O Cine Clube Domingos
Maria Peças, inicia hoje a publicação de cinco crónicas dedicadas ao cinema
italiano dos anos cinquenta e sessenta, como sempre da autoria de Rufino Casablanca.
Chico Manuel
“ROCCO E OS SEUS
IRMÃOS”
Título Original: “Rocco e i Suoi Fratelli”
Título Português: “Rocco e Seus Irmãos”
Realização: Luchino Visconti
Produção: Goffredo Lombardo
Argumento: Luchino Visconti, Vasco Pratolini, Massimo
Franciosa, entre outros....
(adaptado do romance “Ponte della Ghisolfa” de Giovanni Testori)
Música: Nino Rota
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Intérpretes: Renato Salvatori, Alain Delon, Annie Girardot,
Nino Castelnuovo....
O filme conta a história de uma família siciliana que migra
da sua ilha natal, em busca de melhores condições de vida, para uma grande
cidade, após o fim da 2.ª Guerra Mundial. A destruição da Itália, um dos países
vencidos na guerra, destruição essa que tanto foi material como psíquica, está
bem patente neste magnífico filme de Luchino Visconti. Depois de 25 anos de
fascismo, depois da ocupação do norte do país pelo exército alemão, depois do
avanço das tropas americanas que, vindas do norte de África, desembarcaram exactamente na Sicília e
finalmente libertaram o país do regime de Mussolini, as mazelas de todos esses
anos ficam bem visíveis. É neste contexto que aquela numerosa família se
instala em Milão. Era
uma família carente de todos os recursos: Materiais e espirituais. E não tarda
que se instale um mau estar que levará à desintegração familiar. A falta das
vivências e das referências culturais, em que tinham sido criados e vivido até
então, vivências e referências essas, esbatidas e anuladas pelo ritmo de vida
acelerada da grande cidade, rapidamente causam a destruição da solidariedade
entre os diversos membros da família. É uma tragédia o que se adivinha. E é de
facto em tragédia que o filme termina.
As interpretações de Renato Salvatori, Alain Delon e Annie
Girardot, são extraordinárias.
Quanto à realização de Luchino Visconti, está ao nível do
seu melhor. Este drama familiar, embora se possa encaixar ainda no registo
neo-realista, que o realizador vinha cultivando até então, marca também, de
certo modo, um afastamento desse movimento artístico. A seguir a este filme
viriam os extraordinários “O Leopardo” e “Morte em Veneza”. Já num registo
artístico diferente, como saltará à vista a quem vir os filmes.
Luchino Visconti recebeu, por este filme, o prémio especial
do Festival de Cinema de Veneza, em 1960.
No mesmo ano e no mesmo festival foi nomeado para o Leão de
Ouro.
Rufino Casablanca
Terena – Monte do Meio – 1963
2 comentários:
Amigo Francisco Tatá, antes de haver por pouca sorte uma desgraça aconselho o senhor Francisco a fotografar a parede que está nas traseiras do Forum Cultural, parede essa que pertence ao quintal do antigo lar.
Embora o local de colocação do comentário não seja o mais adequado, porque se trata de um assunto que pode ser alertado por este meio aqui fica o comentário.
Vou tentar saber algo mais e então sim vai ficar disponível um local para futuros comentários
Administrador
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