PAPUÇAS & CARAPUÇAS . Rubrica de A.N.B,

I.        AS PLANTAS

Como tudo deve estar sempre relacionado com o todo, há parcelas do património natural do Alentejo ao qual o Alandroal não pode nem deve estar alheio pelo que estamos aqui a colocá-las em evidência, de forma proactiva, particularmente atento ao papel dos programas e campanhas eleitorais em curso. 
Propomos pois um olhar diferente e renovado. Porventura menos esperado e papuça do que é habitual.

(a)

Dou um exemplo.

A baixa intensidade populacional, as culturas extensivas e com pouca intervenção humana (a vinha,o montado, a estepe cerealífera),os rios e os ribeiros fazem parte integrante do Alentejo, tornando-o depositário da maior riqueza –em crescendo-de vida selvagem do país.

Sendo assim, porque é que a Autarquia não se põe em campo para criar e/ou apoiar um projecto neste âmbito que possa mostrar e valorizar a nossa vasta área concelhia, valorizando e inovando os interesses económicos e turísticos que já temos?

Ao abrigo da Rede Natura 2000, a rede ecológica da União Europeia que protege a conservação da fauna e da flora e habitats naturais, não será possivel ir mais longe uma vez que temos a água do Alqueva e, por exemplo, o veado e o javali são por aqui espécies atractivas e em crescimento?

(b)

Acrescento outro exemplo.

Para além da beleza paisagística das plantas naturais e da sua utilidade enquanto condimentos da alimentação e da gastronomia, não seria de ter em conta que os oregãos, a hortelã, poejos, alabaças, beldroegas (de que não gostamos muito) e espargos, tudo ervas comestíveis, podiam fazer parte de um sector agrícola –alvo concelhio sustentável e desde sempre bem aceite e enraizado na cultura alentejana?

Custa assim tanto imaginar que a Autarquia poderia ter aqui uma intervenção catalizadora e diferente daquela que não tem tido até agora, fazendo-nos ver que o Alandroal pode valer mais neste campo do que já é conhecido?

II     OS    PLANTADORES

Estamos em plena campanha autárquica envolvendo na discussão entre os vários  candidatos, problemas e situações que dizem respeito a todo o país e a todo o Alentejo. As coisas, de facto, não são socialmente estanques.

E se o país está mal, o Alentejo não podia já estar melhor? Enquanto o país vive uma crise existencial prolongada e sujeito a uma intervenção externa sem dó nem piedade
saqueadora da nossa pouca riqueza, será que as Autarquias (e o Executivo que lhe vier a suceder) como a do Alandroal, não deveriam reunir, estudar e compendiar a maioria das boas propostas que estão ou possam  aparecer nesta campanha de princípio de século?

Haverá algum receio e complexo de culpa em tomar nota e dar corpo às boas propostas e bom projectos, capitalizando oportunidades vindas  de onde vierem? Então, a democracia não é o regime próprio de uma sociedade aberta às mais diversas ideias e realizações?

Quando dizemos que somos todos pelo desenvolvimento do Concelho, estamos afinal a falar do quê e deixamos de estar atentos à Confiança e ao optimismo com que o próximo Executivo deve encarar e abrir-se ao futuro?

Dá para perceber que um novo Executivo local com objectivos locais sérios e definidos, pode ser um novo ponto de encontro, não sectário, para o que na realidade vai interessar nestes próximos tempos à nossa terra?

Ou, pelo contrário, vamos continuar a ser simples cobaias de nós próprios apregoando umas coisas e nunca fazendo aquelas que são concretizáveis, imaginando apenas que só o egoísmo partidário é compensador e deve prevalecer?

 O bem-estar das pessoas não conta e não deve orientar-nos enquanto objectivo principal de governação?

20/7/2013
  António Neves Berbem