Terça, 08 Outubro 2013 09:29
Para os mais atentos às questões da educação, é visível o
inconformismo de pais e mães de crianças com necessidades educativas especiais
neste início de ano letivo. Ao que parece, a grande maioria destes alunos
começaram o ano sem professores de apoio ou técnicos especializados para as
terapias, criando-se um claro sentimento, nos encarregados de educação, de uma
ainda maior exclusão.
Évora pode orgulhar-se q.b. de entre 2010 e 2013 ter permitido que estes
alunos, que frequentavam o agrupamento vocacionado para estes casos, pudessem
como enriquecimento curricular frequentar atividades proporcionadas por uma
parceria entre a entidade promotora das chamadas AEC’s, a Câmara Municipal, e
as associações locais com esta área de intervenção. Mas também as alterações
introduzidas neste ano letivo, inviabilizaram esta oferta formativa que tornava
a escola pública como um real local de inclusão a vários níveis.
Uma escola pública inclusiva não trata todos por igual,
mas oferece a cada aluno a possibilidade de, de facto, atingir o objetivo primordial
de quem vai à escola: aprender. Cada profissional do ensino reconhece em cada
aluno que lhe vai passando pelas salas de aula qual o melhor caminho para o
levar à concretização desse objetivo. E o que é certo é que, para alguns, os
caminhos a percorrer são especiais e por isso necessitam de técnicas e
acompanhamento também especiais. A diferença é isso mesmo. E a diferença é um
conceito perigoso.
Também é sabido que há ministros e ministras, e
governantes em geral, que no exercício da sua governação querem deixar a sua
marca e fazer ou ser diferente. Às vezes levam isso tão adiante que acabam por
deixar pior o que tanto criticavam. É verdade que não me lembro de nenhuma
proposta eleitoral do atual governo para esta questão em particular do ensino
especial. Mas lá que a diferença que este ministério está a fazer está a ser
bem conseguida, lá isso está.
Vou citar Vergílio Ferreira, escritor e professor que
passou e marcou Évora, e que falava assim da diferença: «Não és um homem
normal. Isso te é uma inferioridade (ou uma superioridade?). Como em tudo o que
é diferente. Cultiva a tua diferença. Mas uma diferença pode ser negativa. Esse
é o teu drama. Porque a tua diferença vai além e fica aquém dos outros. Tu
querias ser os outros no que lhes és inferior e ser diferente no que lhes és
superior. Mas toda a superioridade se paga. Paga e não bufes.»
Até para a semana.
Cláudia Sousa Pereira
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