quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

LIVROS QUE RETRATAM USOS E COSTUMES DE GENTE DO NOSSO CONCELHO

Na sequência da divulgação que temos vindo a fazer de obras de Autores do Concelho do Alandroal, vamos a partir de hoje dar a conhecer várias passagens da Obra da autoria de Ana Paula Fitas com o título de «Ocupação Sexual dos Espaços e Redes de Comunicação Social em Aldeia da Venda»
(Edição: Câmara Municipal do Alandroal – 1997 – Prefácio de Armindo dos Santos)

Pretendemos assim, reavivar esta magnifica obra, contribuir para a divulgação de usos e costumes dos nossos locais e das nossas gentes, deixando no entanto o alerta que seja tomado em consideração a data da publicação do livro, o que significa que muitos dos usos e costumes, assim como os espaços físicos tenham sofrido profundas alterações
Chico Manuel


……A freguesia de Santiago Maior é constituída por seis povoados (Orvalhos, Marmelos, Casas Novas de Mares, Pias, Venda e Cabeça de Carneiro), e três lugares (Lajes, Sete Casinhas e Seixo) situados entre a Serra de Osssa e o Rio Guadiana, no Concelho do Alandroal, Distrito de Évora.
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A observação “in loco” da vida aldeã foi um trabalho que se prolongou desde Junho 1991 até Setembro de 1993, período no qual registamos todos os dados que constituíram a documentação em que assenta este estudo.

A Estrutura Fundiária e a Economia da Aldeia:
Os espaços agrícolas na aldeia são anexos às habitações e delimitados com muros de pedra solta ou de tijolos caiados. São na maioria dos casos, quintais ou pequenas courelas. Os quintais têm áreas muito reduzidas e resultam do uso da terra integrado na compra ou herança da habitação.
As courelas são espaços maiores que, no entanto, nem sempre atingem um há – e se excedem raramente alcançam mais de quatro há.
Os quintais são usados para a plantação em canteiros de coentros, hortelã.,salsa e flores, para instalação de alguns galináceos, patos e, se o espaço e os recursos o permitem, de porcos. Os quintais são designados por hortas geralmente se a sua utilização agrícola permite a diversidade de plantações.
Nas hortas cultiva-se tomate, pimento, feijão, batata, couve, nabiças e espinafres; esporadicamente, encontram-se árvores (oliveiras, figueiras, laranjeiras ou macieiras),
Na aldeia, tal como na freguesia, é frequente o recurso a uma prática que consiste no designado uso de superfície da terra isto é , na exploração, segundo a linguagem local, à quarta ou ao quinto que se aplica quando o proprietário, geralmente de uma courela, não pode cuidar directamente da terra.
Com a finalidade de viabilizar a complementaridade económica para a subsistência familiar, a maior parte dos homens trabalha fora da aldeia, durante os dias úteis.
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A pesca fluvial à rede realizada no Guadiana apesar de ainda ser realizada como recurso económico para a venda aos aldeãos é essencialmente, tal como a caça, uma actividade lúdica do grupo sexual masculino que utiliza quer o peixe do rio, quer a caça como complemento gastronómico familiar. Estas actividades foram, até há 20 anos atrás, actividades fundamentais para a sobrevivência aldeã apesar do controle fiscal da G.N.R. que perseguia e prendia nomeadamente os pescadores furtivos.
Actualmente, com a recente delimitação das grandes herdade e reservas cinegéticas, o controle fiscal voltou a ser exercido pelos guardas florestais contra a vontade e os costumes aldeãos que lhe resistem afirmando que: quase não se pode caçar nem chegar ao rio porque têm tudo vedado.
A produção de leite resultante do incremento da criação de gado vacum é prática tradicional da aldeia, nomeadamente desde a década de 60.
Segundo um dos produtores existentes: (…) Dantes aqui era-se deveras pobre: olhe, os que hoje são reformados, nessa altura só comiam pão com azeitonas…o período das vacas é que fez esta aldeia (…)

(Continua proximamente)

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