AUSENDA RIBEIRO
ANOITECER
Cai a noite sobre
o Sol; escurece.
Em seus ninhos
adormecem as aves
A Natureza com
seus tons suaves
Em calma meditação
permanece.
Coaxam rãs no
lago, saltitantes
Avança a noite
rumo à bela aurora
Até riachos
dormem, nessa hora
Mal se ouvem os
sussuros de amantes.
A Lua é tão nova
não dá por nada
Os pirilampos
dançam fascinados
Seduzindo uma
estrela enamorada.
Tem o silêncio os
sons abafados
A Natureza
mantém-se calada
Sabe que a noite é
dos apaixonados.
Ausenda Ribeiro
SER POETA
Ser poeta é viver
em euforia
E num desassossego
permanente
Preencher de
sonhos a sua mente
Construir um mundo
de fantasia.
É viajar além do
pensamento
Numa mágica teia
de ilusões
Mergulhar em
impossíveis paixões
Iludir o próprio
sentimento.
Mas porque fez
Deus o poeta assim?
P'ra dar cor à
vida de quem o lê
Pairando no ar
puro dum jardim.
É tão belo o que o
leitor sente e vê
Que, com convicção
afirmo, por mim,
Como o poeta, não
há quem lho dê!
Ausenda Ribeiro
JOSÉ CHILRA
O MEU PRIMEIRO TRABALHO
Mote
Fui servo dum magnata
No meu tempo de petiz
Nessa experiência novata
Fiquei com uma cicatriz.
I
Com poucos anos de vida
Fui para o campo guardar gado
A isso fui obrigado
Não tive outra alternativa.
Adoptei como divisa
O trabalho não mata
Senti os estudos
Deixei
Para os meus pais ajudar
Fui servo dum magnata.
II
Não temi essa mudança
Nem me apanhou de surpresa
Conviver com a natureza
Deu-me muita segurança.
Porém, ainda criança
Não me sentia feliz.
Mais depressa homem me fiz,
Com muitos ensinamentos.
Tive os meus dias cinzentos
No meu tempo de petiz.
III
Gostava do meu rebanho
E da fauna selvagem
Da flora e da paisagem
Desse campo alentejano.
Fui contratado por um ano
E quando fizesse falta
Por dez escudos nessa data
Achei um bom ordenado
Não gostei de ter entrado
Nessa experiência novata.
IV
Tive uma má nutrição
Da comida que me davam
Segundo, o que me falavam
Era igual à do patrão
Açordas, migas, feijão,
Diariamente, as comi
Subia-me a azia ao nariz
Diziam não era nada
Dessa ulcera mal curada
Fiquei com uma cicatriz.
José Chilra
MARIA ANTONIETA MATOS
TODO
O SER(humano)É DIFERENTE
Todo o ser
(humano) é diferente
No pensar e no
falar
No agir e no
tamanho
No sentir e no
olhar
No pensar, um
pensa assim
Outro pensa, e,
diz que não
Outro não pensa
mas diz
E há o que a tudo
diz sim
No falar, um é
tagarela
Outro esconde-se
pr’a não falar
Outro fala para se
mostrar
Há o mudo que não
fala
Há quem fale a
cantar
O que gagueja a
falar
E o que fala a
versejar
No agir, um diz
que faz
Mesmo sem agir pra
fazer
Outro diz não sou
capaz
Há o que age, e,
não quer dizer
O que não quer
agir, pra fazer
E o que age, sem
se aperceber
No tamanho um é
pequeno
Outro é grande
demais
E há pequeno que o
tamanho
Não deixa que
cresça mais
Outro é grande mas
é pequeno
Os tamanhos são
desiguais
No sentir, um tem
sentimento
Outro o sentir é
maldade
Há o que não quer
sentir
Há o sentir de
oportunidade
Há o que não diz,
sentir
O que sente de
verdade
E há o sentir só
para rir
Um olhar, todo o
tempo admira
Outro olhar, nada
quer ver
Outro sonha, que
está olhar
Há o que no olhar
se afigura
E há muita arte no
olhar
Há o olhar
castigador
Que a todos
discrimina
E olhar vencedor
Que só de olhar
ilumina
Mas todo o ser tem
seu direito
E dever para
cumprir
Essa igualdade e
respeito
Temos todos que
admitir
Podemos ter
sentimentos
Podemos ser
diferentes
Mas os deveres e os direitos
São metas
intransigentes
Maria Antonieta
Matos 26-09-2013
ALENTEJO INSPIRADOR
