sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - FASE IV

                                        EM NOITES DE CINEMA ERA ASSIM…

Enquanto a Eveline Sambraz se encontra por outras bandas e,como tal, não nos vão chegando as habituais Crónicas sobre filmes do passado. escritas pelo Rufino Casanblanca, e, porque não queremos quebrar a sequência da rubrica mais antiga deste espaço, vou rebuscando memórias a propósito deste grande homem que muitas noites de cultura trouxe ao Alandroal.

Já aqui coloquei por mais de uma vez a chegada do Domingos Peças ao Alandroal, a maneira de anunciar as sessões, os locais, filmes, documentários e muitas outras peripécias ocasionadas pelas sessões de cinema.
Vou hoje abordar não só as amizades conquistadas pelo Ti Domingos, alguns dos seus momentos de ócio, assim como os ajudantes com que contava no Alandroal.

Quando esporadicamente chegava ao Alandroal mais cedo, coisa muito rara, pois habitualmente a sua chegada era sempre em cima da hora e quando muitas das vezes, já se desesperava, lá se ouvia a habitual “marcha do Ribatejo” e o anuncio do filme que o Peças fazia questão de anunciar. percorrendo as principais artérias da Vila.
Mas por vezes, principalmente em tardes invernosas chegava logo depois do almoço e o tempo era passado à chaminé da Sociedade Artística, com o Mestre Zé Luís, contínuo da Colectividade, saboreando ema boa linguiça assada, bem regada com uns bons tintos, e amiúde, com o “forno” já quente e enquanto fazia a volta para anunciar o filme, ia fazendo a tradicional “via-sacra” pelas “capelinhas” da Vila.
Por vezes, estas tardes bem passadas, davam azo a que na exibição do filme as bobines fossem trocadas, chegando às vezes o “End” aparecer logo no inicio. Coisa resolvida de imediato com o alerta de meia dúzia de assobios, que ninguém levava a mal.
Como disse, seria o Mestre Zé Luís, a principal amizade, mas muitas mais o Ti Domingos conquistou no Alandroal.
Refiro aqui o Casal Dr. Xavier, com lugar cativo, e que enquanto não chegasse não se iniciava a sessão. Também o meu avô Teófilo e a minha avó Jacinta, tinham estatuto de privilégio e duvido até que muitos dos bons filmes que nos foram proporcionados não tivessem sido aconselhados por eles.
A propósito, é bom saber que na altura, ainda que não houvesse plateia ou balcão, havia uma certa destrinça na ocupação dos lugares e consequente preço dos bilhetes. Quando das exibições nos Casarões, na frente eram os bancos sem costas, mais para a rapaziada e com preços muito acessíveis, o lado direito era ocupado pela classe mais pobre que trazia de casa o seu banco ou cadeirinha e com certa diferença no bilhete em relação ao da ocupação das cadeiras de ferro alinhadas à esquerda, onde a parede era mais alta e precavia melhor o frio.
Como as cadeiras eram pertença da S.A.R. A., havia que fazer o seu transporte da Sede da mesma para os Casarões e vice-versa. Era aqui que entravam em acção os ajudantes do Peças, que alem desta tarefa, faziam a arrumação das mesmas, tratavam e colocar as “cornetas” em cima da parede ou no próprio ecran, e auxiliavam no transporte de material e venda de bilhetes.
Figura que acompanhava muitas vezes o Peças era o Salustriano, homem também natural de Monforte e braço direito do mesmo.
Já no Alandroal contou sempre com o “Padoca”, mais tarde o “Buga”(também auxiliar do Mestre Zé Luís) e o Baldoneiro, possuidor de grande agilidade e que conseguia levar o som mesmo por cima do ecran em pano de tijolo..
Suponho que não havia qualquer remuneração, senão o assistir de borla ao filme, e volta e meia o convite para acompanhar o Peças ás outras localidades onde eram exibidos.
Muito mais há a contar sobre esta figura impar que o Alandroal teve o privilégio de conhecer, como por exemplo as suas frequentes desavenças com a G.N.R. ou mesmo com a C.M. devido a certos e determinados incumprimentos quer no que diz respeito ao cumprimento da classificação etária, quer na obtenção atempada da respectiva licença de exibição.
Fica para a próxima

Chico Manuel


3 comentários:

Anónimo disse...

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS

O Chico não vai levar a mal este meu pequeno apoio á sua crónica.

No Écran de pano de tijolo dos Casarões não rara era a noite de Cinema que uma, ou mais lagartixas por lá se passeavam sob a intensa luminosidade das projecções e que a "MALTA DA GERAL" assim comentava...É, olhem lá p'rás lagartixas "além" no Écran!!!

E as cadeiras que se levavam de casa? Lembro a figura de um acérrimo cinéfilo que punha uma á cabeça dela dependurando mais 4.
TRANSPORTAVA ASSIM 5 LUGARES A CUSTO inferior ás Cadeiras de Ferro (préviamente numeradas pelo Buga ou pelo Baldoneiro) e aos Bancos de Madeira.

Sobrevivências???

Abraços para todos

Tói da Dadinha

francisco tátá disse...

Oh Tói... não eram só lagartixas! Volta e meia também apareciam os seus ratitos.
Olha se já existisse o 3D!
Um abraço
Chico

Anónimo disse...

E o Brito.
O Joaquim Manuel Roma de Brito também por vezes dava uma ajuda.