Terça, 11 Fevereiro 2014 10:59
As redes sociais em formato eletrónico vieram para ficar.
Pelo menos até que um destes séculos algo que só exista ainda na imaginação de
algum criativo possa tornar maior e mais acessível, através de uma telepatia
qualquer, o contacto e convívio entre as pessoas. Porque é disso mesmo que se
trata com o Facebook. De contacto e convívio.
Há, claro, quem depois o use para outros fins, mas o contacto entre
pessoas é, sem dúvida, o que está na sua base. Uma imensa agenda de que todos
os que estão ligados à rede podem fazer parte, dando a cara e criando certos
limites de privacidade, que é preciso conhecer muito bem, para que esse
contacto se estabeleça de forma saudável. E há até a possibilidade de se
criarem heterónimos, nome simpático para os chamados “perfis falsos”, tão
fáceis de descobrir. Bem como utilizá-lo para manter conversas, partilhar
estados de alma, fazer passar uma mensagem, já que tudo isto faz parte do que
conseguimos quando entramos em contacto com os outros: comunicar.
Um tal Robert South, homem da igreja que viveu na
Inglaterra do século XVII e ficou conhecido pelos seus sermões inflamados,
disse que a "palavra foi dada ao comum dos mortais para comunicar os seus
pensamentos e aos sábios para os disfarçar". Ora as escolhas de textos,
imagens, comentários e situações que cada um dos utilizadores de redes sociais
faz para comunicar com os seus contactos, a que chamamos amigos, ou a todo o
mundo, revelam (no sentido bíblico de voltarem a esconder) pensamentos e
desvendam personalidades que muitos teriam, e têm, algum pudor, ou medo, em expor. Ou simplesmente
porque não lhes apetece participar desta enorme rede e pronto.
Nascido de uma daquelas mentes que pensa “fora da caixa” e
limitando-se, no seu início, a um público universitário de uma determinada
comunidade, a de Harvard nos EUA, o mais interessante nesta rede social é o
facto de, ao crescer para o mundo, ter contagiado as gerações mais velhas,
tendencialmente mais numerosas, com a evolução civilizacional que se deseja
manter e assim ter mantido uma longevidade que a natural “volatilidade” dos
jovens poderia condenar.
Dos sinais de fumo à carta, do telegrama ao telefone, este
tipo de redes corresponde da mesma forma à necessidade de as pessoas estarem em
contacto umas com as outras. O Facebook tem ainda a vantagem de mostrar a face
da sociabilidade que é característica humana, sem estabelecer hierarquias à
partida, e permitindo ao cidadão comum acesso um número razoável de ferramentas
para criar um perfil ou página tão estonteante como vulgar.
Devo por fim dizer que sou fã do Facebook, que me reservo
o direito de fazer do meu mural o que bem quero, como qualquer seu utilizador
pode fazê-lo, dentro do que é oferecido fazer; e ainda, que tenho uns termos de
referência próprios a explicar a minha relação com o mesmo e com a minha rede,
como qualquer um pode ter, e para que não haja equívocos; e mais ainda, que
fico triste quando se diz, apocalipticamente, que o FB substituirá o contacto
direto entre pessoas, porque acho que não se percebe o quanto essas chamadas
substituições anulam, sim, o tempo e distância, como aliás a escrita, e tornam
vidas mais felizes.
Até para a semana!
Cláudia Sousa Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário