Quarta,
12 Junho 2013 08:35
Está a decorrer desde sexta-feira uma greve de professores
às avaliações, que na próxima semana se alargará à vigilância das provas de
exame. Contados os dias, entre 7 e 21 de Junho, período abrangido pelos dois
pré-avisos de greve apresentados pelos sindicatos, teremos duas semanas as
escolas paradas em final de ano lectivo.
Com o País a atravessar as
dificuldades que se conhecem, é natural que também os professores estejam
descontentes com algumas das acções do Governo. Dificilmente quem decide
consegue agradar a gregos e troianos e, nessa medida, também o executivo
liderado por Passos Coelho não foge à regra. Ainda que não seja um fervoroso
adepto da greve como forma de contestação, admito o inquestionável direito que
quem a julga adequada à defesa dos seus pontos de vista tem em a realizar.
Depois de ontem o colégio arbitral ter considerado que a
greve não afecta de modo grave e irremediável o direito ao ensino, embora
reconhecendo que o conflito entre o Ministério da Educação e professores está a
criar instabilidade nos alunos e famílias, tudo aponta para que a primeira fase
de exames se venha a arrastar até ao início do próximo mês, com os resultados a
serem conhecidos já muito próximo do início da segunda fase, agendada para 16
de Julho.
É debaixo de toda esta turbulência que milhares de alunos
irão prestar as provas de exame, algumas determinantes para as suas médias
finais e consequente acesso ao ensino superior.
A escolha deste momento para a realização da greve, se
serve aos professores, não servirá, por certo, aos alunos e às suas famílias,
obrigando-nos a questionar o modelo de organização do nosso sistema de ensino
que permite a sobreposição dos interesses profissionais dos professores, ainda
que legítimos, ao interesse dos alunos, que deveriam constituir-se como o
centro e a razão do funcionamento do sistema.
Terá o professor direito de expor os seus alunos à
ansiedade provocada pelo retardar da publicação das notas finais, obrigando-os
mesmo a ir a exame sem conhecer a avaliação do seu esforço ao longo de um ano,
usando essa ferramenta como pressão sobre o Governo para resolver problemas
profissionais da classe?
Por outro lado, com a greve às avaliações a traduzir-se em
atraso dos trabalhos de preparação do próximo ano lectivo, nomeadamente por
impedir os alunos de se matricular no próximo ano e a constituição das turmas,
será legítimo atrasar o início das aulas, com obvias consequências no tempo
disponível para o cumprimento dos programas e no aproveitamento escolar?
São todas estas interrogações que me levam a não compreender
o momento escolhido para esta greve, sobretudo quando, para o final do mês,
está marcada uma greve geral que serviria aos professores para fazerem ouvir a
sua voz! Será caso para dizer, a quem faz da escola a sua vida, e os alunos
senhores?
Até para a semana, se Deus quiser.
Florival Pinto
Tal como sugerido e porque é digna disso mesmo aqui fica em 1ª página o comentário enviado
=Descobri uma opinião de uma aluna de 12º ano sobre a greve dos professores e, uma vez que esta não deve conhecer o altejo e muito menos este tal Florival Pinto,deixo-vos aqui um texto que está publicado na sua página do facebook.
Eu até acho que seria muito interessante que o administrador do blog o postasse na página principal, porque está de facto muito bem feito e revela uma visão muito mais profunda sobre o assunto...
Então aqui vai:
"Estudo no 12º ano, tenho 18 anos. Sou uma entre os 75 mil que têm o seu futuro a ser discutido na praça pública.
Dizem que sou refém! Dizem que me estão a prejudicar a vida! Todos falam do meu futuro, preocupam-se com ele, dizem que interessa, que mo estão a prejudicar…
Ando há 12 anos na escola, na escola pública.
Durante estes 12 anos aprendi. Aprendi a ler e a escrever, aprendi as banalidades e necessidades que alguém que não conheci considerou que me seriam úteis no futuro. Já naquela altura se preocupavam com o meu futuro. Essas directivas eram-me passadas por pessoas, pessoas que escolheram como profissão o ensino, que gostavam do que faziam.
As pessoas que me ensinaram isso foram também aquelas que me ensinaram a importância do que está para além desses domínios e me alertaram para a outra dimensão que uma escola “a sério” deve ter: a dimensão cívica.
Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros, fui ensinada por professores! Esses professores ensinaram-me a mim e a milhares de outros alunos a sermos também nós pessoas, seres pensantes e activos, não apenas bonecos recitadores!
