sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da  Rádio Diana/FM

                                               Autárquicas 2013

Sexta, 04 Outubro 2013 10:25
Passado o Verão, com todas as peripécias que aconteceram, eis-nos de volta ao contacto com os ouvintes, que cumprimento. E de que assunto haveríamos hoje de falar, que outro assunto mais palpitante teríamos hoje para tratar, se não o das autárquicas?! Eu sei que não é assim tão palpitante, mas julgo haver, todavia, algumas coisas a dizer sobre este acto eleitoral.
Em primeiro lugar, quem foram os vencedores e quem foram os vencidos.
Vencedores foram o Partido Socialista, a CDU e o CDS. O PS porque ganhou em toda a linha, a CDU porque subiu em número de câmaras e de votos e o CDS porque subiu de uma para cinco câmaras. De todas estas vitórias, a que foi vista como mais meritória foi, contudo, a da CDU, leia-se PCP, para infelicidade dos eleitores e estruturas locais do PS. Só António José Seguro e a sua direcção nacional é que deverão ter ficado eufóricos, pois, para eles, a vitória nas autárquicas significou que será António José Seguro a conduzir o PS até às próximas legislativas.
Pelo seu lado, o CDS, ganhou mais quatro câmaras e colou-se à vitória de Rui Moreira no Porto. Quanto às câmaras, foi bom para o CDS, sobretudo, porque, se a sua classe dirigente nacional não negligenciar a importância das autarquias, pode ter significado uma inversão de ciclo. Mas, o resultado do CDS é também enganador, já que, nos centros urbanos há motivos de preocupação. Quanto ao Porto e a Rui Moreira, que teve uma vitória estrondosa, tenho as maiores dúvidas que, excepto para efeitos da noite eleitoral de domingo passado, essa vitória possa, no futuro, aproveitar ao CDS enquanto partido. Até porque, no Porto, na realidade, o CDS faltou à chamada. E quem falta à chamada, em regra, é penalizado por falta de comparência. A ver vamos... Mas, no computo geral, o CDS passou bastante bem pelas eleições autárquicas, o que significou também um novo alento, mas não uma amnistia, para Paulo Portas, cujo comportamento de Julho de 2013 permanece na memória de todos.
O último vencedor das eleições autárquicas foi Portugal e os portugueses. Na verdade, com as últimas eleições autárquicas e por força da Lei de Limitação de Mandatos, Portugal abriu a porta, de uma vez, a uma das maiores renovações possíveis de pessoal político em democracia. Caberá, agora, aos novos presidentes de câmara torná-la efectiva. E só foi pena que a Lei não tivesse ido mais longe e não tivesse impedido casos como, entre outros, os de Luís Filipe Menezes e de Fernando Seara. Teríamos, todos, sido poupados ao espectáculo a que se assistiu em torno deste assunto que, por culpa própria, voltou a denegrir ainda mais a imagem dos políticos e dos partidos políticos em Portugal.
Quanto aos perdedores, temos o PSD à cabeça – o grande perdedor – e, dentro do PSD, Alberto João Jardim. Alberto João Jardim parece andar à procura da porta mais pequenina por onde sair da cena política. De facto, assim parece! Um outro perdedor é o Bloco de Esquerda. Há também um terceiro perdedor: as coligações PSD/CDS, principalmente as que eram poder e foram derrotadas. Por definição, uma coligação deve ser uma conta de somar...
Consequências destas derrotas, para já, nenhumas. Mas todas, vistas no seu conjunto, como as vitórias, também vistas no seu conjunto, comportam um sinal claro do sentimento do eleitorado relativamente a cada um dos partidos e às coligações e também relativamente ao conjunto dos partidos políticos e à forma como fazem, os políticos, política em Portugal. A abstenção, a duplicação dos votos brancos e nulos que ultrapassou strictu sensu o número de votos do CDS e do Bloco de Esquerda, são reveladores disso mesmo.
As próximas eleições serão as europeias. Daqui até lá, muita água correrá debaixo das pontes. Entretanto, o país exige atenção. E os portugueses ainda mais.

Lisboa, 2 de Outubro de 2013
Martim Borges de Freitas


1 comentário:

Anónimo disse...

Essa de o CDS ser um dos ganhadores, tem piada....Quatro camaras passaram por meia dúzia de votos do PSD para o CDS e todas juntas não dão uma autarquia média!!!! Os 4 ou 5% de votos que o CDS teve, garantem-lhe talvez, encher o táxi mas, não mais... Grande vitória não há dúvida!!! Esqueceram-se de dizer que perderam mais de metade dos votos da eleições anteriores... Ou será que esperavam ainda menos??? E depois é o PCP que canta sempre vitória!!! Já agora sejamos objectivos - OA CDU foi a única força que aumentou em nº de votos, nº de eleitos,nº de camaras e nº de maiorias absolutas!!!!