Quinta, 24 Outubro 2013 09:20
Esta tem sido, para o cronista, uma semana prenhe de
novidades, de emoções várias, de surpresas agradáveis e de desagradáveis
surpresas.
Quase instalado para o exercício das novas funções, com as
responsabilidades definidas e assumidas desde ontem, o cronista é agora
desafiado a dar os passos necessários para que se concretizem as mudanças que
os eleitores exigiram no passado dia 29 de Setembro.
O colectivo de que faz parte tem por estes dias a obrigação de
demonstrar que o envolvimento de todos nos processos de decisão não é um slogan
eleitoral, mas um método de trabalho que não pode ser sacrificado no altar da
voragem dos dias e da eficácia necessária.
Sabendo que na viagem agora iniciada irão abundar os
adamastores, os velhos do Restelo, os marujos desconfiados da rota e aqueles
que, apesar de quase terem feito naufragar o barco, quererão aparecer como
vítimas da incompreensão dos seus concidadãos, exige-se a capacidade de a todos
envolver e de todos aproveitar competências e entusiasmos.
Na viagem agora iniciada seremos todos companheiros no
enfrentamento das tormentas e no esforço de fazer andar o barco nos dias de
perigosa acalmia.
Tem o cronista a consciência de que, não lhe bastando a
paixão, não pode deixar-se enredar pela segurança da razão e do cálculo.
Este é um trabalho onde o medo de errar não pode estar
presente, porque é consabido que o erro fará parte do percurso e, diria mais, é
essencial para se atingirem os objectivos.
Alguns têm-me mostrado a sua estranheza pelas
responsabilidades que me foram atribuídas. Parece-lhes um terreno demasiado
vasto e de paisagens demasiado diversificadas.
Só pode pensar assim quem tem o entendimento do exercício
do poder como um acto solitário onde o decisor político se comporta como uma
espécie de tutor de tudo e onde a palavra “eu” se sobrepõe ao esforço de todos.
O cronista, agora empossado em novas funções, envolverá
quem sabe e quem conhece os diversos domínios nos processos de decisão, sabendo
que essa é a única forma de preservar o interesse público e de o colocar acima
da mesquinhez das vaidades miudinhas e das tentações de individualismos sem
sentido.
O cronista, já aqui o disse por mais de uma vez, não
acredita em homens e mulheres providenciais, iluminados e abençoados à nascença
por um qualquer dom que lhes permita decidir sem ouvir, acertando sempre nas
suas decisões.
O cronista é dos que entende que é da relação dialética da
luta entre contrários que nasce uma realidade qualitativamente nova e sabe que
olhando apenas o espelho tal coisa é inatingível.
Tanta conversa do cronista, para afirmar que sem a
participação de todos nos processos de decisão que influenciam o rumo do barco
só resta a crença de que a sorte o leve a bom porto e deixar essas coisas ao
acaso não costuma dar bons resultados.
No fundo é isto que temos andado a dizer nos serviços
municipais que já visitámos, não porque dê jeito e é simpático, mas porque é a
forma como concebemos o exercício das responsabilidades que os nossos
concidadãos nos quiseram atribuir.
Por estes dias não me sai da cabeça a canção do Fausto e não
paro de cantarolar que o “barco vai de saída…”
Até para a semana
Eduardo Luciano
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