Talvez resida ai a minha incapacidade para perceber aqueles que se dizem tão preocupados com o meu futuro. Talvez resida no facto de não perceber como é que alguém pode pôr em causa a legitimidade da resistência de outrem à destruição do futuro e presente de um país inteiro!
Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?
Onde morava essa preocupação quando cortaram os horários lectivos para metade e mantiveram os programas?
Onde morava essa preocupação quando criaram os mega-agrupamentos?
Onde morava essa preocupação quando cortaram a acção social ou o passe escolar?
Onde mora essa preocupação quando parte dos alunos que vão a exame não podem sequer pensar em usá-lo para prosseguir estudos pois não têm posses para isso?
Não somos reféns nessa altura?
E a preocupação com o futuro dos meus professores? Onde morava essa preocupação quando milhares de professores foram conduzidos ao desemprego e o número de alunos por turma foi aumentado?
Todas as atrocidades que têm sido cometidas contra nós, alunos, e contra a qualidade do ensino que nos é leccionado não pode ser esquecida nunca mas especialmente em momentos como este!
Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!
De facto, Crato tem razão quando diz que somos reféns, engana-se é na escolha do sequestrador!
E em relação aos reféns: não são só os alunos; são os alunos, os professores, os encarregados de educação, os pais, os avós, os desempregados, os precários, os emigrantes forçados... Os reféns são todos aqueles que, em Portugal, hipotecam presentes e futuros para satisfazer a "porra" de uma entidade que parece não saber que nós não somos números mas sim pessoas!
Se há momentos para ser solidária, este é um deles! Estou convosco"
Inês Gonçalves =
Tal como sugerido e porque é digna disso mesmo aqui fica em 1ª página o comentário enviado
=Descobri uma opinião de uma aluna de 12º ano sobre a greve dos professores e, uma vez que esta não deve conhecer o altejo e muito menos este tal Florival Pinto,deixo-vos aqui um texto que está publicado na sua página do facebook.
Eu até acho que seria muito interessante que o administrador do blog o postasse na página principal, porque está de facto muito bem feito e revela uma visão muito mais profunda sobre o assunto...
Então aqui vai:
"Estudo no 12º ano, tenho 18 anos. Sou uma entre os 75 mil que têm o seu futuro a ser discutido na praça pública.
Dizem que sou refém! Dizem que me estão a prejudicar a vida! Todos falam do meu futuro, preocupam-se com ele, dizem que interessa, que mo estão a prejudicar…
Ando há 12 anos na escola, na escola pública.
Durante estes 12 anos aprendi. Aprendi a ler e a escrever, aprendi as banalidades e necessidades que alguém que não conheci considerou que me seriam úteis no futuro. Já naquela altura se preocupavam com o meu futuro. Essas directivas eram-me passadas por pessoas, pessoas que escolheram como profissão o ensino, que gostavam do que faziam.
As pessoas que me ensinaram isso foram também aquelas que me ensinaram a importância do que está para além desses domínios e me alertaram para a outra dimensão que uma escola “a sério” deve ter: a dimensão cívica.
Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros, fui ensinada por professores! Esses professores ensinaram-me a mim e a milhares de outros alunos a sermos também nós pessoas, seres pensantes e activos, não apenas bonecos recitadores!
Talvez resida ai a minha incapacidade para perceber aqueles que se dizem tão preocupados com o meu futuro. Talvez resida no facto de não perceber como é que alguém pode pôr em causa a legitimidade da resistência de outrem à destruição do futuro e presente de um país inteiro!
Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?
Onde morava essa preocupação quando cortaram os horários lectivos para metade e mantiveram os programas?
Onde morava essa preocupação quando criaram os mega-agrupamentos?
Onde morava essa preocupação quando cortaram a acção social ou o passe escolar?
Onde mora essa preocupação quando parte dos alunos que vão a exame não podem sequer pensar em usá-lo para prosseguir estudos pois não têm posses para isso?
Não somos reféns nessa altura?
E a preocupação com o futuro dos meus professores? Onde morava essa preocupação quando milhares de professores foram conduzidos ao desemprego e o número de alunos por turma foi aumentado?
Todas as atrocidades que têm sido cometidas contra nós, alunos, e contra a qualidade do ensino que nos é leccionado não pode ser esquecida nunca mas especialmente em momentos como este!
Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!
De facto, Crato tem razão quando diz que somos reféns, engana-se é na escolha do sequestrador!
E em relação aos reféns: não são só os alunos; são os alunos, os professores, os encarregados de educação, os pais, os avós, os desempregados, os precários, os emigrantes forçados... Os reféns são todos aqueles que, em Portugal, hipotecam presentes e futuros para satisfazer a "porra" de uma entidade que parece não saber que nós não somos números mas sim pessoas!
