/CDS.
Dizia-se no projecto apresentado pelo PCP: "Hoje,
mais do que nunca a questão está em saber se se rompe com a política de
direita, se se assume uma política patriótica e de esquerda que tenha como
primeira e importante decisão a renegociação da dívida pública em benefício dos
trabalhadores, do povo e do país, ou se se permite que o país continue a ser
arrastado para o desastre."
A votação de ontem foi esclarecedora sobre de que lado se
coloca o PS.
Até para a semana
Eduardo Luciano
2 comentários:
Subscrevo por inteiro!
Saudações, Eduardo.
Infelizmente para nós, povo português, é a oposição que temos.
Aquela e a mesma que tem arrastado este país para a ruina ao longo de 40 anos de democracia.
Por mim podiam ir todos morar para a coreia do norte e partilhar o corte de cabelo com o lider.
Enviar um comentário