Alentejo inspirador Eleva-me só de te olharAo meu passar, abres cores
No campo p’ra me cortejar
Na primavera raiam flores
Entre o verde disparador
Malmequeres e papoilas
Salpicam o lindo esplendor
Pela noite a maresia Gotas d’orvalho te afagam
Neste leito de amor
Bichinhos ali se amagam
Depois chega a alvorada
O sol dá o bom dia
Saem pássaros da ninhada
Sonidos de melodia
Num despique natural
Paz de espirito a apaziguar
Entoam cigarras e merlos
Cegarregas e grilos
Num silêncio a explanar
Para quem ouve escutar
E encantar-se a sonhar
Canta o galo no seu poleiro
Acorda a gente que dorme
E faz saltar do galinheiro
As galinhas de uniforme
A vida começa a surgir
Vem a chuva num vai, vem
Vem da alma a poesia
O sentir que a gente tem
Correm regatos e rios
Desfraldados enchendo o rego
Saciando as plantas do estio
Que o verão as seca cedo
Os animais de noite e dia
Correm o tempo a pastorear
Sob a velha copa acarram
Enquanto o sol abrasar
Vestem-se os montes de branco
Teu chão perde-se ao avistar
De azul te cobre o teu manto
Nuances, pairam a realçar
As vinhas mudam as cores
Conforme o tempo que passa
À mesa levam os sabores
Uvas, vinho ou em passa
Oliveiras e azinheiras
Azeitonas e bolotas
Os azeites de primeira
Os aromas e as compotas
Os queijos muito apreciados Os enchidos saborosos São pelo mundo badalados
Por embaixadores vigorosos
Alentejo musical
Entrelaçado no canto
És pintura divinal
Crescem olhares de espanto
Maria Antonieta Matos 25 -09-2013
Entre o verde disparador
Malmequeres e papoilas
Salpicam o lindo esplendor
Pela noite a maresia Gotas d’orvalho te afagam
Neste leito de amor
Bichinhos ali se amagam
Depois chega a alvorada
O sol dá o bom dia
Saem pássaros da ninhada
Sonidos de melodia
Num despique natural
Paz de espirito a apaziguar
Entoam cigarras e merlos
Cegarregas e grilos
Num silêncio a explanar
Para quem ouve escutar
E encantar-se a sonhar
Canta o galo no seu poleiro
Acorda a gente que dorme
E faz saltar do galinheiro
As galinhas de uniforme
A vida começa a surgir
Vem a chuva num vai, vem
Vem da alma a poesia
O sentir que a gente tem
Correm regatos e rios
Desfraldados enchendo o rego
Saciando as plantas do estio
Que o verão as seca cedo
Os animais de noite e dia
Correm o tempo a pastorear
Sob a velha copa acarram
Enquanto o sol abrasar
Vestem-se os montes de branco
Teu chão perde-se ao avistar
De azul te cobre o teu manto
Nuances, pairam a realçar
As vinhas mudam as cores
Conforme o tempo que passa
À mesa levam os sabores
Uvas, vinho ou em passa
Oliveiras e azinheiras
Azeitonas e bolotas
Os azeites de primeira
Os aromas e as compotas
Os queijos muito apreciados Os enchidos saborosos São pelo mundo badalados
Por embaixadores vigorosos
Alentejo musical
Entrelaçado no canto
És pintura divinal
Crescem olhares de espanto
Maria Antonieta Matos 25 -09-2013
HELDER SALGADO
Entardecer
Um dia ao entardecer
Fui poeta por acaso
Deu a gana de escrever
À luz ténue do Ocaso.
Estava um céu escarlate
Tão vermelho, cor de vinho
Tempo de um outro quilate
Perdido, fiquei sozinho.
Logo me pôs a cantar
As minhas recordações
Sem ter rima para rimar
Eu versei aos trambolhões.
Que a vida sem Ti me deu
Quando de mim te afastaste
Amor, que um
dia foi meu
A minha rima mataste
Este entardecer não foi
Senão o meu recordar
O tempo que foi dos dois
E ainda me faz sonhar
Contigo para te amar
Como outrora te amei
E já à luz do Luar
O nosso Amor recordei
Helder Salgado
06-02-2013
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