Se há momentos para ser solidária, este é um deles! Estou convosco"
Inês Gonçalves =
6 comentários:
Não sendo professora, estou totalmente a favor desta greve e penso que esta altura não podia ser melhor! Os professores têm sido bastante massacrados nos últimos anos e, não só pelo governo, também por alunos, população em geral e pais que não percebem que os professores não só têm ensinado os seus filhos, como os têm tentado educar, acarinhado, ouvido e aconselhado, tarefa essa que não lhes competia a eles e sim às famílias. Por isso se prejudicarem as familias um bocadinho também não vejo mal.
Assinado
Mãe de um aluno de 12º ano
Não podia estar mais de acordo com a mãe de um aluno de 12º ano. Também eu sou pai de um aluno de 9º ano, não sou professor nem nunca fui, mas estou completamente solidário com a classe. Todos à greve aos exames!
Queira deus que os professores façam greve... fico com mais uns dias para estudar! Mais uma vez os professores só estão a pensar no nosso bem!
FORÇA PROFESSORES!!!
Descobri uma opinião de uma aluna de 12º ano sobre a greve dos professores e, uma vez que esta não deve conhecer o altejo e muito menos este tal Florival Pinto,deixo-vos aqui um texto que está publicado na sua página do facebook.
Eu até acho que seria muito interessante que o administrador do blog o postasse na página principal, porque está de facto muito bem feito e revela uma visão muito mais profunda sobre o assunto...
Então aqui vai:
"Estudo no 12º ano, tenho 18 anos. Sou uma entre os 75 mil que têm o seu futuro a ser discutido na praça pública.
Dizem que sou refém! Dizem que me estão a prejudicar a vida! Todos falam do meu futuro, preocupam-se com ele, dizem que interessa, que mo estão a prejudicar…
Ando há 12 anos na escola, na escola pública.
Durante estes 12 anos aprendi. Aprendi a ler e a escrever, aprendi as banalidades e necessidades que alguém que não conheci considerou que me seriam úteis no futuro. Já naquela altura se preocupavam com o meu futuro. Essas directivas eram-me passadas por pessoas, pessoas que escolheram como profissão o ensino, que gostavam do que faziam.
As pessoas que me ensinaram isso foram também aquelas que me ensinaram a importância do que está para além desses domínios e me alertaram para a outra dimensão que uma escola “a sério” deve ter: a dimensão cívica.
Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros, fui ensinada por professores! Esses professores ensinaram-me a mim e a milhares de outros alunos a sermos também nós pessoas, seres pensantes e activos, não apenas bonecos recitadores!
Talvez resida ai a minha incapacidade para perceber aqueles que se dizem tão preocupados com o meu futuro. Talvez resida no facto de não perceber como é que alguém pode pôr em causa a legitimidade da resistência de outrem à destruição do futuro e presente de um país inteiro!
Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?
Onde morava essa preocupação quando cortaram os horários lectivos para metade e mantiveram os programas?
Onde morava essa preocupação quando criaram os mega-agrupamentos?
Onde morava essa preocupação quando cortaram a acção social ou o passe escolar?
Onde mora essa preocupação quando parte dos alunos que vão a exame não podem sequer pensar em usá-lo para prosseguir estudos pois não têm posses para isso?
Não somos reféns nessa altura?
E a preocupação com o futuro dos meus professores? Onde morava essa preocupação quando milhares de professores foram conduzidos ao desemprego e o número de alunos por turma foi aumentado?
Todas as atrocidades que têm sido cometidas contra nós, alunos, e contra a qualidade do ensino que nos é leccionado não pode ser esquecida nunca mas especialmente em momentos como este!
Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!
De facto, Crato tem razão quando diz que somos reféns, engana-se é na escolha do sequestrador!
E em relação aos reféns: não são só os alunos; são os alunos, os professores, os encarregados de educação, os pais, os avós, os desempregados, os precários, os emigrantes forçados... Os reféns são todos aqueles que, em Portugal, hipotecam presentes e futuros para satisfazer a "porra" de uma entidade que parece não saber que nós não somos números mas sim pessoas!
Se há momentos para ser solidária, este é um deles! Estou convosco"
Inês Gonçalves
Agradeço imenso Sr. francisco ter postado no seu blog este meu humilde comentário, onde consta a opinião de uma aluna com a qual eu não poderia estar mais de acordo.
sandra saúde
Não tem que agradecer. Eu é que agradeço.
Quem me dera que todos os comentários fossem tão explícitos e sérios.
Estamos cá mesmo para isso
Chico Manuel
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