PROMETER
Terça, 18 Junho 2013 11:53
Sendo esta uma rádio local e estando já marcadas as
eleições autárquicas para o mês de setembro, quer-me parecer que esta será a
última série de crónicas em torno de um verbo, que vos leio e dou a ler, até à rentrée pós-eleições. Sem prometer que não me
ouvirão, entretanto, por alguma razão mais ou menos programada, «prometer»
pareceu-me um verbo adequado a esta saison em particular.
Confesso que o uso em contexto do verbo “prometer” de que mais gosto é
aquela expressão idiomática que fica a meio-caminho entre a incredibilidade e a
expetativa e que diz assim: «Isto promete!» E não, ainda não vou falar das
autárquicas. Vou falar-vos da recente mudança das instalações dos serviços do
Centro Distrital de Segurança Social para o edifício da Direção Geral dos
Estabelecimentos de Ensino, ali à Horta do Malhão, aqui em Évora. (Atenção,
caros e caras munícipes eborenses, que o atendimento ao público não se mudou!).
Não vou falar, avaliar ou julgar o trabalho de uma nem de outra entidade, nem
dizer que estes dois ministérios não pudessem, porque se calhar até devem,
articular muito em várias áreas. E, já agora, até ali com a Saúde que tem
edifício próximo. Mas tão somente vos falo do que em mim causou a notícia desta
mudança.
Foi quase como se aquele anúncio tivesse feito soar, no
domínio do simbólico, as campainhas de alarme para o que acontece quando se
desinveste na educação. Também não vou comparar a eficiência dos corpos
técnicos destes serviços, que emagrecendo uns e parecendo outros ganhar mais
volume, poderão vir a demonstrar uma eficácia a que dou ainda o benefício da
dúvida. Tenho sido paciente… Aliás, não é obrigatório que mais gente a
trabalhar produza mais, ou melhor, apesar da lógica matemática.
Esta partilha de espaço fez-me, no entanto, antever o
pior. Sem querer ser arauto da desgraça, profeta do apocalipse ou até só
pessimista, “isto a mim promete-me” que, se desinvestirmos na educação, maiores
serão as necessidades de apoio social no futuro. Daí que me tenha parecido que
estes ministérios se estejam a ajeitar para servir contra a vaga ou epidemia de
desempregados, desvalidos, gente que precise de apoio para ter condições
mínimas para que aquilo por que passam neste mundo seja a Vida, e não apenas
sobrevivência.
Não pude, obviamente, deixar de me lembrar de expressões
em que os termos “escola” e “prisão” aparecem, e cuja fórmula mais simples que
conheço, diz que é de Victor Hugo, atira assim certeira «Quem abre uma escola
fecha uma prisão.» Eu cá, que só podia acreditar na Educação como a base para o
crescimento civilizacional, ou não fosse adepta e praticante do movimento
internacional das Cidades Educadoras, acho que é mesmo precisa uma aldeia
inteira para educar uma criança.
Até para a semana.
Claudia Sousa Pereira
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