quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

MEMÓRIAS DO PASSADO - Chico Manuel

                                ENGANAR A JUSTIÇA PODE DAR MAU RESULTADO

A “coisa” passou-se no Café do Tyrileni, café situado na Praça, onde outrora foi a Pensão da Ti Matilde e presentemente dependência Bancária da C.C.A,
Como habitualmente pela tardinha os “compinchas” reuniam-se para o habitual petisco acompanhado da tradicional garrafinha de tinto.
O pitéu era carne frita, vulgo “migos” que por serem demasiado grandes, ou talvez para “avultarem”, o Rato se apressou, com a tradicional navalhinha, a cortar em pedaços mais pequenos.
O Luís Saial, talvez porque a “larica” apertasse ia com o garfinho “catando” aqui e ali os pedacinhos cortados. Está quieto que eu ainda não acabei de cortar – dizia o Rato.
E o Luís… nada, cada vez “picava” mais.
Já te disse que esperasses que acabe de cortar, tas aqui tas a levar uma “orelhada” .
Como continuasse a insistir levou mesmo. Mas a mesma foi puxada de mais e “escangalhou” o nariz do pobre Luís, a pontos de o partir.
A “coisa” foi séria e meteu G.N.R. que tomou conta da ocorrência, lavrou o respectivo auto, arrolou as testemunhas, entre elas o Zé Colunas, que era um dos convivas, e remeteu para Tribunal.
Audiência marcada, vitima e queixoso frente a frente, e testemunhas em sala à parte, entre elas também eu e o Humberto apenas como testemunhas abonatórias.
As ditas testemunhas eram ouvidas pelo Meritíssimo uma a uma e sem a presença das outras.
Quando chegou a vez do amigo Zé Colunas, e como bom rapaz que sempre foi, não quis tomar qualquer partido, e optou por  …NÃO SEI. NÃO ME APERCEBI DE NADA, ESTAVA LÁ MAS NÂO VI NADA
Posto isto, o Senhor Dr. Juiz, não insistiu em mais pormenores e dispensou o amigo Zé Colunas.
Seguiu-se o Humberto, que de imediato informou nada ter visto, dado não estar presente, e que apenas ali estava como testemunha abonatória de ambas as partes. E perante a insistência do Dr. Juiz se sabia os motivos da desavença o mesmo informou com pormenores toda a cena.
Mas se não estava presente como pode relatar o que aconteceu? Indagou o Juiz.
FOI O ZÈ COLUNAS QUE ME CONTOU. ELE ERA UM DOS QUE ESTAVA NO PETISCO,

Bem a “coisa” não teve resultados mais gravosos, porque o Meritíssimo se limitou a passar um correctivo ao “mentiroso”, e a decretar uma pena suspensa ao réu.
Chico Manuel

P.S. – O Rato e o Zé Colunas foram dois grandes amigos que precocemente nos deixaram.
Foi a pensar neles que me acudiu à memória esta história.
Por certo, os familiares me irão perdoar trazer à memória factos que marcaram a nossa vida,

Para eles, estejam onde estiverem, que descansem em Paz, e que saibam que os verdadeiros amigos nunca se esquecem.

5 comentários:

Helder disse...

Esta cena passou-me ao lado, nem o Zé Colunas, que falei aqui em Almada pela últma vez antes dele morrer, nem o meu parente Rato me a contaram. E este era um dos meus grandes companheiros, que aparecia, de surpresa. no Monte, para me ir buscar para o cinema, o que inquietava a minha avó, que tinha que prestar contas de mim ao meu pai. É bom embora comovente recordar os amigos.
Helder

francisco tátá disse...

Ia-te buscar por certo numa motorizada. Tanto que eu andei com ele nessa motorizada a caminho desses bailaricos fora.
Uma vez viemos de uma Festa de Monte Juntos cinco na motorizada. E chegamos todos ao Alandroal.
Bons e velhos tempos
Chico

Anónimo disse...

Apenas um breve reparo, Xico , o café não era do Tyrilene mas sim do Balancé, penso eu, porque foi o café que existiu a seguir á pensão da Tia Matilde.
Um abraço
João Pua

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo,
Gostei da história.
Agora que de novo o encontrei irei ler com assiduidade seus belos posts.
De Bangkok um abraço amigo

francisco tátá disse...

Tens razão amigo João. Era o Balancé.
A PDI não perdoa.

É um prazer voltar ao contacto com o amigo Fontes Cambeta. Também irei seguir o "Mar do Poeta" e por vezes retirar certas postagens.
Um abraço a ambos
Chico Manuel