Na sequência da divulgação que temos vindo a fazer de obras
de Autores do Concelho do Alandroal, vamos a partir de hoje dar a conhecer
várias passagens da Obra da autoria de Ana Paula Fitas com o título de «Ocupação Sexual dos Espaços e Redes de
Comunicação Social em Aldeia da Venda»
(Edição: Câmara Municipal do
Alandroal – 1997 – Prefácio de Armindo dos Santos)
Pretendemos assim, reavivar esta magnifica obra, contribuir
para a divulgação de usos e costumes dos nossos locais e das nossas gentes,
deixando no entanto o alerta que seja tomado em consideração a data da
publicação do livro, o que significa que muitos dos usos e costumes, assim como
os espaços físicos tenham sofrido profundas alterações
Chico Manuel
……A freguesia de Santiago Maior é constituída por seis
povoados (Orvalhos, Marmelos, Casas Novas de Mares, Pias, Venda e Cabeça de
Carneiro), e três lugares (Lajes, Sete Casinhas e Seixo) situados entre a Serra
de Osssa e o Rio Guadiana, no Concelho do Alandroal, Distrito de Évora.
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A observação “in loco” da vida aldeã foi um trabalho que se
prolongou desde Junho 1991 até Setembro de 1993, período no qual registamos
todos os dados que constituíram a documentação em que assenta este estudo.
A Estrutura Fundiária
e a Economia da Aldeia:
Os espaços agrícolas na aldeia são anexos às habitações e
delimitados com muros de pedra solta ou de tijolos caiados. São na maioria dos
casos, quintais ou pequenas courelas. Os quintais têm áreas muito reduzidas e
resultam do uso da terra integrado na compra ou herança da habitação.
As courelas são espaços maiores que, no entanto, nem sempre
atingem um há – e se excedem raramente alcançam mais de quatro há.
Os quintais são usados para a plantação em canteiros de
coentros, hortelã.,salsa e flores, para instalação de alguns galináceos, patos
e, se o espaço e os recursos o permitem, de porcos. Os quintais são designados
por hortas geralmente se a sua utilização agrícola permite a diversidade de
plantações.
Nas hortas cultiva-se tomate, pimento, feijão, batata,
couve, nabiças e espinafres; esporadicamente, encontram-se árvores (oliveiras,
figueiras, laranjeiras ou macieiras),
Na aldeia, tal como na freguesia, é frequente o recurso a
uma prática que consiste no designado uso
de superfície da terra isto é , na exploração, segundo a linguagem local, à quarta ou ao quinto que se aplica
quando o proprietário, geralmente de uma courela, não pode cuidar directamente
da terra.
Com a finalidade de viabilizar a complementaridade económica
para a subsistência familiar, a maior parte dos homens trabalha fora da aldeia,
durante os dias úteis.
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A pesca fluvial à rede
realizada no Guadiana apesar de ainda ser realizada como recurso económico para
a venda aos aldeãos é essencialmente, tal como a caça, uma actividade lúdica do
grupo sexual masculino que utiliza quer o peixe do rio, quer a caça como
complemento gastronómico familiar. Estas actividades foram, até há 20 anos
atrás, actividades fundamentais para a sobrevivência aldeã apesar do controle
fiscal da G.N.R. que perseguia e prendia nomeadamente os pescadores furtivos.
Actualmente, com a recente delimitação das grandes herdade e
reservas cinegéticas, o controle fiscal voltou a ser exercido pelos guardas
florestais contra a vontade e os costumes aldeãos que lhe resistem afirmando
que: quase não se pode caçar nem chegar
ao rio porque têm tudo vedado.
A produção de leite resultante do incremento da criação de gado
vacum é prática tradicional da aldeia, nomeadamente desde a década de 60.
Segundo um dos produtores existentes: (…) Dantes aqui era-se deveras pobre: olhe, os que hoje são reformados,
nessa altura só comiam pão com azeitonas…o período das vacas é que fez esta
aldeia (…)
(Continua proximamente)
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